Chove mais de 100 mm em Fortaleza nesta quinta-feira; madrugada foi de precipitações no CE

Em Fortaleza, o posto pluviométrico do Castelão registrou o acumulado de 101,9 mm. Mais de 100 municípios registraram chuvas nas últimas 24 horas

07:39 | Jun. 02, 2022

Por: Redação O POVO
Chuvas em novembro superam em mais de 10 vezes a quantidade esperada para o mês (foto: Fábio Lima/ O POVO)

O segundo dia após o fim oficial da quadra chuvosa no Ceará, a madrugada foi de precipitações no Ceará. Entre as 7 horas de ontem e as 7 horas desta quinta-feira, 2 de junho, choveu em pelo menos 125 municípios cearenses.

O maior registro foi em Guaiuba, no maciço de Baturité, com 111 milímetros (mm) de chuva. Na Capital, o posto pluviométrico do Castelão registrou o acumulado de 101,9 mm. Os dados são de balanço parcial da Fundação Cearense de Meteorologia e Estatística (Funceme), atualizado às 10h40min.

Meiry Sakamoto, gerente de Meteorologia da Funceme, explica que as chuvas no Ceará ocorrem em três momentos distintos ao longo do ano: pré-estação chuvosa (em dezembro e janeiro), quadra chuvosa (de fevereiro a maio) e pós-estação chuvosa (em junho e julho). Ela aponta que o período de quatro meses no primeiro semestre concentra 75% das precipitações de todo o ano.

Segundo a meteorologista, na pós-estação a influência deixa de ser da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e sim de outros tipos de eventos, como áreas de instabilidade que se formam sobre o oceano. "Essas áreas se aproximam da nossa costa, elevando a formação das nuvens de chuva e ocorrem precipitações, às vezes, até bastante intensas como a gente tem observado nesses dois primeiros dias de junho", afirma. O início da estação chuvosa nos estados a leste do Ceará também pode trazer precipitações.

Transtornos em Fortaleza

 

Em Fortaleza, os problemas rotineiros com o início de um dia chuvoso são registrados: lentidão no trânsito e semáforos com defeitos. Por volta das 8h30min, algumas calçadas no Centro começam a alagar. Na avenida Duque de Caxias, a falta de uma boa drenagem da água dificulta a locomoção dos pedestres entre as calçadas.

André Oliveira, fiscal do estacionamento de uma farmácia da região, relata que alagamentos são frequentes e geram prejuízos aos pedestres que tentam não se molhar e acabam caindo. Ele diz ainda que a água encobre buracos na via, aumentando riscos de acidentes.

"Só tenho cinco anos aqui, mas todo ano é assim. E o pessoal diz que é desde muitos anos atrás", conta o vendedor Joílson do Sousa sobre alagamentos na rua Pedro Pereira, também no Centro. "As calçadas têm buraco e acontece muito acidente de pessoas que caem, principalmente de pessoas com mais idade", continua. Nas lojas, para evitar prejuízos às mercadorias, os vendedores posicionam placas de contenção contra a água.

Circulando pela Cidade, a reportagem do O POVO encontrou fluxo lento de veículos em diversas vias, entre elas a avenida Presidente Castelo Branco (Leste Oeste). Conforme ouvintes da rádio O POVO CBN, há pelo menos dois semáforos apagados na avenida Domingos Olímpio.

Segundo a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) , "numa rede composta por 1.064 equipamentos, apenas 3% apresenta algum tipo de problema". O percentual corresponde a cerca de 32 semáforos com problemas na Capital.

Na madrugada

 

De acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o Ceará apresenta, nesta quinta-feira, 2, risco potencial de ventos intensos e precipitações entre 20 mm e 30 mm por hora. As áreas mais afetadas, segundo o órgão, são Norte Cearense, Noroeste Cearense, Metropolitana de Fortaleza, Jaguaribe, Sertões Cearenses.

Dados de radar da Funceme indicam que, por toda a madrugada, o Litoral de Fortaleza recebeu chuvas, que seguem pela manhã. O Litoral do Pecém registrou pontos diversos de chuva durante a madrugada, bem como o Sertão Central e Inhamuns. O Norte do Cariri teve precipitações próximas à meia-noite, que foram levadas ao Sul do Jaguaribe ao longo das horas.

Partes do Jaguaribe e do Maciço de Baturité nas divisas com o Litoral de Fortaleza apresentaram precipitações isoladas. Nestes locais, a chuva está relacionada com o bloco de nuvens na macrorregião da Capital.

 

Balanço da quadra chuvosa

 

A estação chuvosa deste ano no Ceará registrou acumulado médio de 620 milímetros (mm), o terceiro maior dos últimos dez anos. O índice representa o volume médio de precipitações nos 184 municípios do Estado entre 1º de fevereiro e 31 de maio. No decênio analisado, o desempenho do quadrimestre de 2022 fica atrás apenas de 2019 (670 mm) e 2020 (736 mm).

O balanço da Funceme mostra que o índice médio de precipitações da estação chuvosa deste ano superou em cerca de 16% os números do mesmo período de 2021, quando o acumulado fechou em 533 mm. Além disso, o volume registrado em 2022 também foi maior do que a normal climatológica para o período, que é de 600 mm.

No geral, o acumulado deste ano ficou “em torno da média”, patamar alcançado quando o índice varia de 514 mm a 707 mm. A partir de 708 mm, a Funceme considera as chuvas “acima da média”. Já se o índice for inferior a 514 mm, o enquadramento é “abaixo da média”.

Das últimas dez estações chuvosas, incluindo a deste ano, quatro registraram chuvas abaixo da média, cinco em torno da média e apenas uma teve precipitações acima da média (2020). No período, o ano mais seco foi 2013, quando foram observados cerca de 363 mm. (Colaboraram Luciano Cesário e Bemfica de Oliva)

Com informações do repórter Levi Aguiar/ especial para O POVO

 

*Matéria atualizada às 11 horas desta quinta-feira, 2 de junho de 2022