Águas do São Francisco chegam novamente ao Castanhão até o fim do mês
A transferência aconteceu pela primeira vez em março de 2021. A liberação durante o primeiro semestre é uma estratégia da gestão hídrica para obter melhores resultados aproveitando as condições da quadra chuvosaAs águas do Projeto de Integração do Rio São Francisco (Pisf) foram liberadas na última quarta-feira, 9, para o açude Castanhão, maior reservatório do Estado. A liberação aconteceu com abertura da comporta no quilômetro 53 do Cinturão das Águas do Ceará (CAC), no município de Missão Velha. O caminho até o reservatório tem 300 km, passando pelo riacho Seco, pelo rio Salgado e pelo rio Jaguaribe. A previsão é que o percurso seja cumprido em até 20 dias.
Do reservatório, a água chegará também a Fortaleza e Região Metropolitana, por meio do Eixão das Águas, e deverá beneficiar 4,5 milhões de cearenses. “A transferência de água representará um aumento na garantia hídrica humana da Região Metropolitana de Fortaleza, além da melhora na oferta de água para a atividade produtiva rural do Vale do Jaguaribe”, afirma a SRH em nota.
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O secretário dos Recursos Hídricos, Francisco Teixeira, explica que a transferência de água durante o primeiro semestre é uma estratégia da gestão hídrica para obter melhores resultados. “O volume líquido de transferência que chegará ao Castanhão sempre será maior no período chuvoso”, garante. Isso porque, como as calhas dos rios estão úmidas e com algum fluxo natural, ficam reduzidas as perdas por infiltração, por evaporação e por retiradas ilegais.
Para Braulino Coelho, administrador do reservatório por parte do Departamento de Obras Contra as Secas (Dnocs), "a liberação das águas do CAC é muito importante e os impactos são somente positivos". "Não vejo como impactos, só importância para todo o vale jaguaribano, Fortaleza e região. É importante para a recarga no reservatório", afirma.
Neste início de fevereiro, o açude reserva 562,5 hm³ de água, o que corresponde a 562,5 bilhões de litros ou, proporcionalmente, a apenas 8,4% do seu volume total. É uma situação melhor que a registrada em fevereiro de 2018, quando o açude chegou a apenas 2% da sua capacidade, mas muito abaixo dos 6.700 hm³ de água que é capaz de guardar. O volume máximo chegou perto de ser alcançado apenas em maio de 2009.
É a segunda vez que as águas do rio São Francisco são liberadas do Cinturão das Águas do Ceará (CAC) para o açude. Em 1º de março de 2021, as águas do Eixo Norte da transposição foram liberadas a partir do reservatório Jati rumo ao Castanhão. Dez dias depois, o Velho Chico desaguou no Castanhão.
A liberação seguiu até maio, quando foi interrompida, conforme o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), para manutenção e troca de válvulas das estações no Eixo Norte do Pisf. Em agosto, o bombeamento foi retomado e direcionado ao estado da Paraíba.
Os açudes cearenses
O sistema de reservatórios de água do Ceará guardam atualmente 21,3% de sua capacidade total. São quase quatro trilhões de litros de água armazenados entre os 155 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh).
Entretanto, 69 estão com volume inferior a 30%. Apenas três, os açudes Rosário, localizado em Lavras da Mangabeira; Germinal, no município de Palmácia; e Barragem do Batalhão, em Crateús, têm volume acima de 90%. Os dois últimos atingiram o volume máximo e estão sangrando. Os dados são do Portal Hidrológico, atualizados às 12h28min desta sexta-feira, 11.
Neste ano, a pré-estação chuvosa terminou com os melhores índices de chuvas dos últimos anos, de acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Entre dezembro e janeiro, o Estado registrou o acumulado de 215,6 milímetros. O cenário reflete na situação dos açudes: resenha diária divulgada pela Cogerh em 11 de fevereiro mostra que, em janeiro de 2022, os reservatórios tiveram aporte de 290 milhões de litros de água. É seis vezes o aportado no mesmo período do ano passado.
O que é o CAC
O Cinturão das Águas do Ceará (CAC) é o caminho que permite levar as águas do rio São Francisco à Região Metropolitana de Fortaleza, para garantir a segurança hídrica da área. Ele está em pré-operação desde março de 2021.
A obra é tocada pelo Governo do Ceará e tem investimentos estaduais e federais. Até a finalização, o empreendimento deve ser orçado em R$ 1,6 bilhão. A previsão é que as obras sejam concluídas em dezembro de 2022.
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