Após queda no primeiro ano de pandemia, transplantes voltam a crescer no Ceará

Em 2022, já foram realizados 77 transplantes e, segundo dados da Secretaria da Saúde do Estado (SESA), 1.051 pessoas aguardam na lista de espera por um doador

No Ceará, entre os anos de 2019 e 2021 ocorreram cerca de 4.259 transplantes. Números que mostram o trabalho na busca por atender as pessoas que necessitam de um novo órgão para seguir vivendo. Mesmo com a pandemia foram uma média de 1419 pessoas atendidas.

A Coordenadora da Central de Transplantes, Eliana Régia relata que a pandemia de Covid -19 transformou o mundo e, com isso, o programa de doação e transplante acabou sendo afetada. Segundo ela, nos meses em que a situação epidemiológica apresentava dados elevados de casos do coronavírus, tanto na 1ª, 2ª e 3ª ondas, houve uma significativa redução das doações e transplantes no Estado.

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No entanto, o Ceará foi uma das poucas unidades federativas que não parou seu plano de transplantes. Em 2022, já foram realizados 77 procedimentos e, segundo dados da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), 1.051 pessoas aguardam na lista de espera por um doador.

“Muitos desconhecem a triste realidade de milhares de pessoas, que contraem, todos os anos, doenças, cujo único tratamento é um transplante. E que, em função disso, ficam à espera de um doador, que muitas vezes não aparece. O doador é a pedra filosofal do processo. A doação de órgãos e tecidos é um ato de solidariedade, que salva vidas e proporciona qualidade de vida”, destacou Eliana.


Queda no números de transplantes

 

Em 2019, último ano antes de iniciar a pandemia do novo coronavírus, o Ceará havia realizado 1.616 transplantes. Baseado nos dados disponibilizados no IntegraSUS, esse total foi o maior registrado de 2017 até o atual momento. Antes da pandemia, os registros indicavam uma média superior a 1.500 transplantes. Os impactos da Covid-19, porém, puderam já ser vistos nos números de 2020, quando 1.122 pessoas receberam um órgão, 494 a menos que no ano anterior.

De acordo com os dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, o Ceará se manteve no 4º lugar no Ranking Nacional em número de doadores efetivos por milhão de pessoas no período pandêmico. Eliana Régia acredita que a diminuição dos casos de Covid-19 trará uma recuperação progressiva nos índices de transplantes realizados, como já se pôde identificar em 2021. No segundo ano de pandemia, com o avanço da vacinação, foram registrados 1.521 transplantes.

“Nesse sentido, é importante destacar os esforços de todos os envolvidos direta e indiretamente no processo de doação e transplante, o empenho do Governo do Estado, através da Secretaria da Saúde, e principalmente da solidariedade do povo cearense. Essa atividade essencial para muitos pacientes, manteve-se ativa”, disse a coordenadora da Central de Transplantes.

 

Números de doadores entre 2019 e 2021

 

Os dados de notificações de potenciais doadores e doadores efetivos não consideram os doadores de córnea, medula e esclera, uma vez que estas são tecidos e não órgãos.

Notificações de potenciais doadores significa que aquelas pessoas manifestaram interesse em ser um doador de órgãos. Doadores efetivos são os pacientes com morte encefálica e que tiveram, por exemplo, coração, rim, fígado e pulmões transplantados para outra pessoa. Nos transplantes são computadas doações de córnea, medula e esclera.

2019: 584 notificações de potenciais doadores de órgãos, com 257 doadores efetivos e 1616 transplantes realizados

2020: 515 notificações de potenciais doadores de órgãos, com 193 doadores efetivos e 1122 transplantes realizados

2021: 627 notificações de potenciais doadores, com 198 doadores efetivos e 1521 transplantes realizados.


Total de transplantes por órgãos e tecidos entre 2019 e 2021

 

2019: córnea, 899; rim (doador falecido), 271; fígado, 229; medula (outólogo), 102; esclera, 31; medula (alogênico), 30; coração, 25; rim (doador vivo), 20; pulmão, 4; rim/pâncreas, 4; pâncreas, 1.

2020: córnea, 633; fígado, 179; rim (doador falecido), 178; medula (outólogo), 68; esclera, 26; medula (alogênico) 20; coração, 14; rim (doador vivo), 2; pulmão, 1; rim/pâncreas, 1.

2021: córnea, 967; rim (doador falecido), 188; fígado, 183; medula (outólogo), 95; medula (alogênico) 38; esclera, 34; coração, 11; rim (doador vivo), 3; rim/pâncreas, 2; pâncreas, 1.

 

Como ser um doador

Os dados disponibilizados no IntregraSUS, apontam um baixo percentual de doadores efetivos, os números não chegam a 45% das notificações. Eliana Régia explica que isso ocorre devido à desinformação sobre o processo de doação de órgãos. A coordenadora da Central de Transplantes pede que o doador deixe claro para sua família a intenção de contribuir com o programa.

“No Brasil, a doação de órgãos e tecidos só será feita após autorização familiar. Importante a conversa com a família e os amigos sobre o seu desejo de ser doador e deixar claro que eles, seus familiares, devem autorizar a doação de órgãos e tecidos. Comunique à família e incentive seus amigos a fazer o mesmo”, ressaltou.

Caso um potencial doador não tenha manifestado o interesse de doar em vida, uma equipe da Organização de Procura de Órgãos (OPO) ou da Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT), formada por profissionais de saúde capacitados, faz um acolhimento da família em luto.

“Se estabelece uma relação de ajuda baseada no respeito, empatia e autenticidade. E, de maneira adequada, a equipe oferece a possibilidade da doação como um direito deles”, explica Eliana.

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