Uece: vacina cearense contra a Covid promete ser barata, intranasal e segura
Equipe de especialistas da Uece vai testar o imunizantes em hamsters, antes de avançar em testes clínicos com humanosDesde o início de 2020, a ciência ao redor do mundo entrou em consonância para desenvolver estudos e um imunizante capaz de neutralizar as ações do coronavírus, causador da Covid-19. O esforço também rende frutos no Estado. A Universidade Estadual do Ceará (Uece) anunciou a conclusão de mais uma fase de testes solicitados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a conclusão de um vacina totalmente cearense contra Covid-19.
Com a conclusão dos trâmites exigidos pela Anvisa, a instituição de ensino estadual poderá ser responsável por desenvolver um imunizante com baixo custo, intranasal (aplicação dentro do nariz) e, com tecnologia segura para humanos, avalia o doutor em biotecnologia da Saúde, um dos responsáveis pelo estudo da vacina, Ney Almeida.
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“Acreditamos que a concentração de vírus vacinal que queremos colocar por dose é suficiente para que um frasco que custa R$ 11 no comércio local seja capaz de fornecer 250 doses. Assim, cada dose custaria R$ 0,044 centavos", calcula.
"Se levarmos em conta que temos 240 milhões de pessoas no Brasil, então seriam necessárias 480 milhões de doses. Isso significa que a imunização de todo o país, com duas doses, custaria pouco mais de R$ 21 milhões. A dose de vacina mais barata comercializada hoje é a CoronaVac, que custa R$ 16 cada dose”, aponta o doutor em biotecnologia.
Entre os inventores da vacina, junto a Ney Carvalho, estão os pesquisadores Maria Izabel Guedes e Mauricio van Tilburg.
Testes pré-clínicos
Com os avanços da pesquisa, a Anvisa solicitou à Universidade resultados mais robustos, “os quais estamos obtendo e finalizando mediante a parceria dos laboratórios da Universidade Federal do Ceará (UFC)”, comenta o pesquisador.
Inicialmente, todos os testes foram feitos em camundongos. A Agência solicitou que os novos testes passassem a ser feitos em hamsters, pois esses animais podem proporcionar uma melhor resposta em relação à interação com o vírus SARS-CoV-2.
Além disso, foi solicitado também que os pesquisadores fizessem um estudo piloto da vacina com a indicação de uso para humanos (testagem clínica). "Para realizar essa fase da pesquisa, nós estamos verificando a disponibilidade de atuar em parceria com a Bio-Manguinhos/Fiocruz e, possivelmente, com parcerias privadas”, comenta Ney Almeida.
2H120 Defense
O estudo está sendo desenvolvida no Laboratório de Biotecnologia e Biologia Molecular (LBBM). A vacina 2H120 Defense — como será chamada a vacina — advém de um estudo que se baseia na utilização de um vírus vacinal para coronavírus aviário.
O pesquisar explica que esse vírus, da forma que é modificado, possui a capacidade de produzir anticorpos de uma forma que neutralize o SARS-CoV-2 ou pode ser responsável por proporcionar um abrandamento da doença.
"Essa forma de produção de vacina está no mercado há 60 anos. Ela não causa infecção em seres humanos, sendo um imunizante de primeira geração e com resultados satisfatórios frente à possibilidade de imunização", avalia o pesquisador e um dos responsáveis pelo estudo.
No entanto, o pesquisador faz uma ressalva em relação aos estudos clínicos, que poderão apontar algumas intercorrências. Há a possibilidade de variação no uso do imunizante em pessoas que tenham alergia à proteína do ovo, pois o vírus é cultivado em ovos. “Mas acreditamos que não irá ocorrer (a alergia)”.
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