Estudante cearense cria vaquinha para realizar sonho de estudar na França
Objetivo é conseguir R$10 mil para custear visto e passagem para a Europa, onde vai estudar biologia monecular
20:08 | Jun. 12, 2022
A estudante Maria Eduarda, de 23 anos, criou uma vaquinha virtual com o objetivo de conseguir recursos para bancar sua passagem para a França, onde fará mestrado em Biologia Molecular na Université Grenoble-Alpes, no sul do país.
A meta da vaquinha é R$ 10 mil, valor que será destinado para custear o visto, a passagem e gastos eventuais com a viagem para a Europa. Ela deverá viajar até o final de agosto, com o início das aulas previsto para a primeira semana de setembro.
Graduada em Biotecnologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Eduarda submeteu-se ao crivo de oito universidades francesas, sendo aprovada em cinco delas. Para poder realizar o mestrado, a universidade irá conceder uma bolsa de oito mil euros para Eduarda, mas ela não tem os recursos para custeio de despesas como visto e compra da passagem de ida.
“Sempre encarei a possibilidade de estudar fora como algo distante, por causa das minhas condições financeiras e do valor elevado, sobretudo agora, com a desvalorização do real. Não acreditava que era possível, mas deu certo”, comemora.
Para ajudar a conseguir seu objetivo, Eduarda criou uma vaquinha na internet, que já conta com a doação de alguns amigos e até de pessoas que não a conhecem.
Moradora do bairro Antônio Bezerra, Maria Eduarda foi criada com os pais e a avó. Seu pai sempre trabalhou no setor de eventos, mas, por não ter o ensino fundamental completo, nunca teve a carteira de trabalho assinada. Atualmente ele está desempregado, porque precisa cuidar da avó de Eduarda, que tem 86 anos.
Sua mãe também está desempregada. O sustento da família é garantido com a aposentadoria da avó e com o salário que Eduarda recebe como recepcionista em uma escola de gastronomia.
“Mesmo com toda dificuldade financeira, meus pais sempre me incentivaram e batalharam muito para me garantir uma educação em uma escola particular. Compartilho essa vitória com eles,” disse ela.
Essa não é a primeira vez que Maria Eduarda tenta realizar seu sonho. Em 2020, ela foi aprovada para estudar na França, mas foi desclassificada no último momento. “O coordenador do programa disse que isso nunca tinha acontecido, e supôs que o motivo foi um corte nas bolsas da Capes”, lembra.
Já em 2021, ela foi aprovada para o mestrado na Universidade de São Paulo (USP), mas também não pôde ir, por não ter como se manter em São Paulo.
“Não tinha como ir sem bolsa de estudos. Essas bolsas são muito importantes. Muitas pessoas acreditam que pesquisadores são somente estudantes, mas nós somos profissionais como qualquer outro e precisamos de remuneração, e essas bolsas são o nosso salário,” afirmou ela, ressaltando que o fruto das pesquisas acadêmicas trarão desenvolvimento ao Brasil.
De acordo com Maria Eduarda, o desejo de estudar fora do Brasil teve início após ela perceber que profissionais da ciência são desvalorizados. “Tive uma educação pública de muita qualidade, com professores incríveis na UFC. No entanto, vivemos uma conjuntura que desvaloriza a pesquisa no Brasil,” destacou.
O corte de verba para pesquisas científicas vem se intensificando nos últimos governos, mas ganhou força durante o mandato do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Um dos maiores cortes à iniciações científicas foi promovido no ano passado. Na ocasião, o governo federal reduziu em 87% os recursos destinados à ciência, passando de R$ 690 milhões previstos inicialmente para apenas R$89 milhões.
Vaquinha: Como ajudar a estudante cearense?
Os interessados em ajudar Maria Eduarda, podem fazê-lo através do PIX 85 99975-9755 ou clicando aqui, para acessar a vaquinha online.