Em parceria, UFC e UFMA criam o primeiro néctar de frutas probiótico

A principal motivação da pesquisa era encontrar alternativa probiótica aos alimentos a base de leite. O invento garantiu para a UFC sua sua 13ª patente.

Foi anunciada nessa sexta-feira, 30, a criação do primeiro néctar de frutas probiótico, um alimento funcional que serve como alternativa a bebidas lácteas para pessoas com intolerância a lactose ou veganas. A pesquisa é oriunda de uma parceria entre a Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). O invento acaba de garantir para a UFC a sua 13ª carta patente.

Os probióticos estão associados ao controle dos níveis de colesterol, à estimulação do sistema imune, ao alívio da constipação e ao aumento da absorção de minerais, sem contar que ainda apresentam efeitos anticarcinogênicos e anti-hipertensivos. O néctar pode ser obtido de frutas como cupuaçu, açaí, cacau, ciriguela, caju, entre outras. Segundo carta patente expedida, o néctar probiótico tem potencial para ser usado pela indústria de alimentos no ramo de bebidas.

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De acordo com a UFC, os estudos foram feitos inicialmente com cupuaçu, escolhido por ser uma fruta de alto valor nutricional. "Além disso, essa fruta apresenta excelentes características sensoriais, sendo bastante apreciada por seu sabor e aroma. Adicionalmente, essa fruta é produzida na região (Nordeste) e bastante consumida, mas não é matéria-prima convencional para a produção de sucos e néctares de frutas comerciais", explica a professora Ana Lúcia Fernandes Pereira, uma das autoras da pesquisa. 

Alternativa aos lácteos 

A pesquisa teve como principal motivação a busca de uma solução para pessoas com restrição ao leite na dieta. Isso porque probióticos tradicionalmente têm sido adicionados a produtos de base láctea, como leites, iogurtes e queijos.

Esses itens contribuem para a sobrevivência dos microrganismos probióticos ao suco gástrico, que é altamente ácido. O desafio no desenvolvimento das bebidas à base de frutas é fazer com que o probiótico mantenha sua viabilidade mesmo diante de sua alta acidez, que pode inibir o crescimento desse microrganismo.

A pesquisa foi desenvolvida pela professora Ana Lúcia, sob orientação da professora Sueli Rodrigues, juntamente com as professoras da UFMA Tatiana Lemos e Virgínia Abreu. O estudo começou em 2014, sendo executado pelo discente Wallaff Feitosa em seu trabalho de conclusão de curso na UFMA.

A pesquisa gerou o produto final esperado e, em 2015, foi solicitada a patente. Há cerca de um mês, o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi) concedeu o documento, registrando os cinco pesquisadores como autores do néctar probiótico e de seu processo de produção.

Como o pedido da patente foi feito ainda em 2015, a professora informa que, ao longo desse período, já houve avanços nos estudos, a exemplo da avaliação da vida útil do néctar sob refrigeração, para nortear o prazo de validade do produto. Outro progresso foi o uso de adoçantes na elaboração dessas bebidas, com o objetivo de atender também o público com restrição de açúcar na dieta. 

Comercialização

O néctar ainda não começou a ser utilizado, pois os pesquisadores estavam à espera da expedição da carta patente pelo Inpi. "Ela representa o direito à exploração da invenção por seu titular, conferindo-lhe exclusividade de uso, comercialização e produção", explica a Sueli Rodrigues.

A pesquisadora afirma ainda que o próximo passo será a sondagem de empresas do setor de bebidas para dar visibilidade à tecnologia patenteada e ao licenciamento da tecnologia. "Há boas perspectivas de comercialização do néctar, tendo em vista que o consumo dos probióticos se configura como uma das tendências e oportunidades pós-Covid-19 identificadas pelo setor de alimentos", avalia a professora.

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