No Dia de Combate ao Fumo, campanha alerta para males do cigarro eletrônico
Exposição ao tabaco se dá de forma precoce e pesquisas mostram que um em cada cinco jovens brasileiros usa o dispositivo eletrônico; tabagismo é responsável pela maioria das mortes evitáveis no mundo, segundo Inca
21:03 | Ago. 28, 2022
Responsável por levar à morte 443 brasileiros todos os dias, o tabagismo é um problema de saúde pública no Brasil: de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), anualmente as mortes evitáveis atribuídas ao hábito alcançam mais de 160 mil pessoas.
Comemorado em 29 de agosto, o Dia Nacional de Combate ao Fumo, nesta segunda-feira, reforça ações de conscientização sobre os riscos do hábito e a mobilização para a luta contra o vício, que tem se tornado popular entre os mais jovens.
O Ministério da Saúde estima que o consumo de cigarro diminuiu nos últimos 15 anos, mas ainda há um grande número de fumantes no País — e a recente popularização do cigarro eletrônico coloca em risco os bons resultados do Programa Nacional de Combate ao Tabaco.
Dentre outras enfermidades, são 37 mil mortes por Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), 33 mil por doenças cardíacas, 24 mil ao câncer de pulmão, 18 mil ao tabagismo passivo, 12 mil à pneumonia e 10 mil ao Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Em cerca de 85% dos diagnósticos, o câncer de pulmão está associado ao consumo de derivados de tabaco, sendo o cigarro o mais importante fator de risco para o desenvolvimento dessa e de outras doenças, como o câncer de cavidade oral, na laringe, faringe e esôfago.
A médica e professora do curso de Medicina da Faculdade Pitágoras, Thais Carvalho de Sousa, alerta que fumar também é prejudicial à saúde dos expostos à fumaça. “Os chamados fumantes passivos também podem desenvolver câncer por conta do contato constante da fumaça proveniente do tabaco. Inalar é tão perigoso quanto fumar”, pontua.
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Thaís orienta que os responsáveis fiquem atentos aos adolescentes, pois segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar de 2019, a exposição ao tabaco se dá de forma precoce. “O uso de narguilé e cigarro eletrônico virou uma onda entre os mais jovens e esse hábito atinge de igual forma o pulmão”, adverte.
A crença de que os vaporizadores (ou “vapes”) fazem menos mal do que o cigarro convencional é um dos fatores que fazem o uso desses dispositivos se disseminar entre o público jovem e pessoas que veem nos produtos uma possibilidade de eliminar a dependência do tabaco.
Porém já se sabe que os chamados e-cigarettes causam diversos malefícios aos usuários e às pessoas expostas passivamente a eles, assim como os que estão estampados nas embalagens do cigarro tradicional.
Um dos principais causadores desses problemas é o vapor, que por ser muito quente e chegar ao pulmão misturado às essências e óleos utilizados no aparelho, pode causar lesões e inflamações pulmonares.
Vale salientar, inclusive, que a comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivo eletrônico para fumar são proibidas por decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009.
MPCE lança campanha contra cigarros eletrônicos
“Não troque um vício por outro” é o tema da campanha lançada pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) nesta segunda-feira, 29, para conscientizar a população sobre o crescimento preocupante do uso de cigarros eletrônicos e alertar sobre os danos à saúde ocasionados pelo consumo desses dispositivos.
Em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Fumo, o MPCE promove o evento “Cigarros Eletrônicos: Não troque um vício por outro”, que acontece em formato híbrido, na sede da Procuradoria Geral de Justiça (Av. Gen. Afonso Albuquerque Lima, 130 – Cambeba), com transmissão pelo Youtube do MPCE.
Confira a programação
14h - Mesa de abertura
14h30min - Apresentação da Campanha: Nem um, nem outro
14h50min - Assinatura do Termo de Cooperação (MPCE e Abrasel)
15h - Palestras:
Presidente de mesa: Ana Karine Serra Leopércio
Painel 1: Cigarros eletrônicos: Quais são os tipos e os malefícios à saúde? - Dra. Maria da Penha Uchoa Sales (Coordenadora do Programa de Controle do Tabagismo do Hospital de Messejana - CE)
Painel 2: Mitos e verdades sobre o cigarro eletrônico - Dra. Nayana Holanda de Oliveira (Psiquiatra - Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto)
Painel 3: Novos produtos, velhos problemas e o papel da sociedade civil - Dra. Adriana Carvalho (Diretora Jurídica da ACT Promoção da Saúde)
16h - Debate com participação da mesa e do público
16h30 - Encerramento
Transmissão: https://www.youtube.com/MinisterioPublicoCE
Mudanças benéficas no organismo
A fim de informar e colaborar com a saúde da população, a especialista Thais Carvalho lista mudanças que são benéficas para o abandono do vício em cigarro:
- Em 20 minutos, a frequência cardíaca e pressão arterial caem.
- De 2 a 12 semanas a circulação sanguínea melhora e a função pulmonar aumenta.
- De 1 a 9 meses a tosse e a falta de ar diminuem.
- Em 1 ano o risco de doença cardíaca coronariana é cerca de metade do de um fumante.
- Em 5 anos, o risco de derrame é reduzido ao de um não fumante.
- Em 15 anos, o risco de doença cardíaca coronária é o de um não fumante.