Denúncia contra 54 alvos da operação Annulare é ofertada pelo MPCE

Na denúncia, assinada pelos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), consta que 50 deles estão presos

09:53 | Dez. 22, 2021

Por: Lucas Barbosa

No último dia 1º de dezembro, o Ministério Público Estadual (MPCE) denunciou 54 dos alvos da operação Annulare. Na denúncia, assinada pelos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), consta que 50 deles estão presos. Na peça ainda é afirmado que o MPCE optou pelo desmembramento do processo e que as acusações contra os demais acusados ainda estão sendo apreciadas. À ocasião da oferta da denúncia, 25 presos haviam prestado depoimento. A Justiça ainda não havia recebido a acusação até o fechamento da reportagem.

A maioria dos presos negou as acusações. É o caso de Anastácio Gonçalves Dias, apontado como “frente” de uma biqueira Frecheirinha, na Zona Norte do Estado. Ele disse que era apenas um “laranja”, um “pau mandado” da facção, a qual só se batizou enquanto esteve preso por “obrigação”.

Outro a dizer que foi obrigado a entrar no Comando Vermelho foi Eduardo Matos de Souza, apontado como frente de uma biqueira no Parque Manibura. Outros disseram que não eram integrantes da facção, mas apenas “simpatizantes”, por morarem em bairros dominados pelo grupo. Foram os casos, por exemplo, de Daniel Pinheiro de Mesquita (suposto frente na Parquelândia), Emanuel Marcos Pereira Lima (suposto frente no Pirambu) e Josué Ferreira Batista Filho (também suposto frente no Pirambu).

Filipe Ramos de Morais admitiu em depoimento ter sido frente de um biqueira, localizada no Jardim Guanabara. Entretanto, ele afirmou que não integrava a facção há cerca de dois anos. Yuri da Costa Coelho, por sua vez, confessou ser frente de uma biqueira no Crato (Cariri). No momento de sua prisão, ele tentou jogar cocaína em um ralo, informaram os policiais. Além disso, um revólver foi encontrado em sua casa.

No caso do cumprimento do mandado contra Leonardo Saraiva da Cunha, no bairro Autran Nunes, em Fortaleza, o suspeito foi baleado no ombro pelos policiais. Eles relataram que Leonardo tentou fugir e apontou uma arma contra os agentes de segurança pública.

Nem todos os mandados de prisão foram cumpridos. Em, pelo menos, dois casos, isso se deu pela morte dos suspeitos: Jaime Rosa de Carvalho foi assassinado em 26 de setembro último e Francisco Vanderlande França Freitas morreu de Covid-19 antes da ação. Outros, como Vilmar Ferreira Ramos, não foram localizados.

Há ainda casos de investigados que, notoriamente, deixaram o Comando Vermelho, como é o caso de Francisco Cilas de Moura Araújo, anteriormente apontado como maior chefe da facção em Caucaia (Região Metropolitana de Fortaleza), mas, hoje, é apontado como integrante do comando de grupo dissidente e rival à organização originariamente carioca.