Em menos de um mês, número de mortes por chikungunya no Ceará quase dobra

Entre janeiro e maio deste ano, mais de 17 mil casos de arboviroses foram registrados no Ceará. Dados são da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa)

19:03 | Mai. 27, 2022

Por: Luciano Cesário
Aedes Aegypti é o transmissor de dengue, zika e chikungunya (foto: Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas)

O número de mortes causadas pela chikungunya no Ceará saltou de seis para 11 entre as semanas epidemiológicas 17 e 20, no intervalo de 24 de abril a 21 de maio. Percentualmente, o crescimento chega a 83%. A informação consta no mais recente Boletim de Arboviroses do Estado, que será divulgado na próxima segunda-feira, 30, e foi antecipada ao O POVO pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). No período analisado, também houve o registro de quatro mortes por dengue. As duas doenças tem como vetor o mosquito Aedes aegypti, também transmissor do zika vírus.

De acordo com o documento, entre 1º de janeiro e 21 de maio deste ano, o Ceará notificou 68,5 mil casos suspeitos de arboviroses, sendo 38,2 mil registros de dengue, 29,5 mil de chikungunya e 765 de zika.

O número de confirmações, no entanto, foi quase quatro vezes menor: 17,5 mil casos - 6.956 (dengue), 10.569 (chikungunya) e 8 (zika). Em relação ao boletim divulgado no mês anterior, houve aumento de 87% nas notificações e de 165% no total de casos confirmados.

Segundo a Sesa, entre abril e maio o Ceará contabilizou mais cinco óbitos por chikungunya, ante a seis que haviam sido confirmadas até a semana epidemiológica 16. No total, foram cinco ocorrências em Barbalha, quatro em Juazeiro do Norte, uma em Fortaleza e uma em Boa Viagem. As vítimas tinham idades entre 21 e 93 anos, sete do sexo masculino e quatro mulheres. Em 2021, o Ceará não havia registrado mortes em decorrência da doença.

Além do aumento nas mortes provocadas pela chikungunya, o boletim mais recente também trouxe o registro de quatro mortes por dengue, duas em Quixadá, uma em Aratuba e a outra em Massapê. Os óbitos ocorreram entre 1º de março e 1º de maio e envolviam pessoas de 2 a 52 anos de idade.

No ano passado, nenhuma morte por dengue havia sido registrada no Estado. Segundo a Sesa, em 2022 já foram confirmados 44 casos de dengue com "sinais de alarme" — sintomas moderados, sem necessidade de internação — e cinco casos graves, quando há hospitalização devido aos sintomas mais agudos.

Conforme a Sesa, as dados foram levantados a partir do monitoramento sistemático dos casos de arboviroses, realizado a partir das diretrizes do Plano Estadual Integrado em Saúde para Enfrentamento das Arboviroses. No aspecto territorial, os números mostram a macrorregião de Fortaleza com a maior quantidade de casos notificados de dengue (19 mil) e o Cariri liderando os indicadores de chikungunya (17,9 mil casos).

Em relação à taxa de positividade dos exames laboratoriais, os indicadores mostram 63,2% de confirmação dos testes feitos para descobrir casos de chikungunya, 18,7% para os testes de dengue e apenas 0,01% para os de zika. Isso significa que, a cada 100 exames realizados para detecção de chikungunya no Ceará até o dia 21 de maio, uma média de 63 deram positivo.

No caso da dengue, são pelo menos 18 resultados positivos a cada 100 exames. A zika, por sua vez, tem apenas uma confirmação a cada mil exames processados. A doença, por enquanto, á a única arbovirose sem registro de óbitos no Estado.

O aumento das infecções coincide com o período chuvoso no Ceará, quando o ambiente fica mais favorável à proliferação do Aedes aegypti devido ao acúmulo de água em residências e terrenos baldios. Para frear o avanço das transmissões, a Sesa tem monitorado o quadro epidemiológico de cada município cearense.

De acordo com a coordenadora de Vigilância Epidemiológica e Prevenção em Saúde, Vilani Matos, as estratégias de combate são definidas a partir da taxa de incidência das doenças. "Aos municípios que apresentam mais de 300 casos [de arboviroses] por 100 mil habitantes, que é considerado alta transmissão, a Sesa emite uma carta-alerta, solicitando o cumprimento do Plano de Contingência", explica.

A pulverização do inseticida de ultrabaixo volume (UVB), conhecido como fumacê, em locais abertos é uma das principais estratégias emergenciais de combate ao Aedes aegypti adotadas pela Sesa. O composto utilizado na aplicação é feito à base de neonicotinoide, substância química usada em inseticidas, mas inofensiva a seres humanos. Segundo a pasta, o serviço é realizado de forma prioritária nos municípios com maiores estatísticas de casos de arboviroses.

Caso suspeito de arbovirose - saiba como identificar

Dengue
- Pessoa que viva ou tenha viajado, nos últimos 14 dias, para área onde esteja ocorrendo transmissão de dengue ou tenha a presença de Aedes aegypti, que apresente febre, usualmente entre dois e sete dias;

- Apresente duas ou mais das seguintes manifestações: náuseas, vômitos, exantema, mialgia, artralgia, cefaleia, dor retro orbital, petéquias, prova do laço positiva ou leucopenia;

- Toda criança proveniente ou residente em área com transmissão de dengue, com quadro febril agudo, usualmente entre dois e sete dias, sem foco de infecção aparente.

Chikungunya
- Paciente com febre de início súbito maior que 38,5° C;

- Artralgia, ou com artrite intensa de início agudo, não explicado por outras condições, sendo residente ou tendo visitado áreas endêmicas ou epidêmicas até duas semanas antes de início dos sintomas, ou que tenha vínculo epidemiológico com caso confirmado.

Zika
- Paciente com exantema maculopapular pruriginoso;

- Acompanha os seguintes sinais e sintomas: febre, hiperemia conjuntival/ conjuntivite não purulenta, artralgia/ poliartralgia, edema periarticular.