Ceará tem a terceira maior quadra chuvosa dos últimos dez anos
Entre fevereiro e maio, Estado acumulou 670 milímetros de precipitações, índice que supera em 16% o volume de 2021A estação chuvosa deste ano no Ceará registrou acumulado médio de 620 milímetros (mm), o terceiro maior dos últimos dez anos. O índice representa o volume médio de precipitações nos 184 municípios do Estado entre 1º de fevereiro e 31 de maio. No decênio analisado, o desempenho do quadrimestre de 2022 fica atrás apenas de 2019 (670 mm) e 2020 (736 mm). Os dados constam em balanço divulgado nesta quarta-feira, 1º, pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).
O documento ainda mostra que o índice médio de precipitações da estação chuvosa deste ano superou em cerca de 16% os números do mesmo período de 2021, quando o acumulado fechou em 533 mm. Além disso, o volume registrado em 2022 também foi maior do que a normal climatológica para o período, que é de 600 mm.
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No geral, o acumulado deste ano ficou “em torno da média”, patamar alcançado quando o índice varia de 514 mm a 707 mm. A partir de 708 mm, a Funceme considera as chuvas “acima da média”. Já se o índice for inferior a 514 mm, o enquadramento é “abaixo da média”.
Das últimas dez estações chuvosas, incluindo a deste ano, quatro registraram chuvas abaixo da média, cinco em torno da média e apenas uma teve precipitações acima da média (2020). No período, o ano mais seco foi 2013, quando foram observados cerca de 363 mm.
Segundo os dados da Funceme, março foi o mês mais chuvoso do quadrimestre, com 265 mm, cerca de 30% a mais do que era esperado para o período. Em situação oposta, fevereiro teve o menor volume pluviométrico (64 mm), perfazendo acumulado 45% abaixo da normal climatológica. Abril, que registrou 188 mm, também registrou índice negativo de 3%. Já em maio, último mês do ciclo chuvoso, o volume ficou 20% acima do normal, com 108 mm.
De acordo com a gerente de meteorologia da Funceme, Meiry Sakamoto, o comportamento das chuvas neste ano não foge aos padrões das características climáticas do Ceará. “A estação chuvosa de 2022 mostrou bem a característica principal do semiárido, que é a distribuição irregular das chuvas”, ressaltou, citando como exemplo a diferença dos cenários meteorológicos de fevereiro e março.
A escassez de chuvas logo no primeiro mês da estação frustrou as expectativas de quem ficou otimista com o bom volume de precipitações que havia sido registrado em janeiro (163 mm), o último mês da pré-estação. Com o baixo acumulado de fevereiro, parecia que o Estado iria atravessar mais um ano com chuvas abaixo da média. Mas a partir de março, com a influência da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), o cenário voltou a ficar favorável.
Embora o fenômeno tenha provocado chuvas em todas as regiões cearenses, houve distribuição irregular, segundo pontuou Sakamoto. "Choveu mais em algumas regiões, como no Litoral de Fortaleza e no Maciço de Baturité”. Nas duas divisões territoriais mencionadas pela meteorologista, os volumes médios de precipitações no quadrimestre foram, respectivamente, de 1.109 mm e 924 mm. A região do Sertão Central e Inhamuns foi a que teve o menor acumulado durante o período, com 446 mm.
De acordo com o balanço da Funceme, a maior precipitação registrada na estação chuvosa deste ano ocorreu no dia 17 de abril, em Várzea Alegre, quando o volume observado chegou a 200 mm. Na sequência aparecem São Gonçalo do Amarante (179 mm em 10 de abril), Jaguaruana (170 mm em 25 de abril), Maranguape (140 mm em 7 de março) e Fortaleza (136 mm em 30 de abril).
Pós-estação começa com chuva em Fortaleza
No primeiro dia após o encerramento oficial da estação chuvosa, a Capital cearense amanheceu banhada por chuvas. Segundo a Funceme, o maior acumulado foi registrado no posto pluviométrico do bairro Água Fria, que marcou 38 mm.
Com a água que caiu do céu, os transtornos foram inevitáveis. O trânsito ficou mais lento do que o de costume nas vias do Centro da cidade e pelo menos nove semáforos pararam de funcionar temporariamente. Agentes da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC) foram acionados para controlar o fluxo de veículos nos cruzamentos afetados.
Devido ao grande acúmulo de água em algumas ruas e avenidas, as condições de trafegabilidade foram comprometidas. Até mesmo pedestres tiveram problemas nos deslocamentos. Na rua Castro e Silva, por exemplo, próximo à Catedral Metropolitana, a água chegava à altura da canela.
Outro ponto afetado foi o túnel Beni Veras, na avenida Alberto Sá, que ficou bloqueado nos dois sentidos durante boa parte da manhã. Como frequentemente ocorre em dias chuvosos na Capital, a pista foi completamente tomada pela água, impossibilitando o tráfego de veículos. O trecho tinha sido interditado pela última vez há menos de um mês, pelo mesmo motivo.
Na estação chuvosa deste ano, as precipitações foram frequentes em Fortaleza, principalmente em março, quando foram registrados 636 mm. O índice foi o maior para o mês desde 1973, ano em que a Funceme iniciou a série histórica da contagem pluviométrica.
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