Após 12 anos, população volta a receber visitas para Censo Demográfico

O POVO acompanhou a rotina do recenseador Yves Fernandes. De cerca de cinco unidades visitadas, em 2h30min de trabalho, nenhum proprietário sabia a finalidade da coleta de dados

Atualizada às 12h15min

Iniciadas no dia 1º de agosto, as coletas do Censo Demográfico 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), devem ser feitas em cerca de três milhões de domicílios no Ceará até 31 de outubro deste ano. Doze anos após a última edição, a população volta a ter recenseadores batendo à porta. 

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No dia 16 agosto, O POVO acompanhou um pouco da rotina do recenseador Yves Fernandes, de 22 anos, no bairro Panamericano, em Fortaleza. Em duas horas e meia de trabalho, cerca de cinco unidades, sendo residências e estabelecimentos, foram visitadas.

Apesar da importância, dos que estavam presentes e aceitaram realizar a entrevista, nenhum sabia a finalidade da coleta de dados. 

"O Censo serve para retratar o Brasil, como uma foto do Brasil na data de referência. Os dados servem tanto para o setor público como privado. O setor público utiliza dados que são fornecidos pelo censo para formular políticas públicas, enquanto o privado utiliza para avaliar as condições de empreendimento e para conhecer a população", explica Yves.

O recenseador também pontua que por não saberem sobre a importância da coleta de dados, alguns proprietários fingem não estar presentes quando são chamados. Outros se negam a conceder a entrevista e pedem para que o profissional volte em outro momento.

Sendo dois questionários, um feito por unidade, a entrevista dura, em média, 15 minutos.

O questionário básico consiste em 26 perguntas simples, como nome, sexo, idade, escolaridade e questões referentes ao domicílio, sendo o modelo respondido na maior parte das entrevistas. Já o questionário de amostra contém 77 perguntas sobre cor, religião, fecundidade, deficiência e outros aspectos da vida dos residentes.

As visitas ocorrem a partir das 6 horas e vão até o período noturno, de domingo a domingo.

Apesar dos desafios, Yves explica que ser recenseador é uma tarefa instigante, uma vez que a profissão foi escolhida porque ele queria estar em contato com o "Brasil real", conhecendo as diferentes camadas da sociedade.

"Ser recenseador me humaniza. Eu estou aqui para ser humanizado. O recenseador precisa ter muita empatia, porque a realidade das pessoas é muito diferente", completa.

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Censo Demográfico 2022

Realizado a cada dez anos, o censo deste ano faz referência ao ano de 2020, período inicial da pandemia da Covid-19 em todo o País, motivo que levou ao adiamento das coletas de dados pelo IBGE por dois anos. 

No Brasil, a previsão é de que sejam feitas entrevistas em cerca de 89 milhões de endereços, nos 5.568 municípios brasileiros.

Até esta sexta-feira, 26, um total de 54.070.069 brasileiros já responderam aos questionários, conforme dados do IBGE. A coleta de informações é realizada por recenseadores, com 7.348 profissionais no Estado e 2.269 na Capital.

As entrevistas são feitas pelo Dispositivo Móvel de Coleta (DMC), divididas em básicas e de amostra, podendo somente um modelo ser utilizado por unidade, seja residência ou estabelecimento.

Yves  Fernandes, 22, explicou que as visitas na Capital são feitas por setores determinados por um Agente Censitário Supervisor (ACS) anteriormente, quando são feitas as chamadas visitas de entorno. Cada setor é dividido em quadras e faces.

O profissional também pontua que um recenseador precisa trabalhar, no mínimo, 25 horas semanais, com horários definidos a depender da demanda de cada setor. 

"O horário do recenseador é ele quem define de acordo com as características do setor. Por exemplo, o meu setor tem pessoas que estão disponíveis mais nos horários da tarde e da noite, quando chegam do trabalho. Então, pela manhã, eu quase não encontro ninguém", pontua Yves.

Na ausência de pessoas nas unidades, o recenseador deixa um bilhete com nome e contato para que o proprietário agende uma nova visita.

Folha de recado deixada pelos recenseadores em casos de ausência de proprietários nas unidades
Folha de recado deixada pelos recenseadores em casos de ausência de proprietários nas unidades (Foto: Marília Serpa)

A visita por setor não pode ser concluída sem que sejam coletados dados de todas as unidades. Se o recenseador não conseguir encontrar o proprietário em até quatro vezes, um supervisor faz novas tentativas.

Em caso de ausência, nem todas as pessoas das residências precisam ser entrevistadas nos dois questionários, bastando um morador responder pelos demais residentes do local.

"No nosso dispositivo é perguntado quem respondeu pela pessoa ou pelas demais pessoas da residência. Caso haja perguntas que o parente não saiba responder por outra pessoa, é necessário retornar a entrevista em outro momento para que o questionário seja plenamente respondido, que não é encerrado antes de todas as perguntas serem concluídas", explica Yves.

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