"Possibilidade é mínima", diz oceanógrafo físico sobre probabilidade de tsunami no litoral do Brasil

Professor explica que abalos sísmicos registrados não são motivo para alarme ou desespero dos brasileiros

15:45 | Set. 16, 2021

Por: Alexia Vieira
Vulcão Cumbre Vieja tem gerado abalos sísmicos na ilha de La Palma, no arquipélago das Canárias (foto: Nasa)

Com o nível de alerta aumentado para as atividades do vulcão Cumbra Vieja, na ilha La Palma, localizada nas Ilhas Canárias, estudos vieram à tona afirmando que uma possível erupção poderia causar um tsunami em países banhados pelo Oceano Atlântico, incluindo o Brasil. De acordo com o oceanógrafo físico Carlos Teixeira, professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC), o risco não é iminente e a possibilidade é mínima, mas real.

“Não significa que a gente vai ter uma erupção semana que vem, mês que vem, ano que vem. Mas eles aumentaram o nível de alerta. Também não significa que mesmo se a gente tiver uma erupção, não é qualquer erupção que iria gerar desmoronamento e esse tsunami”, explica o professor.

Os níveis de alerta são como luzes de um semáforo. Um vulcão está no nível verde quando tem atividades normais, sem abalos. O nível amarelo, utilizado pelo Plano Especial de Proteção Civil e Atenção às Emergências de Risco Vulcânico das Ilhas Canárias (Pevolca) para o Cumbre Vieja, indica que alguns sinais precursores de uma erupção foram identificados, como os abalos sísmicos monitorados nos últimos dias em La Palma.

O sinal laranja é dado quando há confirmação de sinais pré-eruptivos, e o vermelho quando a erupção foi iniciada. No entanto, mesmo com sinal amarelo, o governo das Ilhas Canárias lançou nota nesta quinta-feira, 16, falando sobre aumentar a informação de pontos de encontro, rotas de evacuação da população local e planos de autoproteção devido aos terremotos registrados na região.

Carlos explica que as consequências no litoral do Brasil dependem de diversos fatores, como por exemplo se o vulcão de fato entrar em erupção, se essa erupção for explosiva e se a explosão causada pela erupção desencadear um desmoronamento nas ilhas. “Tem que ser uma situação específica, mas existem diversos estudos feitos no Brasil, na Espanha, nos EUA, que mostram essa realidade”, diz.

Além disso, não é possível saber com qual tamanho as ondas chegariam ao litoral brasileiro. “Existem estudos que falam que as ondas que chegam aqui poderiam chegar a mais de cinco metros, mas isso é uma situação drástica. Você pode ter um tsunami de meio metro, você pode ter menor que isso.”

Planejamento para caso de emergência deveria ser elaborado

Para o oceanógrafo, mesmo que o momento não seja para “alarme ou desespero”, é necessário que o País se planeje para a possibilidade, assim como outros países banhados pelo Oceano Atlântico. “Acho que o papel da ciência é a gente ter essa previsão, a gente estudar possibilidades. E o papel da sociedade civil é criar mecanismos de gestão com essa informação.”