Cães de busca e resgate do Corpo de Bombeiro do Ceará são certificados para operações nacionais

As provas ocorreram entre os dias 21 e 25 em Magé (RJ). Três cães de busca e resgate do Corpo de Bombeiros alcançaram a certificação

18:45 | Jun. 28, 2021

Por: Angélica Feitosa
Agentes do Corpo de Bombeiros junto a cães que receberam certificação (foto: Foto: Corpo de Bombeiros Militar do Ceará)

Três cães de busca e resgate do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE) alcançaram a certificação nacional para operações em todo o território brasileiro. As provas de resistência ocorreram em Magé (RJ), entre os dias 21 e 25 de junho. Nala e Anny, ambos da raça labrador, e Tupã, um boiadeiro australiano, passam a fazer parte da lista de cães certificados do Ceará. Os animais estão aptos para atuar em ocorrências de buscas que envolvem o Corpo de Bombeiros, formando binômios ou seja, dupla de bombeiro militar e cão.

Os cachorros foram aprovados em testes de obediência, destreza e busca urbana e rural. A etapa na Região Sudeste garantiu aos três cães a Certificação Nacional de Cães de Busca e Salvamento. As provas aconteceram na Seção de Operações com Cães do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro.

Participaram da competição corporações militares do Ceará, Distrito Federal e do Rio de Janeiro. Os árbitros foram do Corpo de Bombeiros Militar do Mato Grosso, credenciados pelo Conselho Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil (Ligabom) e pelo Comitê Nacional de Busca, Resgate e Salvamento com Cães (Conabresc), órgãos responsáveis por unificar doutrinas operacionais e de ensino no emprego de cães em ocorrências de busca, resgate e salvamento.

Criado em 2003, o Ligabom é o órgão colegiado que integra todos os Corpos de Bombeiros Militares do País e é representante da classe junto aos diversos órgãos em todas as esferas. O Conabresc é também um órgão colegiado, mas com trabalho específico da área de busca e resgate e salvamento com cães.

Certificação

A certificação envolveu os cães em duas provas, sendo a primeira de busca, e a segunda de obediência. A prova de busca simulou uma ocorrência em área delimitada, número de vítimas definido e um tempo cronometrado. A avaliação considerou todas as estratégias de busca do animal, localização das vítimas e o trabalho do binômio (bombeiro militar e cão), além do desempenho apresentado pelo cachorro e sua capacidade técnica.

“Os cães do Corpo de Bombeiros realizam a função de achar a vítima com ou sem vida, fazemos esse dois tipos de trabalho. Além de participarem de todas as modalidades: busca em ambiente rural (floresta) e em escombros (busca urbana)”, explica o tenente do CBMCE, Eliomar Cordeiro de Alves, 1º oficial do Estado a certificar um cão de busca e resgate.

As certificações dos cães contam também como uma avaliação de conhecimentos cinotécnicos, ou seja, os condutores dos animais também são avaliados nas provas. Por esse motivo, durante as certificações são utilizadas técnicas no serviço de busca e resgate de pessoas.

“Os destaques nas provas foram o cão Tupã, que encontrou um objetivo em menos de um minuto de prova em ambiente urbano. A Anny é um dos nossos melhores cães, sendo na atividade de busca rural ela encontrou duas vítimas (nível A). Já a Nala pontuou na prova de obediência no nível inicial”, ressaltou o oficial.

Nível iniciante – Nível V

Para o nível V, os parâmetros foram encontrar uma vítima no tempo de dez minutos. Foi observada a área de cinco mil metros para busca rural e de 600 metros para busca urbana. Nas buscas por restos mortais, o cão tem que indicar o composto orgânico volátil, comprovando a busca da vítima.

Nível intermediário – Nível A

No nível A, os parâmetros foram duas vítimas, no tempo de 15 minutos, para a área rural, e 20 minutos para a área urbana. Sendo observado a área de 20 mil metros, para busca rural, e mil metros para área urbana, além de torre e compartimento fechado. Nas buscas por restos mortais, o cão teve de indicar a vítima morta.

Prova de obediência

Para a prova de obediência nível V, os exercícios envolveram: o cão na posição deitado ao lado com distração, junto com o guia e com um grupo de pessoas com guia, mudança de posição, túnel, prancha rígida, passar por materiais desagradáveis e transporte de pessoas. No Nível A, na prova de obediência, avaliou: a distração do cão com um grupo de pessoas sem guia, túnel, prancha instável, escada, controle a distância, direcionamento à distância, transporte por outra pessoa e busca de objetos.

“A certificação é uma comprovação formal que o cão executa o serviço. É uma prova, um mecanismo de avaliação, não quer dizer que o cão só é bom se passar na certificação. Porém, é uma forma de testarmos não apenas o cão, como todo nosso treinamento. A Nala conseguiu cinco certificações, mas o que ficou para nós foi verificar os pontos que temos que melhorar, a condição física dela, melhorar o treinamento dos fundamentos básicos de busca, como o latido. Volto muito feliz pelas conquistas e ainda mais engajado para melhorar e direcionar o treinamento a fim de obtermos sucesso, também, em ocorrências reais”, pontuou o tenente do Corpo de Bombeiros Eliomar Cordeiro.

De acordo com o subtenente José Maria da Silva, o treinamento de um cão dura em média dois anos. Ele afirma ter conseguido a certificação após exercícios diários, desde o nascimento do animal. “Essa certificação é fruto de muito trabalho. A aprovação nessas provas garante que temos um domínio sobre o cão, há uma relação do binômio, que o animal está condicionado para a atividade de busca e resgate que pode ser empregado em operações reais”, conclui.

Técnica

Os cães de busca e resgate do Corpo de Bombeiros do Ceará têm uma rotina de treinamentos para atenderem as operações no Estado. Eles também participam de certificações estaduais, regionais e nacionais. A provas comprovam que os animais estão aptos tecnicamente para realizarem o serviço de buscas. Em todas as avaliações realizadas pelos cães cearenses eles receberam aprovação de 100%.

“Não é toda raça que se adapta ao clima do nosso Estado. Por isso, escolhemos raças que se adequem ao clima, para que sejam uma ferramenta técnica nas operações estratégicas. O cão tem que oferecer resistência física, boa envergadura, dinâmica e ter empatia com o ser humano. As raças que mais se adaptaram no nosso trabalho são: pastor belga de malinois, boiadeiro australiano e o labrador”, explica o capitão Wilson Correia Lima do CBMCE.

Companhia de busca e resgate com cães

A Companhia de Busca e Resgate com Cães (Cbresc) do Batalhão de Busca e Salvamento (BBS) do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará conta com 13 cães, que são: Anny, Brown, Dana, Dara, Duque, Flash, Gaia, Inês, Nala, Noah, Tupã, Lara e Zeus. A corporação conta com efetivo de cães das raças border collies, malinois, labrador, branco alemão e boiadeiro australiano.