Justiça nega remédio a jovem com leucemia e família abre campanha de arrecadação
Medicamento foi negado pela Justiça Federal, que alegou não poder arcar com o custo alto da medicação;
05:07 | Jan. 28, 2022
O jovem Caio Bruno Ferreira Lima, de 20 anos, está há quase um ano em tratamento contra a leucemia. Em estado avançado da doença, Caio necessita de um remédio de cerca de 147 mil reais para se tornar apto a realizar as quimioterapias e, posteriormente, um transplante.
Sem poder pagar pelo remédio, a família recorreu à Justiça Federal. O pedido, no entanto, foi negado. Agora, Caio e os parentes recorreram a uma campanha de mobilização para reverter a decisão judicial.
O Gilteritinib é usado como alternativa quando outras medicações ou as sessões de quimioterapia não surtem efeito no quadro clínico de leucemia, como no caso de Caio. O remédio de alto custo, porém, não é fornecido pelo SUS.
Segundo a decisão judicial, assinada pelo juiz Luis Praxedes Vieira da Silva, emitida no último dia 17, é inviável que o sistema de saúde custeie um medicamento tão caro, tendo em vista o contexto de pandemia. "Mesmo com todo o sofrimento e tormento que passa a parte autora, numa situação de enfermidade grave, a lógica do sistema é social, e não individual, ou privada", conta o parecer.
"A gente entrou em desespero. É uma medicação muito cara, a gente não consegue comprar. A chance dele sair dessa doença é o remédio, para fazer a quimio e realizar o transplante", conta Sara Bruna, irmã de Caio. Pelas redes sociais, a família vem pedindo às autoridades e demais pessoas ajuda para reverter a decisão e o juiz dar o parecer favorável.
A equipe do O POVO entrou em contato com a assessoria do Tribunal de Justiça do Ceará na noite desta quinta-feira, 27, as 22h25min, através de dois contatos de Whatsapp, e aguarda retorno.
Família de jovem com leucemia faz campanha de arrecadação
Caio foi diagnosticado com leucemia em julho do ano passado. Na época, ele chegou a passar três meses internado no Hospital Geral de Fortaleza (HGF) e, durante esse tempo, passou por três sessões de quimioterapia. Antes mesmo de realizar os procedimentos, os médicos informaram que o jovem era portador de uma mutação rara, o que faz com que a doença se torne mais grave.
Para aumentar as chances de sobrevivência, Caio precisaria de uma medicação de alto custo chamada Midostaurina. O medicamento, contudo, custava cerca de 90 mil reais. Impossibilitados de pagar o valor, a família recorreu à Justiça.
Nesse meio tempo, foi constatado que uma das irmãs de Caio é uma doadora compatível para realizar o transplante. Dessa forma, só faltava que o jovem tivesse acesso a medicação, que inibiria a mutação. Seria possível, então, dar continuidade ao tratamento com quimioterapia e, posteriormente, realizar o transplante.
A família iniciou uma campanha para arrecadar o valor da medicação. "Com o que a gente arrecadou, conseguimos comprar duas caixas do medicamento. Mas o Midostaurina custa 90 mil reais apenas uma caixa, ele precisava de 15 caixas. Mesmo a gente comprando, a gente ainda precisava que o Estado fornecesse as demais", conta Sara.
Com o valor das doações, Caio conseguiu comprar parte do medicamento necessário. "As caixas eram de uma pessoa lá de Florianópolis, que não usava mais o remédio. A gente comprou por 20 mil duas caixas e ele começou a fazer o tratamento. Nesse intervalo, a gente conseguiu também uma resposta do Estado favorável e ele recebeu mais duas caixas", conta a irmã.
Mas durante os três meses de internação, o jovem e sua família sofreram outro baque. Em outubro de 2021, a equipe médica informou que o medicamento adquirido não estava surtindo o efeito esperado. "Todas as nossas esperanças estavam nesse medicamento. Quando a gente conseguiu comprar as caixas e depois quando a gente conseguiu que o Estado oferecesse mais duas, era como se nossos problemas estivessem sendo resolvidos. Começou todo o sofrimento de novo", relatou Sara.
Medicação alternativa para leucemia custa R$ 147 mil
A familiar conta que, ainda em outubro, os médicos receitaram outra medicação de alto custo, o Gilteritinib. Essa medicação é mais cara, custando em torno de 147 mil reais. Sem fabricante no Brasil, o remédio importado é usado como uma alternativa quando as outras medicações ou as sessões de quimioterapia não surtem efeito.
Como a Justiça Federal já tinha fornecido uma remessa de outro remédio, a família não pensava na possibilidade da solicitação pelo Gilteritinib ser rejeitada. Segundo Sara, o caso clínico de Caio é considerado paliativo. Desde outubro, o hospital mandou o jovem para casa, alegando que não há mais nada que possa ser feito, até que essa medicação seja adquirida.
"Já entramos com o recurso, com o advogado que a gente contratou. A gente tá fazendo barulho, pedindo para o pessoal divulgar (a situação) para a gente talvez chamar atenção das autoridades e a Justiça mudar essa decisão", conta a irmã.
A campanha para arrecadar doações também foi retomada. "Se aparecer alguém vendendo a medicação mais barata ou se a gente, se Deus quiser, conseguisse 147 mil reais para comprar, íamos tentar reverter a situação", continua. "Ele tem que tomar essa medicação. Ele não pode esperar muito tempo", conta emocionada a irmã.
As doações podem ser ralizadas através do da chaves Pix (CPF): 765.528.109-20 - Raimunda Lucia.
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