Ceará registra um açude com risco alto para acidentes ou desastres em 2020
Ao todo, 31 estão com risco médio. Obras em Jaburu I, açude com mais alto risco de segurança, custarão cerca de R$ 20 milhões. Diretor da Cogerh diz que, apesar da classificação, barragem não tem risco iminente de acidenteCerca de 36% das barragens analisadas pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) em 2020, o que equivale a 31 açudes, apresentaram risco médio para a possibilidade de acidentes ou desastres. Oito barragens que antes tinham risco baixo subiram de nível no ano analisado pelo Relatório de Segurança das Barragens, publicado pela companhia neste mês de outubro de 2021. Ao todo, 89 barragens passaram por atualizações da classificação.
Enquanto em 2019 nenhum açude tinha risco alto, em 2020 a barragem Jaburu I passou a ser incluída nessa categoria. Localizada no município de Ubajara, a barragem já tinha sido mencionada pelo Relatório de Segurança de Barragens de 2020 da Agência Nacional das Águas e Saneamento Básico (ANA). De acordo com o documento, a barragem é uma das que mais preocupam a agência devido a comprometimentos estruturais.
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Segundo Bruno Rebouças, diretor de operações da Cogerh, mesmo estando dentro dessa categoria de alto risco, a barragem de Jaburu I “não tem risco iminente de um acidente”. “Ela tem uma erosão por conta do tipo de terreno que tem lá, e essa erosão precisa de uma correção. A gente já fez o projeto executivo para poder contratar a obra. Agora estamos em fase de captação de recursos”, disse em entrevista ao O POVO.
A obra de Jaburu, conforme informações do diretor, custará cerca de R$ 20 milhões. Devido ao solo sedimentar, uma série de cuidados específicos são destinados a essa barragem todos os anos. “Mesmo que a barragem encha ano que vem, ela não leva risco de romper a estrutura. Eu posso ter esse risco com muitos anos sem fazer nada, aí pode levar a algum problema, o que não é o caso”, explica.
A barragem de Ubajara foi classificada como prioridade de intervenção máxima em 2020. Junto a ela, outras 18 barragens estaduais também necessitam de obras. São elas: Acarape do Meio, Acioli, Batente, Caldeirões, Do Coronel, Madeiro, Mamoeiro, Missi, Olho D’Água, Pau Preto, Penedo, Poço Verde, Quandú, São Domingos II, Tijuquinha, Trapiá II, Trapiá III e Umari.
“Essa prioridade máxima nada tem a ver com o risco da barragem. Nós identificamos 19 barragens que precisamos priorizar dinheiro no nosso orçamento para fazer as correções em tempo para evitar que essas anomalias se tornem anomalias grandes, e aí sim levem risco à barragem”, diz Bruno.
O relatório traz ainda diferentes recomendações sobre quais reparos devem ser feitos em cada açude. Ficou decidido que um estudo geofísico seria feito em Jaburu I para entender quais medidas de intervenção serão feitas.
Número de anomalias nas barragens de 2020 é o maior dos últimos três anos
Por meio das Inspeções de Segurança Regular (ISR), a Cogerh classifica também todas as anomalias encontradas nas barragens. Em 2020, foram encontradas 1.937 anomalias nas 156 barragens inspecionadas. O número é 8% maior que o registrado em 2019, quando foram registrados 1.781 problemas. Em 2018, o número também foi menor, com 1.828.
Dessas anomalias na estrutura das barragens, 1.054 tiveram magnitude considerada grande, 368 magnitude média, 269 magnitude pequena e 246 magnitude insignificante, de acordo com o relatório.
Como razão para o aumento das anomalias, o documento afirma que o cenário da pandemia dificultou os trabalhos de manutenção das barragens. “Este aumento é associado aos efeitos da pandemia da Covid-19 em 2020, o que ocasionou uma série de problemas de fornecimento de insumos, dificuldades de serviços e escassez de mão de obra”, diz o texto.
“No auge da pandemia alguns serviços que a gente pôde deixar um pouco mais pra frente, alguma limpeza de calha, alguma coisa que não justificava expor os trabalhadores a um risco, foram deixadas um pouco mais pra frente”, relatou Bruno. O diretor afirmou que as intervenções essenciais não deixaram de ser feitas.