Pesquisa: Caucaia é a 2ª cidade mais violenta do País e mais 3 do Ceará estão na lista
O terceiro lugar também fica no Ceará, com Maracanaú, diante do registro de 170 assassinatos, taxa de 73,9 e uma nota de 9,5
12:19 | Jun. 24, 2021
A série de ocorrências violentas em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), colocou o município como a segunda cidade mais violenta do Brasil. Na lista dos locais mais violentos, o Ceará tem mais três cidades entre os 15 primeiros: Maracanaú (3º), Maranguape (7º) e Juazeiro do Norte (8º). O levantamento foi elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e divulgado na quarta-feira, 23, por meio de uma nota técnica que traz um levantamento que ordena os 120 municípios mais violentos do Brasil.
Para a pesquisa, o Ipea priorizou os 120 municípios com maiores números de homicídios dolosos entre 2018 e 2020, segundo os dados do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp). No total, o Ceará tem oito municípios no ranking. Além dos já citados, estão também Aquiraz, Fortaleza, Pacajus e Sobral. “É possível verificar que todas UFs apresentam ao menos um município entre os mais violentos. Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco se destacam como os mais contemplados”, aponta o relatório.
Leia mais
O estudo apresenta duas formas de elencar as cidades mais violentas. A primeira atribui uma nota geral, com base na média anual de homicídios e na taxa dessa média por 100 mil habitantes entre 2018 e 2020. Nessa lista, Rio Branco, no Acre, lidera com nota de 10 e uma taxa de 93,4, com 386 homicídios. Em segundo lugar está Caucaia, com 308 homicídios no período, gerando uma nota de 9,7 e uma taxa de 84,2. O terceiro lugar também fica no Ceará, com Maracanaú, diante do registro de 170 assassinatos, taxa de 73,9 e uma nota de 9,5.
Maranguape (7º) e Juazeiro do Norte (8º) também aparecem na lista entre as 15 cidades mais violentas do País. É observado que entre esses municípios com notas gerais mais altas, apenas cinco estão localizados fora da região Nordeste. A distribuição desses 15 municípios por estado: Ceará com quatro, Bahia com três, Acre com dois, Pará com dois e Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Sul com um cada.
Os dados serão utilizados para orientar o Ministério da Justiça e da Segurança Pública (MJSP) em relação ao Programa Nacional de Enfrentamento de Homicídios e Roubos, que vai ainda ser lançado. O projeto pretende combater a violência urbana, ao articular iniciativas de prevenção e repressão à criminalidade, nas áreas que concentram as maiores taxas de homicídios no território nacional.
Leia mais
“A ordenação dos municípios por essa nota geral trata de forma complementar o número e a taxa de homicídios. Ao dar um peso maior aos municípios com maiores taxas de homicídios, garante que o programa comece nos locais em que a situação é mais grave”, explicam os pesquisadores do Ipea Danilo Coelho, Alexandre Cunha, Henrique Alves e Erivelton Pires Guedes, autores do estudo.
Aumento nos homicídios
O estudo também classifica usando apenas a taxa média de homicídio dolosos entre 2018 e 2020. Nessa distribuição dos 15 municípios mais violentos a partir desta taxa, o Ceará aparece com seis, Bahia, Rio Grande do Norte e Acre com dois, e Pernambuco com um. Cruzeiro do Sul aparece em primeiro lugar, seguido por Rio Branco também no Acre. O ranking continua com quatro cidades do Ceará: Pacajus, Aquiraz e Caucaia.
De acordo com o levantamento, os municípios cearenses exibem outro destaque negativo: tiveram aumento no número de homicídios entre 2019 e 2020. As duas primeiras posições, Cruzeiro do Sul e Rio Branco, tiveram variações negativas, ou seja, apresentaram diminuição nos números. O estudo analisa também os 12 municípios, entre os 120 mais violentos, com as maiores taxas de variação de homicídios dolosos entre 2019 e 2020.
O Ceará lidera com as três primeiras posições e tem sete municípios, dos oito totais considerados na pesquisa, na lista. Pacajus saiu de 28 homicídios em 2019 para 82 em 2020, um aumento de 193%. Aquiraz aparece em segundo lugar, com salto de 35 (2019) para 89 (2020), aumento de 154%. Sobral, indo de 57 (2019) para 118 (2020), crescimento de 107%, é o terceiro lugar.
Além desses critérios, o estudo também sugere levar em conta aspectos institucionais, relacionados ao envolvimento, cooperação e adesão aos esforços de enfrentamento da criminalidade violenta nos níveis subnacionais. Os pesquisadores apontam ainda a orientação de que seja criado um diálogo e negociação tripartite entre as esferas governamentais, e o envolvimento do Judiciário e do Ministério Público, para contenção da violência.