Arboviroses: quais os riscos e cuidados com mosquitos em época de chuvas no Ceará?
Com o possível aumento dos adoecimentos por arboviroses, especialistas apontam medidas de proteção para evitar surtos das doençasA chegada das chuvas no Ceará liga o sinal de alerta nas autoridades públicas para os cuidados contra os mosquitos. Tendo as condições propícias para a proliferação dos insetos, doenças como dengue, zika e chikungunya podem gerar problemas de saúde. Com nome científico Aedes aegypti e Aedes albopictus, as duas espécies de muriçocas estão presentes em muitos lares de Fortaleza.
“Neste período, com a chegada das chuvas, é muito comum o aumento de reservatórios de água pelas cidades e o rompimento de esgotos com vazão da água suja para as ruas e valas, proporcionando locais favoráveis à proliferação de mosquitos, em especial daqueles que fazem a postura de ovos em ambientes poluídos, como canais, córregos e lagoas repletos de lixo ou contaminados com esgoto”, diz a doutora Tatiana Paschoalette Bachur, especialista em Vigilância Ambiental e professora de Parasitologia do curso de Medicina da Universidade Estadual do Ceará (Uece).
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Com 11 casos notificados de dengue em Fortaleza e zero de zika e chikungunya no ano, o adoecimento por arboviroses ainda está baixo m 2022, segundo dados do Sistema de Monitoramento Diário de Agravos da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A especialista em vigilância ambiental Tatiana Paschoalette explica que, mesmo com os casos reduzidos, os cuidados não devem ser deixados de lado. “Na presença das muriçocas, a população deve, então, proteger-se individual e coletivamente. O uso de repelentes na pele pode ser uma alternativa; uso de inseticidas no ambiente, que devem ser usados com a máxima cautela devido ao risco de intoxicações; telas nas janelas e portas para impedir a entrada dos mosquitos no domicílio; uso de mosquiteiros na cama, rede ou berço para proteger-se na hora do sono”, afirma a especialista.
Segundo Tatiana, alguns cheiros podem afastar as muriçocas, como incensos, essências e velas de citronela. Além disso, o uso de ventiladores e ar-condicionados podem ajudar a manter os insetos longe, embora nem sempre funcionem. As famosas raquetes elétricas também podem ajudar a matar as muriçocas enquanto o indivíduo estiver acordado.
A doutora em Saúde Coletiva pela Uece, Suyanne Macedo, explica que a forma mais efetiva de evitar a reprodução dos mosquitos é eliminar os criadouros. “Não ter água parada e se atentar a vedação das caixas d'água. Observamos que às vezes a caixa é improvisada. As pessoas fazem de alvenaria e não colocam tampa. Sabemos que os grandes reservatórios são os locais mais propícios para produzir os mosquitos. Vimos que na maioria dos lares os reservatórios estão dentro de casa, na cozinha ou área de lavar”, explica Suyanne.
Apesar de vetores e transmissores das mesmas doenças, os mosquitos possuem diferentes hábitos e comportamentos. A doutora Suyanne Macedo explica que o Aedes aegypti se adaptou a viver no ambiente interno de casa, com comportamento antropofágico. Ao contrário do Aedes albopictus, que prefere ficar no peridomicílio, em locais com plantas como quintais, praças, parques, riachos e terrenos baldios.
Dicas para evitar a proliferação dos mosquitos:
- Deixe as garrafas sempre viradas de cabeça para baixo;
- Coloque areia nos vasos de plantas;
- Limpe as calhas para evitar o acúmulo de água;
- Tampe as caixas d'água;
- Deixe as lonas esticadas para evitar a formação de poças de água;
- Guarde pneus em locais cobertos.
Cuidados:
- Aplique repelente no corpo;
- Use roupas compridas;
- Coloque telas de proteção nas janelas e portas;
- Escove vasilhas de água e comida dos animais, mantendo-os secos e limpos;
- Mantenha as lixeiras bem fechadas.