Municípios se preparam para possível reintrodução da varíola no Ceará
O governo estadual e, em seguida, os municípios, devem elaborar planos de contingência para a doença, diz representante do CosemsO Ceará registrou mais três casos positivos para a varíola dos macacos (Monkeypox). Na última terça-feira, 9, conforme atualização da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), ao todo, nove pacientes estão positivados para a doença no Estado. O aumento de casos deixa as autoridades de saúde do Ceará em alerta para um surto de varíola. “Estamos nos preparando para essa reintrodução da doença”, ressaltou Sayonara Cidade, presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde (Cosems) do Ceará.
A varíola dos macacos é uma zoonose causada pelo vírus monkeypox, que faz parte do grupo dos ortopoxvírus, incluindo o vírus da varíola humana.
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A última campanha contra o vírus da varíola no Estado ocorreu em 1980, época em que a doença foi erradicada. Agora, as autoridades de saúde se preparam para novas medidas de contenção. “Estamos treinando os nossos profissionais para coleta dos exames”, informou Sayonara Cidade, em entrevista à rádio O POVO CBN.
Conforme a presidente do Cosems, o Plano de Contingência estadual contra a doença já está sendo elaborado. “É a linha base para todos os municípios. Concluído esse plano, todos os municípios vão ter de fazer seus planos também”, detalhou. A representante ainda afirma que minicursos estão sendo desenvolvidos para a qualificação dos profissionais de saúde.
Sayonara Cidade ainda ressalta que há uma preparação, em nível nacional, para que se providencie medicamentos para a doença em fase inicial e leve. O atual medicamento adquirido pelo Ministério da Saúde, através do Centro de Operações de Emergências (COE), tem aplicação permitida apenas para casos graves.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou a distribuição de 200 mil doses da vacina nos países das Américas. Desse quantitativo, 50 mil serão direcionadas ao Brasil. “Como são duas doses, com certeza teremos critérios [para quem receberá o imunizante]. Até porque a vacinação em massa não é recomendável e, também, temos de ter o cuidado de aplicar as vacinas em quem realmente tem contato [com o vírus], frisou Sayonara Cidade.
No início de julho, a líder técnica para Monkeypox da OMS declarou que a concentração das autoridades de saúde deve ser na contenção da doença, já que há escassez de doses da vacina.“A OMS não recomenda vacinação em massa. Não há necessidade, nós estamos falando sobre um surto que é descrito em uma comunidade específica. Neste momento, a OMS e seus membros estão focados em evitar que o vírus se espalhe, investigar os surtos e isolar os pacientes infectados", declarou Rosamund Lewis.
O que sabemos sobre a doença
Como é transmitida?
- Principalmente por meio de grandes gotículas respiratórias. Como as gotículas não podem viajar muito, é necessário um contato pessoal prolongado;
- Fluidos corporais, contato com alguma lesão ou contato indireto com o material da lesão;
- Por meio da mordida de animais que carregam o vírus ou consumo destes.
Como se prevenir?
- Evitando contato com pessoas com caso suspeito e objetos que essas pessoas tenha usado, bem como com animais que possam estar doentes;
- Uso de máscara de proteção e distanciamento.
Quais os principais sintomas?
- A doença tem período de incubação pode variar de 5 a 21 dias;
- O estágio febril da doença geralmente dura de 1 a 3 dias (febre, dor de cabeça intensa, inchaço dos gânglios linfáticos, dor nas costas, dor muscular e falta de energia);
- O estágio de erupção cutânea, com duração de 2 a 4 semanas (lesões evoluem de máculas — lesões com base plana — para pápulas — lesões dolorosas firmes elevadas).
Qual a gravidade da varíola dos macacos?
- Além de transmissão menor, a letalidade da varíola dos macacos também é bem menor em comparação à varíola humana. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a taxa de mortalidade da doença surgida mais recentemente é de 3% a 6%. A mortalidade da varíola humana chegava a 30%, conforme o órgão.
- Em geral, os pacientes tomam remédios apenas para tratar os sintomas como dor de cabeça e febre. Casos mais graves podem ocorrer em gestantes, idosos, crianças e pessoas que têm doenças que diminuem a imunidade.
Existem vacinas disponíveis que protegem contra a doença?
- As vacinas contra varíola comum (humana) protegem também contra a varíola dos macacos. Com a erradicação da doença no mundo, em 1980, a vacina deixou de ser aplicada. Pessoas que foram vacinadas há mais de 40 anos contra a varíola humana ainda podem ter alguma proteção;
- Alguns países da Europa e da América do Norte já começaram a vacinar alguns grupos populacionais. O Ministério da Saúde informou que está contato com entidades ligadas à Organização Mundial da Saúde (OMS) para adquirir o imunizante. (Com agências)