"Maioria das crianças era assintomática e com capacidade de transmitir Covid", conclui pesquisa da Uece
Pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará publicaram artigo em revista internacional sobre prevalência da Covid-19 em público que compõe rede municipal de ensino em FortalezaO Laboratório de Biotecnologia e Biologia Molecular (LBBM), da Universidade Estadual do Ceará (Uece), publicou na revista Elsevier, neste mês de julho, o artigo sobre a prevalência da Covid-19 em crianças, adolescentes e adultos em situação de educação à distância na rede municipal de ensino em Fortaleza. Os dados sugeriram potencial de transmissibilidade em todas as faixas etárias estudadas, mesmo entre as crianças que se encontravam em ensino remoto.
Segundo o pesquisador do LBBM, Valdester Cavalcante Pinto Júnior, as crianças apresentaram taxas mais baixas de IgM e menos sintomas em comparação com adolescentes e adultos. "Mesmo as crianças que estavam apenas em ensino remoto apresentaram uma taxa de contaminação por Covid-19 considerável. Em sua maioria, as crianças eram assintomáticas, mas mantinham capacidade de transmitir a doença”, ressalta.
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O estudo tinha o objetivo de identificar a prevalência de Covid-19 e a intensidade de circulação do vírus no público das escolas municipais. A pesquisa foi realizada por meio de testagens com os exames sorológicos (IgM e IgG) e RT-PCR.
De acordo com o Valdester Júnior, os resultados preliminares do estudo foram entregues para a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e para a Secretaria Municipal da Educação (SME) em dezembro de 2020, quando a Capital já vivenciava uma segunda onda da Covid-19.
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“Com base nesse e em outros estudos, as secretarias tomaram as decisões de postergar o início das aulas presenciais. Esse foi mais um estudo que deu base para a tomada de decisões do Município no sentido de estender um pouco mais as aulas remotas”, relata o pesquisador.
Exames usados na pesquisa:
- O sorológico detecta a presença de anticorpos no sangue, substâncias produzidas por nosso sistema imunológico para neutralizar o coronavírus. Na Covid-19, os anticorpos aparecem por volta de 7 a 10 dias após o início dos sintomas. Os anticorpos da classe IgM aparecem primeiro, os anticorpos da classe IgG surgem após 14 dias de contágio.
- O molecular (RT-PCR) é usado como uma das principais formas de diagnóstico da infecção. Ele identifica a presença de pedaços do material genético do vírus nas pessoas. O exame pode dar positivo já nos primeiros dias após o início dos sintomas, porém, não detecta contágios anteriores.
Sobre o estudo
O público estudado foi dividido em três faixas etárias: 423 crianças de até 9 anos; 854 adolescentes de 10 a 19 anos e 282 adultos com idade maior que 19 anos, que eram funcionários das escolas.
RESULTADOS: Entre as 423 crianças, 107 (25,3%) apresentaram soroprevalência (intensidade de circulação do vírus) com IgG, IgM ou IgG/IgM. Já entre os 854 adolescentes estudados, 250 (29,2%) tiveram sorologia positiva. Enquanto no grupo de 282 adultos, 59 (20,9%) foram positivados com a doença. A taxa de prevalência para todos os grupos foi de 26,7% na sorologia e 4,04% na RT-PCR.
A pesquisa foi idealizada durante a primeira onda da pandemia. O InCor Criança promoveu lives educativas sobre a Covid-19 para os pais de crianças com cardiopatia congênita. Neste período, as famílias manifestaram preocupação com o retorno das atividades presenciais nas escolas, o que motivou o início da pesquisa.
Ensino e pesquisa
Segundo o reitor da Uece, Hidelbrando Soares, o papel da Universidade é formar bem a classe de trabalhadores. Ele afirma que nos últimos 20 anos, a Uece vem se tornando uma grande produtora de ciência, tecnologia e inovação.
"Apesar das dificuldades de fazer universidade pública em nosso País, principalmente estadual, por causa de todas as dificuldades de investimento e infraestrutura, a Universidade representa essa instituição que despontou como uma grande produtora de conhecimento", finaliza.
Próximas pesquisas
O professor Valdester também informa que uma nova etapa do estudo está em andamento. O LBBM está desenvolvendo um teste rápido de detecção do vírus da Covid-19 diretamente na saliva. A coordenadora do LBBM, professora Izabel Florindo Guedes, diz que o resultado do teste será conhecido entre três a cinco minutos. A docente informou que a Universidade já realizou o pedido de depósito de patente dos testes rápidos.
A ideia é criar um equipamento que possibilite realizar um teste de baixo custo, com resultado rápido e eficaz, além de não oferecer incômodo para crianças em idade escolar, diferente dos exames que são realizados a partir da coleta de secreção em nasofaringe, como o RT-PCR.
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