Traficantes presos pela PF movimentaram R$ 10 milhões no CE e investiram em bandas de forró
Integrantes de facção paulista investiam até em banda de forró para lavar dinheiro do tráfico
22:28 | Ago. 12, 2022
A Polícia Federal (PF) prendeu, nesta sexta-feira, 12, membros de uma facção criminosa de origem paulista que ostentavam uma vida de luxo no Ceará, com riqueza oriunda do tráfico de drogas. Segundo informações do órgão, o grupo criminoso lavava dinheiro com, dentre outros, bandas de forró e investimento em empresas de eletricidade. Traficantes movimentaram mais de R$ 10 milhões no Estado em apenas quatro meses.
Prisões ocorreram durante a segunda fase da operação Espelho Branco, que tinha o grupo criminoso como alvo. Segundo o delegado responsável pela operação, Alan Robson Alexandrino, a ofensiva buscou cumprir seis mandados de prisão temporária em aberto e nove mandados de busca e apreensão.
Quatro das pessoas investigadas foram presas e um dos procurados está foragido em Portugal, conforme informações do representante. A polícia investiga o esquema de lavagem de dinheiro que permitiu acobertar os recursos ilícitos dos suspeitos.
No entanto, de acordo com informações do delegado Alexandrino para O POVO, os indícios dos dados apreendidos e da investigação apontam que criminosos fizeram lavagem de dinheiro com bandas de forró. Além disso, suspeitos também realizaram a lavagem com investimento em empresas de eletricidade e com a compra de veículos e imóveis. Os nomes das bandas que foram contratadas não foram divulgados.
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De acordo com a PF, a justiça determinou o bloqueio de valores nas contas dos suspeitos. Além disso, como medida cautelar foram determinados o sequestro de imóveis de luxo em valores superiores a R$ 5 milhões e de veículos em valores superiores a R$ 2 milhões.
Os suspeitos contavam com diversos contatos, negócios e pessoas que atuavam como laranjas para conseguirem lavar o dinheiro ilícito. Conforme informação do delegado, criminosos compraram um imóvel de luxo, localizado no bairro Sabiaguaba, em Fortaleza, utilizando cheques com o nome do motorista de um dos principais envolvidos.
Suspeitos ostentavam com dinheiro ilícito
Em entrevista dada para a rádio O POVO CBN, nesta sexta, o delegado Alexandrino informou que os suspeitos viviam uma vida de luxo. Além de carros, eles ostentavam casas em condomínios luxuosos, relógios caros e tinham até talheres de ouro.
A ostentação era feita também por meio das redes sociais. Isso porque os criminosos faziam questão de demostrar a riqueza, oriunda do tráfico de drogas. “Havia essa ostentação para as namoradas, para pessoas próximas. Havia uma demonstração de aparência. Mas por trás da ostentação, há o crime”, pontuo o representante durante a entrevista.
Nas residências sequestradas, foram encontrados ainda documentos de identidade falsos. A Polícia Federal também investiga as mídias e o material eletrônico dos suspeitos.
Investigação começou em hotel de luxo
Um encontro em um hotel de luxo da Beira Mar entre dois procurados marcou o início da operação Espelho Branco. Um dos homens é o líder da facção criminosa alvo da operação desta sexta-feira. Ele já respondia por um crime em Porto Alegre, cometido em 2006, quando cavou um túnel na tentativa de furtar bancos, pela posse de nove fuzis e pelo tráfico de 882 kg de cocaína.
O segundo homem envolvido no encontro era Davi Salviano da Silva, conhecido como ‘Véi Davi’. Ele foi preso em outubro de 2021 por extorsão, associação criminosa e sequestro de um gerente e funcionário da Caixa Econômica Federal de Minas Gerais em março de 2003.
Davi também já tinha sido condenado a 47 anos de prisão por participação no furto ao Banco Central de Fortaleza, em 2005. Segundo delegado, os policiais desconfiaram que o encontro não era para "fins lícitos". A partir de então a PF passou a investigar o grupo, que virou alvo da operação Espelho Branco.
Alexandrino informou ainda para O POVO que integrantes do grupo movimentaram pelo menos R$ 10 milhões no Ceará, em cerca de 4 meses. De acordo com o delegado, os fluxos financeiros estão sendo investigados, para saber por onde o dinheiro circulou.
Investigações também buscam "detalhar" a participação de cada integrante do esquema criminoso-identificando os laranjas e quem tinha interesse em cometer o ato. Até as 22 horas desta sexta-feira, o órgão ainda não tinha divulgado mais informações sobre o caso. (Colaborou Alexia Vieira)