Quadra chuvosa chega ao fim com reserva hídrica de 30,10% no Ceará
Entre 2016 e 2021, reserva hídrica deste ano só fica abaixo dos valores registrados em 2020 após a quadra chuvosa
16:54 | Jun. 01, 2021
O início do mês de junho encerra a quadra chuvosa no Estado do Ceará, que tem início em fevereiro e chega ao fim no último dia de maio. Pelo segundo ano consecutivo, o Estado consegue encerrar o período das chuvas com um volume hídrico acumulado superior a 30%, de acordo com os dados da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).
Levando em consideração os indicadores do dia 31 de maio, último dia da quadra chuvosa, em 2020, o Ceará finalizou o período com 34,71% de reserva hídrica em seus açudes. Em 2021, analisando o mesmo dia do mês, o acúmulo hídrico ficou 4,61% abaixo do valor registrado no ano anterior, tendo atingido a marca de 30,10%, em 2021.
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Em uma análise dos dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), é possível observar que o valor acumulado das chuvas durante os meses de fevereiro a maio passa por uma crescente entre os anos de 2016 e 2021.
Em 2016, o Ceará teve a pior quadra chuvosa dentro do período analisado (2016-2021). Os 317,4 milímetros observados de fevereiro a maio daquele ano ficaram 47,2% abaixo do que se esperava para o período. Em 2017, houve uma melhora, mas, ainda assim, os 536,8 milímetros observados ficaram 10,6% abaixo da normal climatológica.
Já em 2018, o desvio negativo do período foi bem menor que nos anos anteriores, tendo sido observados 597,7 milímetros dos 600,7 esperados para o quadrimestre (fevereiro a maio). A variação negativa foi de apenas 0,5%. A quadra chuvosa de 2019 manteve a crescente dos últimos anos e trouxe marcas positivas para o período. Os 671,9 milímetros de chuva deixaram as precipitações 11,9% acima do que se espera para o período.
Os melhores resultados hídricos foram registrados em 2020, quando a quadra chuvosa do Ceará atingiu os melhores resultados da última década. Os 728,6 milímetros de chuva foram responsáveis por um desvio positivo de 21,3% em relação à normal climatológica entre os meses de fevereiro e maio.
Em um comparativo com o aporte hídrico no final da quadra chuvosa de 2019, com o mesmo período em 2020, houve um avanço de 13,23% no nível de água acumulado nos reservatórios do Estado. O aporte hídrico de 21,48%, em 31 de maio de 2019, saltou para 34,71% após o encerramento da quadra chuvosa de 2020.
Ainda para 2021, o mês de junho marca o início da pós-quadra chuvosa. Segundo a gerente de Meteorologia da Funceme, Meiry Sakamoto, "precipitações ainda podem acontecer, mas os volumes acumulados são bem mais reduzidos, quando comparados aos observados durante a quadra chuvosa".
A média climatológica de precipitações no Ceará para o mês de junho é de 36,5 milímetros. Já para julho, que também faz parte do período da pós-estação chuvosa, a média de chuvas é de apenas 15,4 milímetros.
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Açude Castanhão
O maior reservatório de água do Ceará chega ao fim da quadra chuvosa com um volume de 13,04% de sua capacidade, de acordo com os dados disponibilizados no portal hidrológico da Cogerh.
O açude segue o padrão hídrico estadual apresentado nos últimos anos. Entre os anos de 2016 e 2021, este é o segundo melhor resultado alcançado pelo reservatório ao fim de uma quadra chuvosa, ficando atrás apenas do ano de 2020, quando o Castanhão chegou ao último dia de maio com 16,02% de volume de água.
Em um comparativo com o primeiro dia de fevereiro de 2021, data de início da quadra chuvosa, o Castanhão apresentou um crescimento de 2,53% no seu volume, já que estava com 10,51% de sua capacidade no início do segundo mês deste ano.
Em 2020, ano do melhor aporte hídrico da última década, o avanço durante o período da quadra chuvosa foi bem mais representativo. Do primeiro ao último dia da quadra chuvosa houve um aumento de 13,56% no volume do reservatório. De fevereiro a maio, o açude foi de 2,46% de volume ocupado para 16,02%.
Mesmo com o açude recebendo as águas do Rio São Francisco desde o dia 10 de março de 2021, o fluxo que chega não foi capaz de alterar o cenário de maneira relevante. Em abril deste ano, a reportagem do O POVO mostrou o tímido aumento no volume do açude após 50 dias da chegada das águas do Velho Chico.
Francisco Teixeira, secretário de Recursos Hídricos, já havia alertado que as águas do São Francisco servem apenas para complementar e manter o ritmo das chuvas do período e não conseguiriam, sozinhas, elevar o volume do Castanhão.
Procurado pela reportagem, o administrador do Castanhão por parte do Departamento de Obras Contra as Secas (Dnocs), Braulino Coelho, atestou que o volume do açude já vem caindo com a redução das chuvas durante o fim da quadra chuvosa. Entre os dias 24 e 31 de maio, o açude já reduziu sua capacidade de 13,10% para 13,04%. Apesar da queda no volume da água, Braulino afirma que o valor acumulado é suficiente para manter a segurança hídrica do reservatório durante 2021.