Médicos cearenses lançam livro com relatos sobre o enfrentamento à Covid-19

A obra reúne relatos de mais de 35 profissionais da saúde que estão na linha de frente da Covid-19. O livro também faz homenagem às mais de 410 mil mortes pela doença

07:25 | Mai. 11, 2021

Por: Lara Vieira
O livro é lançado um ano após o início das atividades do coletivo (foto: Coletivo Rebento/Reprodução)

Médicos membros do Coletivo Rebento lançam nesta quinta-feira, 13, o livro "Rebento - Vivências de uma Pandemia". A publicação reúne relatos do enfrentamento à Covid-19 e as suas profundas consequências sociais, escritos por 35 médicos e médicas cearenses e 10 profissionais de outras áreas convidados pelo Coletivo Rebento/Médicos em Defesa da Vida, da Ciência e do SUS. A cerimônia de lançamento acontecerá através de uma live no Facebook, no Instagram e no Youtube do grupo, às 20h.

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Em ”Vivências de uma Pandemia”, os profissionais da saúde expressaram sobre como foi a atuação na linha de frente da pandemia, sobre a perda de parentes, colegas de trabalho e pacientes. “Não só os médicos, mas todos os profissionais de saúde foram atropelados por essa doença e se viram como os únicos elos entre essas pessoas, que estavam doentes, extremamente sofridas”, declarou a hepatologista e membro fundadora do Coletivo, Elodie Bonfim Hyppolito.

“Além de a gente não ter podido se preparar para cuidar, a gente também se esqueceu muitas vezes do autocuidado. Jornadas de trabalho extenuantes, colegas dando plantão de mais de 60 horas por semana. Vimos muitos colegas adoecerem mentalmente por conta disso”, destacou a hepatologista.

O livro também é uma homenagem às famílias dos mais de 410 mil mortos pela Covid-19 no Brasil e uma reafirmação da denúncia de que muitas dessas mortes foram evitáveis. “Infelizmente essas mortes vêm num volume tão grande que podem ser passadas a ser entendidas como desfecho. E aí é preciso dizer que não são!”, declarou Liduína Rocha. Ela é obstetra e também é membro fundadora do Coletivo.

Em sua escrita, Liduína narra sobre como suas pacientes, grávidas e/ou no período de pós-parto, enfrentaram a possibilidade de morrer. “É muito angustiante analisar as primeiras mortes maternas pela Covid e perceber o impacto da falta de seriedade contra a pandemia. E observar os dados demográficos em relação a essas mortes foi ainda mais chocante, porque são os mesmos corpos que estão o tempo inteiro mais expostos: mulheres pobres, a maioria negras, com baixa escolarização”, continuou.

O lançamento do livro marca um ano de atividades do Coletivo, que realiza um trabalho de contribuição à informação cientificamente comprovada, ao debate público sobre a pandemia e seus efeitos, à defesa de ampla vacinação, de proteção da vida, de isolamento social com auxílio emergencial em valor digno e outras ações de apoio à população.

O evento contará com vídeos pré-gravados, incluindo convidados como Margareth Dalcolmo, médica e pesquisadora da Fiocruz; da escritora vencedora do prêmio Jabuti, Ana Miranda; da médica e membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, Ana Maria Rosemberg; e do poeta Talles Azigon. O livro tem projeto gráfico de Rubenio Lima e fotografias de Marília Quinderé, Jean dos Anjos e Rubenio Lima. Ilustrações de Arthur Queiroz Pinheiro, Bárbara Garcês, Elodie Hyppolito, Levi Alcântara, Levi Banida, Levi Mota Muniz, Manuella Pinto, Pixabay, Rafael Limaverde e Vitor Hugo Paiva de Sousa.

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O Coletivo

 

O Coletivo Rebento/Médicos em Defesa da Vida, da Ciência e do SUS teve como marco inicial um episódio de enfrentamento a "fake news". Na ocasião, um deputado estadual cearense acusou médicos do Estado de forjar atestados de morte por Covid-19, para "inflar" números da doença. Indignados com a manifestação, médicos e médicas se reuniram e organizaram um abaixo-assinado denunciando a ação do parlamentar à Assembleia Legislativa, a diversas entidades e à sociedade como um todo.

A partir da mobilização contra as "fake news", o Coletivo Rebento promoveu permanentes ações de denúncia sobre a inaceitável situação do Brasil diante das omissões e escolhas do Governo Federal quanto à pandemia.

Coletivo Rebento também realizou manifestações em espaços como a Praia de Iracema, a Praça da Imprensa, a Praça Portugal, o Poço da Draga e outros locais, quando o País atingiu as marcas de 100 mil, 200 mil e 300 mil mortos por Covid-19. Ainda, em março de 2021, 1.113 médicos e médicas cearenses ou atuantes no Ceará endossaram um abaixo-assinado denunciando essa realidade e cobrando mudanças urgentes nas ações federais quanto à pandemia.

Serviço:

Lançamento do livro "Rebento - Vivências de uma Pandemia"

Data: Quinta-feira, 13 de maio.

Horário: às 20h. 

Onde: no Facebook, no Instagram e no Youtube do Coletivo Rebento/Médicos em Defesa da Vida, da Ciência e do SUS.

O livro pode ser adquirido através do site do Coletivo Rebento. Cada exemplar pode ser adquirido ao preço de R$ 100,00. O livro será disponibilizado gratuitamente para entidades, instituições, movimentos sociais, bibliotecas comunitárias, de modo a estar acessível a um público mais amplo.