Ceará lidera proporção de matrículas de tempo integral no ensino fundamental

Estado manteve-se no topo do ranking entre os estados brasileiros, segundo dados do Censo Escolar 2021, divulgado nesta segunda-feira, 31, pelo Inep. Porém,o Ceará teve o menor percentual de estudantes matriculados no ensino fundamental.

20:15 | Jan. 31, 2022

Por: Luciano Cesário
Em relação a 2020, Ceará teve crescimento de 4,7% no número de matrículas em tempo integral no ensino fundamental (foto: Barbara Moira)

No ano passado, o Ceará foi o estado brasileiro com a maior proporção de alunos matriculados em escola de tempo integral na rede pública de ensino fundamental. A informação foi divulgada nesta segunda-feira, 31, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio (Inep), durante a apresentação da primeira etapa do Censo Escolar 2021. Os dados indicam que ao menos 33,2% dos estudantes cearenses do 1º ao 9º ano frequentaram essa modalidade de ensino no ano anterior.

Em relação a 2020, quando o Ceará também ocupou a liderança do ranking, com 28,5%, houve um crescimento de 4,7 pontos percentuais. Na segunda posição, aparece o Maranhão, com 24,3%. Na sequência, o Piauí, com 23,9%, acompanhado do Tocantins, com 20,5%, e de Alagoas, que tem 14,1%.

Os piores indicadores pertencem ao Mato Grosso (3,0%), Rondônia (2,1%), Acre (0,6%), Amapá (0,5%) e Roraima (0,2%). Considerando os 26 estados e o Distrito Federal, a média é de 17,7%, ante a 14,5% em 2020. O Inep ainda não informou o total de matrículas em números absolutos. O resultado consolidado deve ser publicado ainda esta semana.

De acordo com as estatísticas, 79,1% dos estudantes cearenses que frequentaram turmas dos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano) em 2021 estavam matriculados em escolas municipais. Outros 20,4% eram alunos da rede privada. Já nos anos finais (6º ao 9º ano), foram 82,5% das matrículas nas redes municipais, 2,0% nas escolas estaduais e 15,4% em instituições particulares.

Os dados mostram que a rede estadual do Ceará tem o menor percentual de estudantes matriculados no ensino fundamental. O estado fica ao lado do Maranhão, com 3,5%. Roraima e Amapá, por sua vez, concentram as maiores proporções, com 89,4% e 88,5%, respectivamente.

Ensino médio

O Censo Escolar ainda mostra que dos cinco estados brasileiros com maior proporção de estudantes matriculados em escolas de tempo integral no ensino médio, em 2021, quatro são da Região Nordeste. Pernambuco manteve a liderança com 58,5%. Em seguida aparece a Paraíba, com 55,7%, e o Ceará, com 33,2%, ambos mantendo as mesmas posições do ranking de 2020. Sergipe (26,6%) e Amapá (22,0%) fecham a lista dos cinco melhores indicadores nesta modalidade.

Os menores percentuais foram medidos no Distrito Federal (6,8%), Bahia (5,9%), Rio Grande do Sul (4,8%), Pará (3,7%) e Paraná (3,6%). Na média nacional, a proporção saltou de 19,2% para 22,2%. Apesar do resultado positivo, o Inep pontua que “é importante considerar o contexto atual da pandemia e seu impacto sobre aspectos relacionados ao planejamento do currículo e carga horária das escolas, de forma que esse indicador pode não refletir a realidade das escolas nos períodos em que desenvolveram atividades remotas ou híbridas”.

Ao contrário do ensino fundamental, na educação de nível médio a maioria das matrículas estão concentradas na rede estadual. No Ceará, o índice chega a 90,4%, ante a 8% nas escolas privadas e 1,6% nas instituições federais.

Dados estratificados

A primeira etapa do Censo Escolar 2021 traz informações sobre escolas, professores, gestores e turmas (nas suas diferentes modalidades), além de revelar o perfil dos alunos. De acordo com o Inpe, a pesquisa, que considera os dados colhidos até maio do ano passado, serve como fonte fundamental para o planejamento das políticas educacionais e permite compreender e identificar as principais variáveis do ensino brasileiro nos estados e municípios.

Matrículas

No total, foram contabilizadas 178,4 mil escolas de educação básica no Brasil. Juntas, elas somam 46,7 milhões de matrículas – cerca de 627 mil a menos em comparação com 2020, o que corresponde a uma redução de 1,3%. A rede municipal atende à maioria (49,6%) dos alunos. A estadual é a segunda maior (32,2%), seguida pela privada (17,4%). Já a União (rede federal) é responsável por apenas 0,8% dos alunos matriculados na educação básica.

Educação infantil

O número de matrículas na educação infantil manteve a tendência de queda. Apesar do crescimento até 2019, o índice de crianças matriculadas em creches caiu 9% entre 2019 e 2021. A redução é mais notável na rede privada, que apresentou uma diminuição de 21,6% de 2019 a 2021. Na rede pública, foram 2,3% a menos nesse período. Ao todo, o Brasil tem 69,9 mil creches em funcionamento.

Ensino fundamental

Entre todas as escolas de educação básica no Brasil, 123,6 mil (69,3%) oferecem alguma etapa do ensino fundamental. Dessas, 106,8 mil ofertam os anos iniciais e 61,8 mil disponibilizam a última etapa. A rede municipal é a principal responsável pela oferta dos primeiros anos. São 10,1 milhões de alunos (69,6%), o que corresponde a 84,8% dos alunos da rede pública.

Nos anos iniciais, 18% dos alunos frequentam escolas privadas. A proporção dessa rede, a propósito, diminuiu 7,1 pontos percentuais entre 2020 e 2021. Nos anos finais, a participação da rede estadual é de 40% sobre as matrículas, com 4,8 milhões de alunos. Nesta etapa final do ensino fundamental, há uma divisão majoritária de responsabilidade entre os estados e municípios.

A rede municipal atende a 5,3 milhões de alunos (44,7%). Já as escolas privadas reúnem 15% das matrículas. Ao todo, 12 milhões de estudantes cursam os anos finais do ensino fundamental no Brasil.

Ensino médio 

A rede estadual tem a maior concentração de alunos no ensino médio, atendendo a 6,6 milhões de alunos (84,5%). Nela, também está a maioria dos estudantes de escolas públicas (96%). Em seguida, estão as redes privada, com cerca de 935 mil alunos (12%), e federal, com 229 mil matrículas (3%), respectivamente.

EJA e Educação especial

Em 2021, foram registrados 2,9 milhões de estudantes na educação de jovens e adultos (EJA), 100 mil a menos do que em 2020. Segundo o Inpe, a queda é considerada pequena dentro do contexto de dificuldades causado pela pandemia. Já as matrículas na educação especial aumentaram em todas as etapas (infantil, fundamental e médio), seja nas classes especiais e escolas exclusivas ou em classes comuns (alunos incluídos).

Educação profissional

O número de estudantes matriculados na educação profissional também apresentou uma queda considerada pequena, de acordo com o Inep, levando em conta o cenário instaurado pela crise sanitária. Em 2020, foram registrados 1.936.094 alunos.

No ano de 2021, o número oscilou para 1.892.458. As matrículas da educação profissional estão principalmente concentradas na rede estadual, representando 42,6% do universo total de estudantes nesta modalidade, seguida das redes privada e federal, com 37,7% e 17,6%, respectivamente.

Professores e diretores

Em 2021, foram contabilizados 2,2 milhões de professores e 162.796 diretores na educação básica brasileira. A maioria dos profissionais que exercem o cargo de direção têm formação superior (89,5%) e é mulher (80,7%).

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