Uece adquire 1ª carta-patente com sensor que detecta contaminação biológica e química
Com o documento, o projeto tende a ser absorvido pelo mercado e quem desejar usar a tecnologia terá que negociar com a universidadeA Universidade Estadual do Ceará (Uece) obteve, do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), do Governo Federal, aprovação da primeira carta-patente da universidade. O documento dá direitos de proteção nacional do Processo de Obtenção de Eletrodo Impresso Modificado com Nanopartículas de Ouro, desenvolvida em parceria com a Embrapa Agroindústria Tropical. Com nome difícil, a tecnologia é um sensor para detecção de contaminantes biológicos ou químicos.
“É a garantia que essa tecnologia vai estar preservada durante 20 anos para uso da instituição. Quem quiser usar essa tecnologia vai ter que negociar com os pesquisadores da universidade. É a consolidação dessa inovação”, explica o reitor da Uece, professor Hidelbrando Soares, à Rádio O POVO CBN. Após aprovação da carta-patente, Uece e Embrapa darão o próximo passo, que é a busca de parceiro industrial para produção do produto em larga escala e sua inserção no mercado.
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O reitor aponta ainda que a concessão da carta-patente é um marco para o setor de pesquisa da universidade que, em 46 anos de existência, já tem mais de 100 ativos de propriedade intelectual com pedido de proteção no Inpi. Seria, de acordo com ele, um indicativo da maturidade da instituição colocando o projeto de forma competitiva no mercado.
O processo patenteado é resultado do desenvolvimento do projeto de Tese de Maria Gardeny Ribeiro Pimenta, pelo Programa de Pós-Graduação da Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio/Uece). Já os responsáveis pela invenção, são os pesquisadores Carlucio Roberto Alves, Maria de Fátima Borges, Rosa Fireman Dutra e Roselayne Ferro Furtado, além de Gardeny.
A invenção consiste na fabricação de uma superfície sensora usada para detecção de contaminantes químicos (pesticidas, toxinas) e biológicos (microrganismos) ou para a confecção de uma superfície biossensora com imobilização de material biológico (proteínas) que torna a detecção dessas partículas. “A grande vantagem desse sensor deve-se ao fato de ser de baixo custo, de alta sensibilidade e de fácil uso dos eletrodos construídos para uso em sensores”, explica, por meio da universidade, Carlucio Roberto Alves, um dos pesquisadores.
Uma das aplicações práticas do sensor seria na indústria alimentícia para verificar o índice de contaminação biológico e químico dos alimentos, como o leite, por exemplo. Devido à grande quantidade de proteínas e da lactose em sua composição, pode haver o enriquecimento de microrganismos no produto. O supervisor do Setor de Prospecção e Avaliação de Tecnologias da Embrapa, Genésio Vasconcelos, explica que o sensor tem um diferencial de ser rápido, o que dá agilidade ao processo de análise da amostra, além de ter alta biocompatibilidade e maior área de superfície de contato, tornando a análise mais eficiente.
Patente
A patente é resultado de uma pesquisa conjunta entre Uece e Embrapa. O processo contou com o apoio do Escritório de Patentes da Embrapa e do Núcleo de Inovação Tecnológica da Uece (NIT). Isso porque, no Brasil, o processo de patente leva anos para ser concedido, em torno de 10 anos. O pedido da Uece aconteceu em 2013, levando, então, oito anos para ser aprovada.
O NIT/Uece tem como objetivos auxiliar os pesquisadores em pesquisas de patentes, acompanhar o processamento dos pedidos e a manutenção dos títulos de propriedade intelectual da universidade. O núcleo atua também para facilitar a interface da Uece com a sociedade, divulgando e transferindo as tecnologias desenvolvidas em seus campi e estabelecer uma “cultura da inovação”,
De acordo com dados do Núcleo, atualmente, a instituição possui 70 depósitos de patentes, ou seja pedidos, de invenção e três de modelos de utilidade. Ao todo, a Uece tem mais de 100 ativos de propriedade intelectual com pedido de proteção no INPI.
Saiba mais
A carta-patente é identificada no Nº BR 102013033108-2, cuja validade é de 20 anos, e deve proteger a invenção do sensor. Em termos técnicos, a placa sensora é usada para detecção de contaminantes químicos e biológicos, como salmonela, antígenos, entre vários outros tipos de microrganismos e de materiais. No processo, é possível criar uma superfície biossensora com imobilização do material biológico que torna a detecção de analitos extremamente seletiva.
A superfície consiste em eletrodo impresso modificado, um filme de carbono depositado sobre um suporte inerte de PVC, com nanopartículas de ouro depositadas. Esse eletrodo é acoplado a um aparelho que permite aplicação de diferentes potenciais, ou seja, varreduras com focos diferentes.