Estudantes africanos da Unilab protestam contra morte de Moïse Kabagambe
Alunos e integrantes de movimentos sociais se agruparam em frente ao campus da Liberdade em ato solidário ao congolês Moïse, morto em 24 de janeiro, no Rio. Cartazes com frases pedindo justiça e respeito à população negra foram erguidosOs estudantes africanos da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) realizaram na tarde deste sábado, 5 de fevereiro, um protesto de solidariedade a Moïse Kabagambe, cidadão congolês que foi espancado até a morte no Rio de Janeiro, no dia 24 de janeiro. Além dos alunos, o ato contou com a presença de integrantes de movimentos sociais, que se agruparam em frente ao campus da Liberdade, onde fica o monumento “Negra Nua”, em Redenção, no Ceará.
Durante a manifestação pacífica promovida pelo coletivo das Associações de Estudantes Africanos da instituição, cartazes com frases pedindo justiça e respeito à população negra foram erguidos. "Justiça por Moïse", "A carne mais barata do mercado é a carne negra" e ainda "Nós somos humanos", foram algumas das mensagens escritas.
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De acordo com estudante de Administração Pública da Unilab, Jorge Fernando Lodna, o protesto visa a busca por justiça e luta pelo fim do racismo e xenofobia. “O objetivo do ato é pedir justiça, porque nós queremos que seja feita justiça [...] Estamos inseridos numa sociedade e um de nós pode ser vítima desse tipo de ato ‘amanhã’. Será, portanto, pra mostrar nosso repúdio e pedir que a justiça seja feita.”
O docente moçambicano do Instituto de Humanidades Segone Ndangalila Cossa apontou o protesto também como uma forma de celebrar a união da organização negra africana, além de homenagear a vida de Moïse. “Será também um momento de celebração de comunhão e de organização negra africana para homenagear Moïse Kabagambe, que foi um imigrante congolês brutalmente assassinado no Rio de Janeiro. E o nosso coro junta-se ao coro nacional”, explicou.
Confira na íntegra nota da Unilab sobre a morte de Moïse Kabagambe:
"A Reitoria, o Serviço de Promoção à Igualdade Racial e as pró-reitorias que compõem a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) emitiram nota intitulada “Justiça por Moïse Kabagambe”, diante da violência sofrida por Moïse Kabagambe, natural da República Democrática do Congo (país da África Central), de 24 anos, que estava no Brasil desde 2014. O congolês faleceu no Rio de Janeiro, vítima de um espancamento, no dia 24 de janeiro deste ano.
Segundo a nota emitida pela Unilab, “aventamos que Moïse Kabagambe tinha desejos e sonhos comuns a boa parte do corpo estudantil internacional da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira, a Unilab. Uma instituição muito peculiar, nascida com ênfase na cooperação solidária sul-sul entre países falantes de Língua oficial Portuguesa, especialmente os africanos”. A nota segue em tom de consternação diante do fato ocorrido e pede por justiça à memória do cidadão congolês.
“A morte violenta de Moïse em território brasileiro nos consterna enquanto instituição com diretrizes assentes na internacionalização da educação superior com os países africanos e Timor-Leste. A brutalidade que se fez presente no assassinato de Moïse traz à tona a violência racial e a xenofobia com os corpos negros, em particular os imigrantes. Ciente que poderia ser um dos nossos discentes a passar por situação semelhante ao assassinato do Moïse, repudiamos a violação aos direitos humanos e afronta à ´Lei de Migração Brasileira.´
Entendendo o Congo enquanto país de ‘língua oficial’ francesa, uma nação africana que deu um contributo enorme na formação do Brasil, uma das maiores diásporas africanas no mundo, não se justifica as reações de xenofobia e racismo constantemente acometidas à comunidade congolesa no Brasil. Portanto, os laços afetivos e históricos comuns entre o Congo e a nação brasileira são facilmente evidenciados.
Nós da Unilab, nos unimos ao coro que clama por justiça à memória de Moïse Kabagambe e à sua família. Enquanto instituição internacional, a Unilab atua na contramão dessas violências. ”
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