Há 25 anos, projeto ensina reanimação cardiorrespiratória para população e profissionais da saúde

Durante duas décadas e meia, segundo os dados do Programa, foram capacitadas 14.526 pessoas, sendo 6.751 público em geral, 4.446 profissionais da saúde e 3.338 estudantes da área da saúde

10:28 | Dez. 01, 2021

Por: Levi Aguiar
Membros do Programa de Educação em Reanimação Cardiorrespiratória (PERC), projeto de extensão do curso de medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) (foto: Gabriel Borges/ O POVO)

A interrupção inesperada e repentina do trabalho cardíaco e da respiração é chamada de parada cardiorrespiratória. Um paciente neste estado demanda atendimento especializado, mas, para chegar ao atendimento especial, geralmente, a vítima recebe o apoio inicial de socorristas em emergências.

Para disseminar o conhecimento de prevenção e atendimentos aos pacientes com episódio de parada cardiorrespiratória, o Programa de Educação em Reanimação Cardiorespiratória (Perc) atua há 25 anos com pesquisa, ensino e extensão na Universidade Federal do Ceará (UFC).

Durante duas décadas e meia, segundo os dados do Programa, foram capacitadas 14.526 pessoas, sendo 6.751 público em geral, 4.446 profissionais da saúde e 3.338 estudantes da área da saúde.

"Este tipo de atendimento é uma corrida contra o tempo. Cada minuto que passa, você pode perder 10% de chance [de socorrer aquele paciente]. Se você passar mais de 10 minutos, a chance é praticamente nula", diz o professor e médico membro titular da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), Weiber Xavier.

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Como a parada acontece

 

Conforme Weiber, na maioria das vezes, há um distúrbio elétrico do coração causado pela doença coronariana - uma obstrução das artérias que irrigam o coração, e podem levar ao infarto e à morte súbita. Essa doença é motivada por fatores como tabagismo, alteração do colesterol, sobrepeso, diabetes, entre outros.

"Durante uma parada cardiorrespiratória, a falta de oxigenação deve-se primeiro ao sistema elétrico, por isso a importância do choque precoce (desfibrilação)", informa o professor.

"Há programas de acesso à desfibrilação no mundo inteiro. É preciso que a população tenha acesso a esse equipamento, e que não espere a ambulância chegar", conclui o médico.

Mariana Sales, 22 anos, estudante da área da saúde e participante do projeto, fala sobre a importância de difundir o conhecimento dos primeiros socorros na sociedade.

"Era para todo mundo ter acesso, as escolas deveriam ensinar isso. Existe essa deficiência na nossa sociedade. Muitas pessoas não conhecem o suporte básico de vida e o Perc funciona para suprir essa deficiência", relata.

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O projeto

 

O projeto tem o intuito de capacitar tanto profissionais da saúde, quanto pessoas consideradas leigas na área da Medicina. Os trabalhos de extensão do Perc visam propagar as informações básicas em todas as camadas sociais.

"As extensões são o carro chefe do Perc, quando levamos nosso conhecimento para fora dos muros da faculdade. Primeiro damos uma aula teórica e depois reforçamos os conhecimentos e praticamos os modelos apresentados", explica o estudante José Levi, 22.

Já a estudante Tainan Paula, 21, destaca a importância do programa na formação de profissionais de saúde mais capacitados. A jovem explica que o Perc a ofereceu conhecimentos que ainda não havia recebido durante quatro anos de estudos em sala de aula.

"Eu estou no oitavo semestre, se não fosse pelo Perc, eu não saberia suporte básico de vida, que é uma coisa que deveria ser do conhecimento de leigos".

Em 2019, surgiu uma nova vertente do programa, o PERC PED, voltado para as emergências pediátricas. Em sua atuação, o PERC PED desenvolveu um curso on-line de emergências pediátricas, que pode ser adquirido pelo link no no Instagram (@perc_ufc) e pelo aplicativo “Emergências pediátricas” disponível para Android.

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Emergência

 

Para a estudante do 5º semestre, Beatriz Sales, integrante do projeto, qualquer médico, independente da área que for seguir, precisa ter um bom conhecimento sobre emergências. "Quando eu entrei na faculdade, eu não sabia qual especialidade eu gostaria de seguir. Eu tentei o processo seletivo do Perc porque eu sabia que precisaria ter um bom conhecimento sobre emergências".

Sobre a atuação no projeto, Beatriz comenta a importância de ter uma atenção especial ao atendimento do paciente com parada cardiorrespiratória: "Realizando uma conduta correta desde o início da parada, há o aumento de chance de retorno da vítima e da garantia de um melhor prognóstico. Por isso, é importante que todo profissional da saúde tenha um conhecimento aprofundado sobre esse tema, e que realize treinamentos com frequência para assegurar o melhor atendimento dessas vítimas", finaliza.

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O estudante Gabriel Coelho, 22, é integrante do Perc há quatro anos. Ele destaca medidas importantes que devem ser tomadas quando alguém se depara com uma parada cardiorrespiratória.

O primeiro passo é verificar se o local é seguro para realizar o atendimento, e, em seguida, solicitar ajuda especializada. Coelho destaca que um dos principais indícios de que um paciente está sofrendo uma parada cardiorrespiratória é a falta de qualquer tipo de movimento físico. É importante observar também se o tórax apresenta movimento de respiração.

"É importante ligar para o Samu e pedir aparelho de choque, mesmo que não precise, é fundamental para mudar o curso da vida daquela pessoa", afirma.

*Com informações de Gabriel Borges

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