Ceará cria mais três Unidades de Conservação em área superior a 67 mil hectares
Medida tem o objetivo de assegurar a preservação de áreas com grande relevância biológicaNo mês em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho), três novas Unidades de Conservação (UCs) foram instituídas no Estado do Ceará. Em decreto publicado pelo Governo Estadual na última segunda-feira, 28, foi autorizada a criação do Parque Estadual do Cânion Cearense do Rio Poti, situado entre Crateús e Poranga; da Área de Proteção Ambiental (APA) do Boqueirão do Poti, que abrange os municípios de Ipaporanga, Crateús e Poranga; e da Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) Riacho da Matinha, localizada no Crato.
Segundo a Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (Sema), o território abrangido pelas novas UCs ultrapassa 67 mil hectares de extensão. Ainda de acordo com a pasta, as novas reservas são compostas por matas secas, planícies, nascentes e recursos arqueológicos e paleontológicos. Nos últimos sete meses, as áreas foram alvo de estudos científicos desenvolvidos por técnicos da Associação Caatinga e pesquisadores da Universidade Regional do Cariri (Urca) em parceria com a Sema.
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“Fizemos levantamento de fauna, flora, socioeconômico, fundiário e do meio físico. Com base nesses estudos, chegamos à conclusão que as áreas possuem grande relevância ambiental”, conta o biólogo e coordenador técnico da Associação Caatinga, Samuel Portela, um dos responsáveis pelo estudo técnico executado na APA do Boqueirão e no Parque do Cânion do Rio Poti.
Para o biólogo, além de ser um passo importante na preservação de recursos naturais da região, a criação da UCs também deve estimular a geração de renda para populações ribeirinhas do Rio Poti. “É um avanço para a preservação de dezenas de nascentes que abastecem a região e da zona de recarga do aquífero, que garante a perenidade [Rio] Poti. O que vislumbramos, também, é a possibilidade dessa área gerar renda, através do turismo, para as comunidades que ali habitam”, pontua Portela. Ele também aponta como fator positivo a conservação dos sítios arqueológicos e paleontológicos e da grande beleza cênica formada pelos paredões do cânion do Rio.
A orientadora da Célula de Diversidade Biológica (Cedib) da Sema, Andrea Moreira, que também participou dos estudos científicos, destaca que as novas UCs estão situadas em áreas em Áreas Prioritárias para Conservação da Caatinga, com grau de importância biológica extremamente alto. “Os aspectos apresentados nos estudos técnicos indicam a extrema relevância da área proposta para a criação das unidades, inclusive sob o caráter de conectividade com outras áreas protegidas”, destaca.
No caso do Riacho Matinha, no Crato, a unidade está situada dentro do Parque de Exposições Pedro Felício Cavalcante, por onde passa um córrego que nasce no sopé da Chapada do Araripe, com classe de importância biológica muito alta. "Esse riacho tem todo um simbolismo para a cidade do Crato, por estar dentro do Parque de Exposições. A partir de agora, este passa a ser um espaço destinado ao Cariri, para que todos possam aproveitar o local com caminhadas, levando a família a lazer, e contemplando as nossas belezas naturais”, ressalta o prefeito cratense, José Aílton Brasil (PT).
Após a criação das novas Unidades, o próximo passo para instituir a política de proteção das áreas é a formação de conselhos gestores, que serão constituídos por representantes do poder público e da sociedade civil com atuação nas áreas abrangidas pelas UCs. Os locais serão permanentemente fiscalizados pelas secretarias de meio ambiente dos municípios. A Sema tem o prazo de 5 anos para elaborar o Plano de Manejo de cada unidade, documento que estabelece o zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais disponíveis.
Com o acréscimo das três UCs instituídas neste mês, o território cearense passa a contar com 93 Unidades de Conservação, sendo 30 estaduais, 12 federais, 13 municipais e 38 particulares. Clique aqui e confira o painel completo.
Extensão territorial das novas áreas de proteção:
Parque Estadual do Cânion Cearense do Rio Poti: 3.680,55 hectares
Área de Proteção Ambiental (APA) do Boqueirão do Poti: 63.332,20 hectares
Área de Relevante Interesse Ecológico Riacho da Matinha: 6,94 hectares