Quatro pessoas trans foram mortas no Ceará em 2022; nenhum suspeito foi preso

Segundo levantamento do O POVO, três crimes aconteceram na Grande Fortaleza e o quarto foi registrado no Interior do Ceará. Vítimas foram três travestis e uma mulher trans

Três travestis e uma mulher trans foram mortas entre janeiro e abril deste ano no Ceará. Nenhum suspeito, em qualquer um dos casos, foi preso. Dois dos crimes aconteceram em Fortaleza — no Centro e no Bom Jardim —, um em Pacatuba, na Região Metropolitana; e o quarto foi registrado em Barreira, no Interior do Estado. Nas mortes foram registrados espancamento, decapitação, asfixia, apedrejamento e tiros.

No caso mais recente, o de Barreira, a travesti identificada como Fernandinha foi decapitada e teve a cabeça deixada no galho de uma árvore. A vítima tinha 28 anos. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS), equipes da Polícia Militar do Ceará foram acionadas para uma ocorrência de achado de cadáver. Conforme o órgão, a vítima tinha lesões de objeto "perfurocortante". O crime é investigado pela Delegacia de Barreira.

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Cinco dias antes, 9 de abril, houve o caso do Centro de Fortaleza. A vítima, uma travesti de nome não informado pela SSPDS, tinha 34 anos. Ela foi encontrada com sinais de estrangulamento. O caso também segue em investigação e não há presos.

No dia 30 de março, uma mulher trans foi morta a tiros na Pacatuba. A vítima tinha 31 anos e foi encontrada em via pública. As informações também são da SSPDS. Um inquérito policial foi aberto no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e transferido para a Delegacia Metropolitana de Pacatuba.

No dia 11 de fevereiro, a travesti Sofia Gisely, de 22 anos, foi morta a pedradas na avenida Osório de Paiva, no Grande Bom Jardim, em Fortaleza. A vítima estava em um terreno baldio e caída ao solo. Sofia estava sem parte da roupa e muitas pedras estavam próximas e em cima dela. Um mês após o crime, a família procurou a imprensa para pedir Justiça.

O POVO repercutiu o caso e divulgou que não há presos. Os parentes relatam que não chegam respostas sobre quem matou Sofia ou sobre a motivação do crime. Assim como o dela, os outros três casos registrados neste ano seguem sem elucidação.  

Conforme a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS), o caso é investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). "Diligências e oitivas estão sendo são realizadas", divulgou o órgão. 

Dia de enfrentamento à transfobia

No dia 15 de fevereiro, coletivos LGBTQIA+s realizaram ato em repúdio à morte de Sofia. O pedido era por mais segurança e delegacias especializadas para a população trans. No mesmo dia completava-se os cinco anos do transfeminicídio de Dandara dos Santos. Na mesma data é o Dia Municipal de Enfrentamento à Transfobia, instituído pela Lei nº 10.709/2018. 

No mesmo dia, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), por meio do Batalhão de Policiamento de Prevenção Especializada (BPEsp) da Polícia Militar do Ceará (PMCE), firmou uma parceria institucional com o Centro Estadual de Referência LGBT+ Thina Rodrigues. O acordo foi firmado em uma reunião realizada na sede da SSPDS, em alusão ao Dia Estadual e Municipal de Enfrentamento à Transfobia. Na ocasião, o titular da Pasta, Sandro Caron, afirmou que queria manter um diálogo continuo para construir protocolos de atuação e fazer uma segurança pública cada vez mais inclusiva às demandas do grupo vulnerável.

Foi acordada uma cooperação para o encaminhamento de denúncias recebidas pela instituição de acolhimento para o batalhão especializado. Desta forma, as vítimas que forem ao Centro Estadual de Referência LGBT+ Thina Rodrigues terão o acompanhamento individual pelo batalhão e por composições de policiais militares especializados no atendimento humanizado a grupos vulneráveis. 

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