Chuvas no Ceará: julho registra aumento de 60% em relação à média histórica

Apesar de a quadra chuvosa ter se encerrado há dois meses, Estado ainda pode registrar chuvas pontuais e rápidas nos próximos meses

14:31 | Jul. 27, 2022

Por: Lara Vieira
Período se configura pelas baixas temeraturas no início da manhã, principalmente sobre a faixa litorânea do Estado (foto: Fco Fontenele)

Após uma quadra chuvosa positiva no Ceará, julho é mais um mês com registros acima da média histórica. Apesar de representar período de estiagem, com pouca precipitação, dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) mostram 24,7 milímetros (mm), no Estado, marca 60% maior do que o esperado para o período.

O índice alcançado em julho de 2022 também é superior ao mesmo período de 2021, quando foram registrados 21,4 mm. Conforme Frank Baima, meteorologista da Funceme, apesar do aumento, a mudança não pode ser configurada como significativa, tendo em vista a diferença de apenas 3,3 mm entre os dois anos, em um período de baixa precipitação.

Em relação aos últimos cinco anos, 2020 foi o único período em que o mês de julho apresentou resultado superior ao apresentado em 2022, quando foi contabilizada a marca de 25 mm.

Confira o registro de precipitações (em mm) no Ceará em julho dos últimos cinco anos:

  • 2022 - 24,7 mm
  • 2021 - 21,4 mm
  • 2020 - 25 mm
  • 2019 - 16,2 mm
  • 2018 - 13,6 mm

O quantitativo registrado em julho de 2022 é inferior ao registrado no último mês de junho — primeiro após a quadra chuvosa —, quando foi contabilizada a marca de 76,5 mm. Segundo Frank Baima, a diminuição das chuvas a partir do segundo semestre é normal porque representa o fim da época de precipitações.

Segundo ele, o fenômeno tem relação com a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que modula as chuvas nesses meses. "A ZCIT nada mais é do que aquela parte de nebulosidade que circula o globo terrestre e, nesta época do ano, fica sobre o Ceará influenciando chuvas em praticamente todos os dias. A partir de junho, a ZCIT migra para o hemisfério norte. Consequentemente, já diminui drasticamente as chuvas e a nebulosidade", explica o meteorologista.

Apesar do fim da quadra chuvosa, até o momento, o ano de 2022 já mostra um cenário de precipitações superiores em relação ao observado em todo o período de 2021. Entre janeiro e 26 de julho, foi registrada a marca de 887 mm. Já no ano anterior, choveu apenas 690,3 mm — perto do limite mínimo dentro da média histórica — em todo o território cearense. 

Chuvas nos próximos meses

O meteorologista da Funceme ainda indica que, apesar da falta de influência da ZCIT no Estado, ainda há chances da ocorrência de chuvas no Estado nos próximos meses. "O céu claro é uma característica de julho. O fluxo do vento na atmosfera favorece essa estabilidade. Isso não quer dizer que não vá chover. Pode chover de forma pontual e rápida em áreas isoladas do Ceará", explica Frank Baima.

Segundo o meteorologista, as eventuais chuvas são atribuídas ao aquecimento diferencial do oceano e da superfície terrestre. "Favorece uma instabilidade local, principalmente sobre a faixa litorânea do Estado, no período da tarde e entre a madrugada e início da manhã, favorecendo chuvas", explica. Essa condição de tempo também favorece a ocorrência de temperaturas mínimas mais baixas, principalmente nas regiões serranas ou no Centro-Sul do Estado.

"Ao longo da madrugada é comum que a radiação, absorvida pela superfície, seja retornada para o espaço. Se não houver nuvens sob o céu, toda essa radiação passa. Então, consequentemente, você favorece um decaimento da temperatura", continua. O metodologista ainda ressalta que o tempo seco no Estado deve seguir até o final do ano, período em que inicia-se o período de transição para a pré-estação chuvosa.