Veja como foi o primeiro dia de obrigatoriedade das máscaras N95 no Ceará

Na Capital, setores conseguiram se adequar à nova regra, mas reclamam de desabastecimento das máscaras exigidas pelo Governo

20:34 | Jan. 24, 2022

Por: Luciano Cesário
Nova regra vale para escolas, supermercados e farmácias; outros setores ainda podem ser incluídos, segundo decreto do Governo do Estado (foto: Thais Mesquita)

Entrou em vigor nesta segunda-feira, 24, no Ceará, a regra que impõe a obrigatoriedade do uso de máscaras PFF2, N95 ou similares para trabalhadores de escolas, supermercados e farmácias que tenham contato direto com o público. A medida foi regulamentada através do decreto estadual de combate à pandemia publicado no último dia 15 de janeiro.

As empresas, que são obrigadas a fornecer o item de proteção aos seus funcionários, tiveram prazo do dia 17 a 23 para se adequar à norma, durante o chamado período de transição.

No primeiro dia de vigência da nova regra, O POVO visitou cinco estabelecimentos dos três segmentos abrangidos pela medida. Em todos eles, o uso do modelo de proteção facial exigido pelo Governo estava sendo devidamente obedecido. Mas a compra do produto não foi tarefa fácil.

As empresas alegam que há um desabastecimento das máscaras nas principais redes de drogarias da Capital e que, por isso, precisaram fazer a aquisição do item em lojas online e com uma certa antecedência.

No Colégio Christus, no bairro Dionísio Torres, um dos locais visitados pela equipe de reportagem, as máscaras foram distribuídas aos funcionários ao longo da última semana.

O engenheiro de segurança e coordenador do Comitê Interno de Prevenção à Covid-1 do colégio 9, Leonardo Rocha, afirma que, embora a instituição tenha se antecipado na compra, o produto não foi encontrado com facilidade no mercado. “Enfrentamos uma grande dificuldade, mas, após muita pesquisa, conseguimos garantir uma remessa suficiente para todos os nossos colaboradores”, frisou.

No total, o Colégio Christus conta com 650 funcionários distribuídos em 15 unidades. Segundo Rocha, mesmo com a escassez do produto no mercado, a instituição já trabalha para garantir a compra de novos lotes, que serão utilizados na reposição.

Dependendo da fabricante, as máscaras N95 ou PFF2 podem ser utilizadas por um período entre sete e 15 dias, desde que corretamente conservadas. Para o engenheiro, o uso dos novos modelos garante mais segurança a funcionários, alunos e pais.

Embora a medida seja obrigatória apenas para os trabalhadores, não foi difícil encontrar estudantes utilizando N95 ou máscaras similares nos corredores e salas de aula do Colégio Christus. A adesão ao produto parece ser maior nas turmas do ensino infantil.

Apesar disso, ainda predomina a preferência pelo modelo cirúrgico, encontrado com mais facilidade nas farmácias, ou as feitas de pano, que se popularizaram desde o começo da pandemia.

Nos supermercados, onde o fluxo de pessoas em circulação costuma ser alto, muitos dos funcionários já usavam o modelo de máscara exigido no decreto do governo antes mesmo de a regra entrar em vigor. Agora, com a obrigatoriedade, o fornecimento do item passa a ser de inteira responsabilidade da empresa.

A rede de supermercado Mercadinho São Luiz, uma das maiores do Ceará, com quase três mil funcionários, garantiu a compra das máscaras para seus colaboradores com pelo menos uma semana de antecedência.

“Assim que saiu o decreto, o pessoal do setor de recursos humanos já fez o levantamento de todos os funcionários da empresa e alinhou com o departamento comercial a compra [da máscara] para todos os funcionários”, explicou Francisco José Cristino, 41, gerente da unidade unidade localizada na avenida Barão de Studart, no Pici.

Para driblar a falta do produto nas farmácias da Capital, o gerente afirma que a empresa precisou recorrer ao e-commerce (compra online). “Esse planejamento foi feito bem antes porque, como a demanda iria aumentar, não poderíamos correr o risco de ficar desabastecidos. Já foi acertado com o fornecedor, inclusive, a compra de novas remessas quando for necessário fazer a reposição”, detalha.

De acordo com Francisco, cada funcionário recebeu um kit com três máscaras.

Assim como nos supermercados, o uso da N95, PFF2 e modelos semelhantes já não era novidade entre os trabalhadores de farmácias. O hábito de utilização do item, considerado mais eficaz na proteção contra a Covid-19, foi desenvolvido ainda no começo da crise sanitária, quando o risco de contágio pelo coronavírus era maior devido ao seu alto grau de circulação.

Com a introdução da variante Ômicron no Ceará, a adesão a este tipo de máscara voltou a aumentar no ambiente das drogarias.

Nas três farmácias visitadas pelo O POVO, todas no bairro Aldeota, não havia nenhum funcionário sem o item de proteção exigido. Por outro lado, o produto estava em falta nas prateleiras.

Os atendentes relataram que os poucos estoques da última semana não foram suficientes para a demanda crescente desde que o decreto foi anunciado. “Por enquanto, a empresa só garante mesmo a nossa [máscara], porque para vender não tem nem previsão de quando teremos novamente”, disse uma funcionária.

No decreto que determina o uso obrigatório da N95, PFF2 ou máscaras similares, o Governo do Ceará pontua que esses modelos são considerados mais eficazes no combate à transmissão de vírus respiratórios.

Além dos três segmentos incluídos na norma, o documento fala que a medida pode ser estendida a outros setores nos próximos dias, caso haja parecer da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Apesar da exigência, o texto não menciona possíveis sanções aos estabelecimentos que desobedecerem à regra.

75 vezes mais proteção

Estudo do Instituto Max Planck, da Alemanha, publicado em dezembro do ano passado, mostra que as máscaras PFF2 ou N95 protegem até 75 vezes mais do que os modelos de pano ou cirúrgicos.

Para isso, no entanto, é necessário que estejam bem ajustadas, de modo a impedir a passagem de ar pelas bordas da boca ou do nariz. Nesse caso, o risco de contaminação seria de apenas 0,14%. Se o encaixe for incorreto, a probabilidade aumenta para 4%.

Para evitar contaminação, a médica Christianne Takeda, infectologista do Hospital São José (HSJ), orienta que a retirada da máscara deve ser feita sempre pelos elásticos, sem que a parte externa seja tocada.

O ideal é que o produto seja guardado em um saco plástico, em lugar limpo e bem arejado. “É fundamental que a pessoa higienize as mãos com álcool em gel ou água e sabão após retirar a máscara do rosto e armazená-la”, explicou a especialista.

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