Psiquiatra do Ceará alerta para perigos de cigarros eletrônicos

Conhecidos como vape e pod, os produtos possuem concentração de nicotina superior às encontradas nos cigarros convencionais. Dependência química pode levar a necessidade de acompanhamento especializado

07:56 | Jun. 01, 2022

Por: Leonardo Maia
Especialistas alertam para riscos e carência de estudos acerca de cigarros eletrônicos (foto: Getty Images/diego_cervo)

Apesar de proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os cigarros eletrônicos vêm se popularizando, especialmente entre os jovens, conforme informação do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), equipamento vinculado à Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). O uso contraria ainda diretrizes do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O psiquiatra Helder Gomes, diretor clínico do HSM, aponta que os cigarros eletrônicos, conhecidos com vape e pod, vêm disfarçados com aromas e sabores agradáveis, mas também apresentam riscos. “A grande substância capaz de gerar dependência é a nicotina, que está presente nos vapores liberados, inclusive, em concentrações superiores às encontradas nos cigarros convencionais”, aponta o especialista em nota. Ele ainda lembra que solventes químicos tóxicos, como partículas de metais, também podem ser encontrados.

A dependência química relacionada ao cigarro eletrônico também demandará acompanhamento especializado, a exemplo do álcool, cocaína, maconha e crack, como explica o médico. “Há pessoas que, embora motivadas, não conseguem abandonar a prática. Ou seja, há uma necessidade de atenção psicológica ou psiquiátrica, já que a nicotina causa sintomas de abstinência, gerando uma grande fissura e um desejo de fazer uso do dispositivo”, argumenta.

Entre os sintomas de abstinência do cigarro eletrônico, pode-se citar tontura, dificuldade de concentração, alteração do sono e agressividade. “Se você faz uso de cigarro eletrônico, o ideal é que possa interrompê-lo em virtude de problemas físicos que podem surgir, a exemplo dos pulmonares e dos cardiovasculares, que trazem risco de infarto e de acidentes vasculares cerebrais (AVCs)”, aconselha Gomes, que alerta que os que não fazem uso do dispositivo devem se manter distantes das substâncias.

No dia 25 de abril deste ano, um homem foi preso em flagrante em Fortaleza por suspeita de participação na comercialização ilegal de cigarros eletrônicos e vasta quantidade de material ilegal foi apreendida. De acordo com a Portaria nº 46/2009 da Anvisa, é proibida a comercialização, a importação e a propaganda de quaisquer dispositivos eletrônicos para fumar, conhecidos como cigarro eletrônico.