Força-tarefa visita bairros de Fortaleza para eliminar criadouros do Aedes aegypti

Com a alta de casos da Influenza e da Covid-19, a quadra chuvosa acende um sinal de alerta para a prevenção da propagação do mosquito que também transmite dengue, chikungunya e o zika vírus

21:10 | Jan. 05, 2022

Por: Danrley Pascoal
Agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias poderão passar a acumular cargos públicos (foto: Aurelio Alves)

Com a volta das chuvas no Ceará, os cuidados em relação ao aedes aegypti precisam ser redobrados. É nessa época do ano que os municípios cearenses costumar registrar o maior número de casos de dengue e das outras doenças causadas pelo mosquito. Para evitar um possível surto de arboviroses em Fortaleza, a Vigilância Sanitária realiza uma força-tarefa em diversos bairros da Capital com o objetivo de eliminar criadouros do inseto e orientar a população sobre medidas de prevenção. As ações fazem parte da "Operação Inverno", que se estende até meados de fevereiro.

Nesta  quarta-feira, os agentes de endemias estiveram no bairro Joaquim Távora. Eles visitaram residências, terrenos baldios e pontos comerciais. No trajeto, diversos focos de criação do mosquito foram anulados, como pneus velhos, garrafas pet e resíduos plásticos. A maioria dos objetos haviam sido descartados em locais abertos. Nas casas, os moradores receberam dicas para observar mais cuidadosamente o quintal, tampar os tonéis e caixas d'água, realizar limpeza frequente nas calhas e manter as lixeiras sempre bem tampadas. 

 

"Isso é um trabalho tão importante, porque nossa saúde está tão fragilizada, principalmente com a gripe e a Covid. A gente tem que fazer a prevenção continuamente. Na minha casa, eu faço uma verificação geral três vezes por semana, olho inclusive os recipientes com lixo, porque até eles podem acumular água se estiverem no quintal", disse a aposentada Gilvânia Bonfim, 69, uma das moradoras que teve a casa visitada pelos agentes.

O borracheiro José Gomes Ferreira, 49, que também recebeu as equipes em seu estabelecimento, afirma que se mantém vigilante no combate ao mosquito. Por outro lado, ele destaca que o esforço dos agentes pode não obter o resultado desejado caso a população ignore o risco das arboviroses. "Não adianta só eles fazerem o serviço. Vejo que sempre estão por aqui, mas se a população não colaborar, não vai adiantar muito. Todo mundo precisa fazer sua parte, ter consciência em primeiro lugar", afirmou.

Além da dengue, o Aedes aegypti também transmite chikungunya e o zika vírus. O mosquito tem hábitos urbanos, vive dentro das casas e se adapta com mais facilidade nos espaços fechados. Ele se alimenta de sangue humano, sobretudo ao amanhecer e ao entardecer. A reprodução acontece em água limpa e parada, a partir dos ovos das fêmeas, que são colocados e distribuídos por diversos criadouros.

Como a população pode ajudar

O aumento de notificações de síndromes gripais e da Covid-10, ao mesmo tempo, tem dificultado o acesso de agentes de endemias às residências. Isso torna o trabalho preventivo dos moradores ainda mais essencial. Atualpa Soares, gerente da Célula de Vigilância Ambiental e de Riscos Biológicos de Fortaleza, acredita que essa ajuda da população seja primordial para que o mosquito não se propague.

“A população precisa se orientar, que veja essas informações em redes sociais, internet e outras mídias sobre como fazer. Como tomar conta da sua própria casa e eliminar os focos do mosquito. Se precisar de orientação pode entrar em contato com a célula de vigilância ambiental. Pode pedir alguma orientação e a gente está sempre disposto a ajudar”, ressalta.

Pessoas infectadas pelo Aedes aegypti, na maior parte dos casos, desenvolvem sintomas como febre, indisposição e dores nos músculos e atrás dos olhos. Entre cinco e sete dias depois, a temperatura e os incômodos vão desaparecendo, mas o cansaço pode persistir. Em poucos minutos, é possível fazer uma varredura completa em casa e acabar com os recipientes com água parada, reduzindo significativamente as chances de proliferação do inseto.

Como eliminar os focos de Aedes aegypti 

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) disponibiliza em seu site uma lista de ações que a população deve executar diariamente para eliminar os focos do mosquito. Veja as principais orientações:

Cuidados dentro das casas e apartamentos

  • Tampe os tonéis e caixas d’água;
  • Mantenha as calhas sempre limpas;
  • Deixe garrafas sempre viradas com a boca para baixo;
  • Mantenha lixeiras bem tampadas;
  • Deixe ralos limpos e com aplicação de tela;
  • Limpe semanalmente ou preencha pratos de vasos de plantas com areia;
  • Limpe com escova ou bucha os potes de água para animais;
  • Retire água acumulada na área de serviço, atrás da máquina de lavar roupa.

Área externa de casas e condomínios

  • Cubra e realize manutenção periódica de áreas de piscinas e de hidromassagem;
  • Limpe ralos e canaletas externas;
  • Atenção com bromélia, babosa e outras plantas que podem acumular água;
  • Deixe lonas usadas para cobrir objetos bem esticadas, para evitar formação de poças d’água;
  • Verifique instalações de salão de festas, banheiros e copa.

Prevenção

  • Utilize telas em janelas e portas, use roupas compridas – calças e blusas – e, se vestir roupas que deixem áreas do corpo expostas, aplique repelente nessas áreas.
  • Fique, preferencialmente, em locais com telas de proteção, mosquiteiros ou outras barreiras disponíveis.

Cuidados

  • Caso observe o aparecimento de manchas vermelhas na pele, olhos avermelhados ou febre, busque um serviço de saúde para atendimento.
  • Não tome qualquer medicamento por conta própria.
  • Procure orientação sobre planejamento reprodutivo e os métodos contraceptivos nas Unidades Básicas de Saúde.

Informação

  • Utilize informações dos sites institucionais, como o do Ministério da Saúde e das secretarias estaduais e municipais de saúde.
  • Se deseja engravidar: busque orientação com um profissional de saúde e tire todas as dúvidas para avaliar sua decisão.
  • Se não deseja engravidar: busque orientação médica sobre métodos contraceptivos.

Operação Inverno

A Operação Inverno é uma ação da prefeitura de Fortaleza que envolve cerca de 1.100 agentes de endemias, que realizam em torno de 14 mil visitas diárias em toda a Cidade. Os profissionais também monitoram outras possíveis infestações, como a do inseto transmissor da Doença de Chagas e o aparecimento de escorpiões. A campanha vai até o fim de fevereiro e pretende alcançar ao menos 50 bairros da Capital. A estimativa é que mais de 490 mil imóveis sejam vistoriados.

(Colaboração: Aurélio Alves e Luciano Cesário)