Investigação sobre facções criminosas mostra fluxo de ascensão dos chefes das organizações

Homem preso em Pernambuco era chefe de organização criminosa em Itaitinga após a prisão de Valesca, suspeita de envolvimento em pelo menos 12 assassinatos que teriam sido motivados por disputa entre facções

17:28 | Out. 01, 2021

Por: Angélica Feitosa e Levi Aguiar
Coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira, 1º, pela Polícia Civil (foto: O POVO)

A Polícia Civil do Ceará deu início a três operações para cumprimento de mandado de prisão e busca e apreensão contra indivíduos que ocupam status de chefia em uma mesma facção criminosa oriunda do Rio de Janeiro. Dois nomes têm, de acordo com a Polícia, relação direta com as ocorrências policiais registradas em Caucaia e Itaitinga. Um deles foi preso na quinta-feira, 30, na cidade de Paulista, Região Metropolitana de Recife, em Pernambuco.

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João Vitor Oliveira de Sousa, de 23 anos, apontado como um chefe da facção criminosa Comando Vermelho (CV), na cidade de Itaitinga, foi preso em um apartamento de frente para o mar, em Pernambuco. De acordo com a Polícia, João Vitor é responsável por coordenar o tráfico de drogas em Itaitinga e apontado como mandante de vários homicídios.

Ele assumiu a chefia da facção criminosa, ainda de acordo com a Polícia, após a prisão de Valesca Teixeira dos Santos, 22, em dezembro de 2020, ex-mulher de um detento, considerado a maior liderança do crime organizado na cidade de Itaitinga. De acordo com a Polícia, o então companheiro de Valesca se encontra preso, e ela estava se relacionando com outro chefe de uma facção rival e, por conta disso, teria arquitetado 12 assassinatos. "O ponto para ele ascender na organização criminosa foi a prisão da Valesca, e ele se tornou o chefe da facção no Município", informa o delegado Renan Peixoto, titular da Delegacia Metropolitana de Itaitinga (DMI).

Durante as buscas em Itaitinga, ocorridas em setembro, foram apreendidos, em uma residência, um revólver calibre 38, duas pistolas, 80 munições, várias balanças de precisão. Os locais de esconderijo de João Vitor eram usados, ainda de acordo com a Polícia, como "boca de fumo", ou seja, lugar para a venda e consumo de drogas. Em uma outra casa, para onde João Vitor tinha fugido antes de ir para o Pernambuco, a Polícia encontrou outro revólver calibre 38, balanças de precisão, maconha, crack e cocaína.

Segundo o delegado Peixoto, João Vitor é investigado pela DMI há mais de dois anos e não era considerado chefia da organização criminosa. Mas após a prisão de praticamente todos chefes da fação carioca no município, conforme o delegado da Polícia Civil, ele acabou sendo "promovido" e chegou a ser, nos últimos meses, a liderança que restava em Itaitinga.

Ainda de acordo com Peixoto, João Vítor está diretamente ligado aos assassinatos de Raquel Lopes da Silva e Alícia Mariana Nogueira Duarte, que estavam ligadas à facção criminosa que atua em Itaitinga. A Polícia Civil investiga ainda outros dois homicídios relacionados à chefia de João Vitor.

Os outros dois mandados correspondem a outras duas lideranças: Domingos Costa Miranda, conhecido como “Penetra”, em atuação na área da Caucaia, e Fernando Lopes Barros, conhecido como Fernando "Bombado", em atuação em Fortaleza e na Região Metropolitana de Fortaleza, todos integrantes do CV. "O Penetra é o responsável por diversos homicídios e pela guerra que está acontecendo na região", afirmou o delegado-adjunto da delegacia de Combate às Ações Criminosas Organizadas (Draco), Wilson Camelo.

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