Relembre crimes de grande repercussão no Ceará que tiveram reconstituição

Dentre os crimes que tiveram reprodução simulada dos fatos, estão casos como o de Adriana e da filha dela, Jade, de 8 meses, mortas em casa de veraneio em Paracuru; e do envenenamento de uma criança autista pela própria mãe

21:30 | Abr. 05, 2022

Por: Jéssika Sisnando
Reconstituição do crime cometido por Marcelo Barbarena de Moraes (foto: TATIANA FORTES)

A reprodução simulada dos fatos, que é popularmente chamada de reconstituição do crime, tem o objetivo de verificar a possibilidade de uma infração ter sido praticada de determinado modo. Assim diz o artigo 7º do Código Penal Processual (CPP). A autoridade policial poderá proceder à reconstituição, desde que não contrarie a moralidade ou ordem pública. No Ceará, alguns crimes de grande repercussão tiveram essa simulação. Nesta terça-feira, 5, por exemplo, houve reconstituição no bairro Luciano Cavalcante do caso Alana Beatriz, de 26 anos, encontrada morta em março de 2021.

Alana foi encontrada morta com um tiro na cabeça na residência do acusado. A defesa alega que houve um disparo involuntário. O empresário David Brito é acusado de homicídio com dolo eventual, quando se assume risco de causar a morte, e não compareceu à reconstituição amparado, segundo a defesa, por "preceito constitucional de não atribuir provas contra si".

Veja outros casos de grande repercussão no Ceará que tiveram reconstituição: 

Caso Jamille 

Houve reconstituição no caso Jamile Oliveira Correia, que morreu em agosto de 2019. Jamile foi baleada dentro do próprio apartamento e socorrida pelo então companheiro, o advogado Aldemir Pessoa Júnior. Ela foi levada ao Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro, mas não resistiu aos ferimentos. O companheiro relatou que a vítima cometeu suicídio, mas havia questionamento. A reconstituição, no prédio de Jamile, foi inconclusiva. 

Caso Rakelly

Em setembro de 2016, a menina Rakelly Matias, de 8 anos, havia desaparecido da casa onde morava, em Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza. A família da criança procurou a Polícia e denunciou o caso do desaparecimento para a imprensa, que ouviu vizinhos e parentes, entre eles um caseiro, José Leonardo de Vasconcelos Graciano, que dizia estar na mobilização de buscas pela criança.

Com o passar dos dias, a Polícia Civil encontrou o corpo de Rakelly dentro da cacimba do sítio do referido caseiro. As investigações identificaram que o mesmo caseiro atacou sexualmente a criança e diante da resistência da garota, asfixiou-a provocando o desmaio. Em seguida amordaçou a menina usando um saco plástico e estuprou a garota. Ao perceber que a criança estava morta, ele colocou o corpo em um saco e o jogou dentro de uma cacimba, onde ela foi encontrada três dias depois.

No dia da reconstituição do crime, que foi feita no sítio, o caseiro usou uma boneca como sendo Rakelly. Ele mostrou como jogou a criança na cacimba. José Leonardo foi condenado a 31 anos e oito meses de prisão. O réu confessou homicídio e ocultação de cadáver, mas negou o estupro.


Caso Adriana e Jade

Um caso de grande repercussão no Ceará, que aconteceu no dia 23 de agosto de 2015, foi a morte de Adriana Pessoa de Carvalho Moraes, de 39 anos, e a filha dela, Jade Pessoa de Carvalho Moraes, de 8 meses de idade. As duas foram mortas em uma casa de veraneio em Paracuru. A bebê Jade dormia no berço quando foi asassinada. Na residência, estavam Marcelo Barberena, esposo e pai das vítimas, respectivamente, e mais duas pessoas da família dele.


Marcelo foi preso no mesmo dia do crime. Ele participou da reconstituição do crime na residência com a Perícia Forense, delegados do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) e advogados que acompanhavam o caso.

O julgamento aconteceu cinco anos depois do crime. Marcelo foi condenado a 82 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, com imposição de recurso que dificultou defesa da vitima, e feminicídio. Foram 30 horas de julgamento, sendo este considerado o júri mais longo da história da Justiça cearense.


Caso Lewdinho

 

Em 11 de novembro de 2014, o Brasil foi surpreendido com o caso de uma criança autista envenenada. O autor do crime, inicialmente, seria o pai do menino. Um subtenete do Exército Brasileiro, que, supostamente, teria atentado contra a própria vida. O menino Lewdo Ricardo Coelho Severino, o "Lewdinho", de 9 anos, morreu.

O pai Francileudo Bezerra Severino ficou em coma, mas conseguiu sobreviver. Cristiane Renata Coelho, esposa do subtenente e mãe do menino, era considerada vítima, mas quando Francileudo recuperou a consciência, ele relatou não ter sido o responsável pelo envenenamento.

A reviravolta no caso apontou então que Cristiane matou o próprio filho e tentou matar o companheiro. Ainda tentou forjar uma declaração de culpa do marido ao escrever um texto no Facebook do subtenente como se fosse ele.

Foram realizadas diversas perícias no computador do casal, no sorvete, e duas reconstituições de crime. Ambas as reconstituições foram realizadas na casa da família, no bairro Dias Macedo, onde foi possível esclarecer detalhes sobre o crime. Cristiane foi condenada a 32 anos de prisão em regime inicialmente fechado pelos crimes de homicídio, tentativa de homicídio, bem como as três qualificadoras, motivo torpe, uso de veneno e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.