Cearenses tentam antecipar vacinação para ingresso em universidades francesas

Com aulas previstas para iniciarem no final de agosto, o grupo de 38 estudantes cearenses precisa garantir o esquema de vacinação completo para conseguir embarcar para a França. País permitiu entrada de estrangeiros vacinados desde o último sábado, 17

Estudantes cearenses foram contemplados com bolsas de estudos em diferentes universidades da França. Com as aulas previstas para iniciarem no fim de agosto e com a liberação para estrangeiros entrarem no país europeu a partir do último sábado, 17, desde que seja apresentado comprovante de vacinação por imunizantes reconhecidos pela Agência Europeia de Medicamentos, os jovens admitidos correm contra o tempo para serem vacinados e, assim, não perderem a oportunidade de estudo ofertada.

O grupo de 38 estudantes são de diferentes instituições do Estado, como Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Estadual do Ceará (Uece), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e Universidade de Fortaleza (Unifor). Grande parte foi contemplada pela bolsa de estudo e pesquisa após passar por processos seletivos oferecidos por programas em cada instituição.

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No Ceará, a campanha de vacinação contra a Covid-19 vem ocorrendo para o público geral, de 18 a 59 anos, e para grupos prioritários no Estado. Dessa forma, os estudantes selecionados, que possuem idade entre 20 a 29 anos, entraram com pedido de antecipação da aplicação da vacina por meio de documento enviado ao gabinete do governador Camilo Santana (PT), na sexta-feira, 16.

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A luta inicial dos jovens era para que o governo francês considerasse o estudo como um motivo imperioso, permitindo que os estudantes conseguissem entrar no país. Com a França liberando, no último sábado, 17, a entrada de pessoas de países da lista vermelha, a qual o Brasil faz parte, o foco passou a ser voltado para conseguir garantir a vacinação a tempo.

No documento enviado ao governador, consta que as vacinas aceitas na França são Pfizer, Moderna, AstraZeneca e Janssen. Com o início das aulas previsto para o final de agosto, os estudantes precisam estar no país europeu de sete a 10 dias antes para cumprir o período de isolamento obrigatório.

Levando em conta o curto intervalo de tempo até o início da mobilidade internacional, os jovens solicitam, por meio do documento, a aplicação em tempo hábil dos imunizantes da Janssen ou da Pfizer, considerando que o primeiro tem dose única e o segundo pode ter um espaço de tempo de 21 dias entre as duas aplicações.

Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Unifor, Rachel Lemos, 29, foi responsável por assinar o ofício enviado ao gabinete do governo. Morando em Fortaleza, a arquiteta foi aprovada no mestrado para a École Nationale Supérieure d’Architecture de Marseille (ENSAM), universidade pública na França, e iniciou o processo de preparação para estudar no país europeu há mais de um ano. Ela enfatiza a importância da oportunidade como forma de contribuir para a arquitetura do Brasil.

“Eu posso falar da arquitetura especificamente. Lá [na França], existe um histórico de séculos de arquitetura, onde eu vou poder beber da fonte, aprender e trazer para o Brasil. O simples fato de eu estudar, tocar, reconhecer e conhecer novos tipos de arquitetura, novos tipos de pesquisa e outras cabeças pensantes já enriquece o nosso País, mais do que ficar somente com uma linha de raciocínio e uma metodologia ”, destaca.

Outro estudante aprovado para se graduar na França por meio do programa Duplo Diploma, da UFC, é o estudante Lawson Oliveira, 21. Morando atualmente em Quixeré, distante 201,7 km de Fortaleza, o jovem, que cursa Engenharia Elétrica, foi admitido na CentraleSupélec, universidade francesa, e vê a oportunidade como uma excelente forma de auxiliar no desenvolvimento da ciência brasileira. 

"Como a França é um dos países mais desenvolvidos em matemática e possui uma abordagem diferente no curso de engenharia, essa oportunidade vai me capacitar para realizar pesquisa científica no mais alto nível, bem como fortalecer os laços culturais entre o Brasil e a França. Assim, poderei auxiliar no desenvolvimento da ciência brasileira, a qual é fundamental", explica o estudante.

Rachel recebeu nessa segunda-feira, 19, um retorno por parte do gabinete, onde foi informado que o documento assinado por ela foi encaminhado para a Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa), órgão responsável pela demanda. Ainda, foi elaborado outro ofício, que foi encaminhado à Secretaria de Saúde Estadual e Municipal, bem como para o prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT). Ambos seguem sem respostas.

O POVO entrou em contato com a Sesa, ao que foi informado, por meio da assessoria de imprensa do órgão, que qualquer decisão de alteração no esquema de vacinação contra Covid-19 do Estado deve ser pactuada na Comissão Intergestores Bipartite do Ceará (CIB).

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