Casos da "virose da mosca" quadruplicam no Ceará; veja como se prevenir

De 1.344 casos registrados em janeiro de 2022, as notificações saltaram para 5.519 ocorrências em fevereiro — quatro vezes mais que no mês anterior. Medidas de higiene são fundamentais para prevenir a doença

13:39 | Mar. 17, 2022

Por: Gabriela Custódio
Unidades de pronto-atendimento (UPAs) devem ser buscadas em caso de sintomas mais fortes de virose da mosca ou em suspeitas de Covid (foto: Yago Albuquerque / Especial para O Povo)

Nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) estaduais, os casos de gastroenterite viral — doença popularmente conhecida como "virose da mosca" — tiveram um aumento percentual de 310,64% entre janeiro e fevereiro deste ano. De 1.344 casos registrados no primeiro mês de 2022, as notificações saltaram para 5.519 ocorrências no mês seguinte.

Doença que se torna mais comum no período chuvoso, a "virose da mosca" é uma infecção causada por vírus — ou até bactérias — que tem como principal sintoma a diarreia. Ela pode estar associada a vômito, náusea, dores musculares e nas articulações, dor abdominal e febre.

Por que casos de "virose da mosca" aumentam

Com mais chuvas e mais insetos circulando, o médico Marco Túlio Aguiar, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade de Fortaleza (Unifor), chama atenção para a possibilidade de moscas entrarem em contato, por exemplo, com lixo a céu aberto e, em seguida, com a população e com alimentos.

No período chuvoso, essa conjuntura "acaba gerando essa consequência, que é o aumento de virose", afirma o profissional, que faz parte do Coletivo Rebento - Médicos em defesa da Vida, da Ética, da Ciência e do Sistema Único de Saúde (SUS).

"Está sendo muito frequente nesse momento, e ao ser acometido por essas doenças é necessário, muitas vezes, procurar atendimento médico — seja na Unidade Básica de Saúde (UBS), seja na Unidade de Pronto Atendimento — para fazer o tratamento adequado e evitar complicações, principalmente em crianças e idosos", afirma o médico Leandro Araújo, da UPA Praia do Futuro.

Como tratar a "virose da mosca"

Uma vez que a pessoa esteja doente, Aguiar explica que, se os sintomas forem leves, ela pode fazer uso de analgésico, como dipirona ou paracetamol, para aliviar a dor muscular e a febre. Também deve hidratar-se água, água de coco e suco.

Um alerta feito pelo médico é para a automedicação, principalmente com antibiótico. Uma vez que a maioria dessas infecções são virais, ele explica que o uso de antibiótico é desnecessário e pode ser nocivo para a população, pois pode gerar resistência ao medicamento.

"Naqueles casos em que tiver uma desidratação mais importante, em que a pessoa está vomitando ou com diarreia muito intensa, seria interessante procurar assistência médica para poder avaliar o quadro de hidratação, se precisa fazer hidratação venosa. Mas na maioria das vezes são casos leves", complementa o médico.

Onde buscar atendimento por "virose da mosca"

Leandro Araújo, também aponta que a "grande maioria" dos casos é leve e pode ser conduzida nas UBS, os postos de saúde. As UPAs são porta de entrada para os casos em que os sintomas não melhoram. "Ou os que estejam com sintomas mais agravados e que realmente necessitem inclusive de exames laboratoriais ou complementares para poder ajudar na melhor condução do diagnóstico, do melhor tratamento desses pacientes", complementa o profissional.

Buscar uma unidade de saúde também é indicado nos casos em que há dúvida sobre qual doença a pessoa tem. Em meio à pandemia de Covid-19, que tem sintomas que podem coincidir com os da gastroenterite viral e ao período chuvoso, que também é favorável ao aumento de casos arboviroses, essas confusões podem ocorrer.

"Dengue, febre amarela, zika e chikungunya, que (também) podem se manifestar com febre alta, dor no corpo e podem cursar com diarreia. Então, se há alguma dúvida quanto ao diagnóstico, é importante procurar o serviço de saúde para fazer o diagnóstico adequado e o tratamento adequado", complementa Marco Túlio Aguiar.

Sintomas mais perigosos da "virose da mosca"

Em crianças e idosos, quadros fortes de diarreia e vômito pode ter impacto mais sérios. "Isso pode ter uma repercussão sistêmica, ele pode ter uma desidratação importante. Então, recomendamos ter uma vigilância maior, oferecer uma quantidade de líquido adequada", explica o professor da UFC e da Unifor.

São indicados tanto os hidratantes naturais quanto aqueles que podem ser comprados em farmácias. "Recomendo, inclusive, que tenha sais de reidratação oral, nas unidades de saúda a população pode conseguir esses sais e pode fazer a hidratação oral, evitando casos de complicação."

Prevenção da "virose da mosca"

Para prevenir-se da gastroenterite viral, o médico indica alguns protocolos já conhecidos da população ao longo desses dois anos da pandemia, uma vez que a Covid-19 também é causada por um vírus.

Higienizar os espaços de trabalho e domiciliar, além de lavar as mãos — com água e sabão, por pelo menos 20 segundos, ou usar álcool gel ou líquido — são ações fundamentais, de acordo com Leandro Araújo.

"A prevenção é fundamental para evitarmos a disseminação dessa doença, já que ela é transmitida de pessoa a pessoa. Temos essa grande tarefa, juntos com toda a comunidade. Menos gente conhecida, é menos gente sobrecarregando (o sistema de saúde)", afirma.

Sintomas

  • diarreia
  • vômito
  • dor no corpo
  • dor abdominal
  • febre

Medidas de combate e prevenção contra viroses

  • Lavar bem as mãos e os alimentos
  • Evitar acúmulo de lixo na rua
  • Utilizar álcool gel
  • Manter os ambiente doméstico e de trabalho limpos
  • Adotar os demais protocolos sanitários