Aprovada na UFRJ, Pauliana é mais nova de 5 irmãos e única a concluir ensino médio
Natural de Croatá, Pauliana Oliveira foi aprovada no curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Graças ao apoio dos pais, da escola, e a sua persistência, a jovem pôde alcançar seu sonhoDesde o início do isolamento social, para um parcela de estudantes, ficou ainda mais difícil manter a dedicação exclusiva aos estudos. Não foi diferente para Pauliana Oliveira, de 19 anos, filha de agricultores, a mais nova de cinco irmãos e a única a concluir o ensino médio na família. Hoje, ela é estudante recentemente aprovada na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A jovem é moradora da zona rural de Croatá, no Ceará, um pequeno município na Serra da Ibiapaba. Pauliana conta que os desafios se intensificaram ainda mais com a pandemia. "Eu e todos os demais tivemos que nos adaptar a uma nova realidade. Tive alguns amigos que tiveram que desistir e iriam tentar só no próximo ano. Eu ficava repetindo para mim mesmo: me preparei durante a minha vida toda para isso. Eu não vou desistir agora!”.
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Ela conta que desde pequena era apaixonada pela vida e que gostava de pegar o livro de Biologia da irmã. "Eu ficava horas vendo os animais, a parte da gestão humana, as formas de vida existentes no meu quintal, e tudo aquilo sempre foi incrível. Com o tempo, o interesse por tudo isso só foi aumentando”, comenta.
Pauliana estudou em uma escola pública de Croatá chamada Flávio Rodrigues. Filha de pais agricultores que nunca foram à escola, um dos sonhos sempre foi estudar. “De fazer diferente. Minha relação com meus pais é de total companheirismo e apoio, foram eles que sempre estiveram comigo”, destaca.
O município de Croatá está localizado no lado sul da Serra da Ibiapaba, a 352 Km de Fortaleza e faz divisa com o estado do Piauí. A maior concentração populacional encontra-se na zona rural e a economia local é baseada na agricultura e no turismo.
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Foi o apoio dos pais e a persistência da jovem que a fizeram alcançar seu sonho. Mesmo em meio a pandemia, não desistiu de fazer o vestibular. Ela conta que cursar o último ano da escola de modo remoto trouxe muitas incertezas em relação às provas. “De início foi um pesadelo, eu imaginei que não ia dar certo, que eu não ia conseguir”.
Em entrevista ao O POVO, a futura bióloga acredita que uma parte de sua instrução se deve aos profissionais da instituição onde cursou o ensino médio. “O núcleo gestor juntamente com os professores sempre estiveram disponíveis para fazerem com que tivéssemos o melhor aprendizado”.
A cearense prestou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) com o foco de estudar na universidade carioca e conseguiu. A previsão é iniciar o curso em julho deste ano.
Círculos de Leituras
A escola onde a jovem estudava possui um projeto chamado de Círculos de Leituras, que tem o objetivo de incentivar o desenvolvimento de competências sociais e emocionais através da leitura e das discussões feitas em grupo.
“É um projeto rico tanto na questão literária quanto na questão pessoal. A gente fazia encontros para debater as obras lidas e víamos diferentes interpretações. Às vezes, eu estava desmotivada e insegura, mas quando a gente tinha aqueles encontros, era algo que me colocava para cima. Eu saia de lá super feliz e com novas perspectivas”, finaliza a jovem que era aluna articuladora, e atuava com a professora Miriam na organização do projeto.