Rajadas de vento se intensificam no Ceará durante o segundo semestre

Temporada dos ventos se acentua durante os meses de agosto, setembro e outubro. Entretanto, no mês de julho, já é possível sentir rajadas mais fortes com maior frequência

14:44 | Jul. 19, 2022

Por: Gabriel Borges
Nessa terça-feira, 23, um ônibus de excursão foi alvo de assalto na Sabiaguaba, em Fortaleza. No caso, apenas o motorista do veículo foi abordado (foto: Aurelio Alves)

Com a chegada do segundo semestre de 2022, o Ceará passa a registrar a incidência de fortes rajadas de vento com maior frequência. De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), as velocidades mais significativas são verificadas no litoral e no alto da Serra da Ibiapaba.

"Avaliando os meses de agosto, setembro e outubro, é justamente o trimestre que costuma ventar mais. Com uma média de 36 km/h, que é observada principalmente na faixa litorânea. As rajadas podem chegar na faixa dos 54 km/h e, às vezes, até os 60 km/h", explica Vinícius Oliveira, meteorologista da Funceme.

De acordo com os dados da Fundação, desde o início do segundo semestre, Fortaleza já registrou pelo menos quatro rajadas acima dos 40 km/h. Neste mês de julho, a maior velocidade atingida pelo vento, na Capital, foi por volta das 13 horas do dia 13, quando chegou a 42,8 km/h.

De acordo com o meteorologista da Funceme, a velocidade máxima do vento pode ter sido ainda maior na faixa litorânea de Fortaleza, pois a estação que fez o registro está localizada distante da área de praia da Capital.

Com o aumento da velocidade dos ventos, principalmente na área costeira, há quem precise redobrar a atenção para conseguir o sustento da família. É o que conta o pescador Francisco Bezerra, 61. Mesmo com anos de experiência, poque começou a trabalhar na pesca com apenas 8 anos de idade, ele explica que não se pode subestimar os ventos.

"Este é o pior período para o pescador ir para o mar. Os ventos ficam muito fortes. A gente precisa ficar mais atento, para que não aconteça nenhum problema", relata Francisco, ao explicar que o período também influi no número de peixes que ficam disponíveis para o consumidor.

"A pesca fica mais fraca, porque o pescador tem mais dificuldade para pescar, e, consequentemente, o peixe acaba ficando mais caro. A partir de outubro, as coisas vão se normalizando", afirma.

Por outro lado, o início da estação dos ventos torna-se favorável para quem busca a prática de esportes de vela, como o kitesurf.

"É chegada a tão esperada temporada dos ventos, vem gente de todo canto do mundo pra cá. É o período em que se aumenta a arrecadação", relata Ítalo Dias, 30, professor e responsável por uma escolinha de kite no Cumbuco. Ele explica que, além do kitesurf, o período também é ideal para a prática de outros esportes, como o windfoil (onde a prancha fica acima do mar) e o windsurf.

De acordo com a Funceme, o aumento gradual da velocidade dos ventos nos próximos meses ocorre anualmente, de maneira cíclica. Os ventos ficam mais fortes devido à alta pressão do Atlântico sul, sistema que se aproxima da costa brasileira neste período.

Até o dia 19 de julho deste ano, a rajada de vento de maior velocidade no Ceará, durante o segundo semestre, foi registrada em Araripe, com 63,54 km/h. Vinícius Oliveira diz que essas rajadas mais fortes acontecem por um curto período de tempo.

"Tivemos essa rajada de 63 km/h, o vento estava com uma média em torno de 28 km/h no momento, que é um vento mais tranquilo e do nada vem uma rajada de 63 km/h. É um momento brusco e repentino do ar e que tem curta duração", explica o metereologista.

Incêndios em vegetação aumentam durante temporada dos ventos

Com o aumento da frequência das fortes rajadas de vento no Estado, o segundo semestre do ano acaba se tornando mais propício ao crescimento do número de incêndios em vegetação. Isso porque a soma de fatores, como a umidade relativa do ar baixa, temperaturas elevadas e vegetação seca acabam favorecendo o alastramento do fogo.

No último ano, de acordo com o levantamento da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp), entre julho e dezembro, a corporação atendeu 5.308 ocorrências no Estado. Em Quixadá, a corporação dispõe do 1º Batalhão de Combate a Incêndio Florestal (BCIF), para auxiliar na preservação do meio ambiente.

De acordo com o tenente subcomandante do 1º BCIF do CBMCE, Régis Leite, é preciso que a população redobre os cuidados ao lidar com fogo durante este semestre.

“Deve-se evitar a limpeza do terreno com fogo. É o principal causador do incêndio florestal. Tem gente que também coloca fogo no lixo para ele desaparecer, mas os ventos podem fazer as chamas se espalharem pela vegetação que está no entorno", relata.

Em casos de incêndio, o CBMCE orienta que, além de chamar a corporação, via 193 ou 190, caso seja possível, as pessoas devem arrancar, cuidadosamente, as plantas em um ponto próximo ao local das chamas, evitando assim o alastramento do fogo.