Campanha de vacinação contra a influenza foca em aumentar homogeneidade da cobertura

Ceará tem menor cobertura vacinal contra a gripe em 23 anos. Todas as regiões do Estado têm municípios com baixa adesão às vacinas, segundo Sesa.

18:23 | Mar. 31, 2022

Por: Alexia Vieira
Cerca de 97 milhões de brasileiros estão aptos a se vacinarem (foto: FERNANDA BARROS)

Em 2021, o Ceará não alcançou a cobertura vacinal almejada contra a Influenza. Com a marca de apenas 72% dos cearenses vacinados, o Estado ficou 18 pontos percentuais abaixo da cobertura estipulada pelo Plano Nacional de Imunização (PNI) desde 2017 de 90%. Esta foi a menor vacinação da gripe desde 1999 no Estado, quando a vacina foi adicionada ao plano. A partir de segunda-feira, 4, o Ceará inicia a campanha de vacinação de 2022 e tem o desafio de diminuir a heterogeneidade da cobertura e voltar a alcançar as metas.

Em coletiva de imprensa dada nesta quinta-feira, 31, o secretário da Saúde do Estado, Marcos Gadelha, explicou que a diferença de cobertura entre os municípios preocupa. “Mesmo que a gente atinja cobertura vacinal em alguns municípios, se outros permanecerem com baixa cobertura, isso aumenta a probabilidade de circulação viral.” Segundo a orientadora da Célula de Imunização da Sesa, Kelvia Borges, há municípios com baixa cobertura em todas as regiões do Estado.

Reuniões com os dirigentes municipais serão feitas para tirar dúvidas sobre a campanha de vacinação. Gadelha relata ainda que os municípios têm tido dificuldade com o cadastro das doses administradas nos sistemas de notificação do Ministério da Saúde, que passaram por mudanças recentes. A Sesa deve auxiliar também a sanar esse problema.

Responsável pela maioria das infecções registradas no surto de influenza que o Ceará teve no fim de 2021 e início de 2022, a cepa H3N2 está incluída no imunizante da nova campanha. A vacina de 2021 não protegia contra essa cepa. Além disso, a vacina protege contra a H1N1 e contra a Influenza tipo B.

Por isso, a secretária Executiva de Vigilância e Regulação em Saúde, Ricristhi Gonçalves, insiste que mesmo quem tomou a vacina em anos anteriores volte aos postos de saúde para ser imunizado novamente. O imunizante contra a gripe deve ser tomado anualmente.

Na primeira fase da campanha, que vai até o dia 2 de maio, profissionais da saúde e idosos com mais de 60 anos são o público alvo. De 2 de maio até 3 de junho, quando a campanha acaba, crianças de 6 meses a menores de 5 anos de idade, gestantes e puérperas, povos indígenas, professores, pessoas com comorbidades, com deficiência permanente, forças de segurança, caminhoneiros e trabalhadores de transporte coletivo, de portos, funcionários do sistema prisional e pessoas privadas de liberdade devem se vacinar.

A vacinação só será aberta para quem não faz parte desses grupos caso a cobertura vacinal não seja suficiente ou caso sobrem doses do imunizantes enviadas pelo Ministério da Saúde. Essa disponibilidade será avaliada no fim da campanha, em junho.

Ricristhi ressaltou que as vacinas da influenza e da Covid-19 podem ser tomadas em conjunto. A orientação dada no início da campanha do imunizante contra o coronavírus de que era necessário 15 dias de intervalo entre vacinas para outras doenças não é mais necessária, de acordo com o Ministério da Saúde. Portanto, quem for ao posto pode tomar as duas vacinas no mesmo dia.

Confira o público alvo da campanha de vacinação contra a Influenza:

Primeira etapa - entre os dias 04/04 e 02/05

  • Idosos com 60 anos ou mais;
  • Trabalhadores da saúde;

Segunda etapa - entre os dias 03/05 e 03/06

  • Crianças de 6 meses a menores de 5 anos de idade (4 anos, 11 meses e 29 dias);
  • Gestantes e puérperas;
  • Povos indígenas;
  • Professores;
  • Comorbidades;
  • Pessoas com deficiência permanente;
  • Forças de segurança e salvamento e Forças Armadas;
  • Caminhoneiros e trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso;
  • Trabalhadores portuários;
  • Funcionários do sistema prisional;
  • Adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas;
  • População privada de liberdade.

Cobertura vacinal contra sarampo também preocupa

A campanha de vacinação contra o sarampo também será iniciada na segunda-feira, 4, e tem o mesmo tempo de duração da ação contra a influenza. A doença é outra que teve cobertura vacinal mais baixa em 2021. No Ceará, apenas 74,05% das crianças menores até um ano receberam a primeira dose da tríplice viral. A segunda dose foi dada a ainda menos pessoas, com apenas 53,43% de cobertura.

Em 2020, o Ceará também não atingiu a meta de imunização contra o sarampo, que é de 95%. O secretário da Saúde do Estado, Marcos Gadelha, alerta que os índices do esquema completo de vacinação, com a segunda dose, já estão abaixo do almejado desde 2015. A situação preocupa, já que o Brasil perdeu o certificado de país livre do sarampo em 2019 devido a surtos da doença em diversos locais.

Neste ano, a estratégia utilizada pela secretaria é vacinar até mesmo aqueles que já receberam as duas doses do imunizante para reforçar a imunização da população contra o vírus causador da doença. Do dia 4 ao dia 31 de abril, profissionais da saúde deverão tomar a vacina. De 2 de maio a 3 de junho, crianças de seis meses a menores de cinco anos de idade são o público esperado nos postos.

Confira o público alvo da campanha de vacinação contra o sarampo

Primeira etapa - entre os dias 04 a 30/04

  • Profissionais da saúde.

Segunda etapa - entre os dias 02/05 a 03/06

  • Crianças de 6 meses a menores de 5 anos de idade (4 anos, 11 meses e 29 dias).