Origem do tiro que matou feirante na José Avelino ainda é desconhecida pela Guarda Municipal

Órgão diz que espera investigação da Polícia Civil para apuração das circunstâncias do fato e informa que Guarda Municipal não deve usar arma em confronto do tipo

07:30 | Ago. 19, 2021

Por: Luciano Cesário
Polícia Civil abriu inquérito para investigar morte de feirante durante confronto com a Guarda Municipal de Fortaleza (foto: Angélica Feitosa)

A Secretaria da Segurança Cidadã de Fortaleza (SSC) diz ainda não saber a origem do disparo que matou Naison Abdenego de Sousa Barros, 31, em confronto entre agentes da Guarda Municipal de Fortaleza (GMF) e um grupo de feirantes, na rua José Avelino. Um feirante que estava no local da ocorrência, ouvido pelo O POVO sob condição de anonimato, afirma que o tiro teria partido da arma de fogo de um dos agentes. A GCF, no entanto, não confirma o uso de pistolas ou revólveres na ação.

Poucas horas depois da ocorrência, a Polícia Civil do Ceará (PC-CE) instaurou inquérito para apurar o caso. A investigação vai analisar imagens registradas por câmeras de segurança, materiais coletados no local do confronto e os resultados de exames periciais. Testemunhas também devem ser convocadas nos próximos dias para prestarem depoimento. Já quarta-feira, 18, a Polícia ouviu o relato de um irmão da vítima, que foi o primeiro a ser interrogado no âmbito do inquérito.

SSC afirma que GMF não deve usar armas de fogo em casos do tipo

Por meio de nota, a assessoria de imprensa da SSC informa que “o procedimento padrão da Guarda Municipal para controle de Distúrbios Civis é com armamento de baixa letalidade”, como balas de borracha, spray de pimenta e bombas de efeito moral. No caso da ação ocorrida na José Avelino, a corporação diz que “se alguém usou arma de fogo na operação, a polícia está investigando”.

O titular da Secretaria, coronel Eduardo Holanda, afirmou que guardas municipais “são extremamente preparados e treinados para esse tipo de condição”. Por outro lado, admite que a conduta dos agentes envolvidos na ação precisa ser apurada com rigor. “Temos de saber de quem e em que circunstância esse disparo aconteceu. Precisamos apurar nas esferas administrativa e criminal para esclarecer os fatos concretamente, sem ficar apontando culpados”, disse.

A utilização de armas de fogo por agentes da Guarda Municipal de Fortaleza, em regra, deveria ocorrer apenas em situações excepcionais, em que há risco iminente à integridade física dos profissionais ou da população. O uso do armamento, aprovado em 2017, é condicionado à participação dos guardas formações teóricas e práticas, além de um rigoroso processo de avaliação psicológica.

Imagens do conflito na José Avelino mostram GM com pistola

Em vídeo enviado ao O POVO, é possível ver um integrante da Guarda Municipal com uma arma em punho. Ele aponta a arma em direção a um local que não está visível nas imagens, e é possível ouvir um disparo em seguida. No momento do vídeo, há diversas pessoas próximas, e veículos trafegam pela rua.