4,4 mil pessoas morreram por infarto agudo do miocárdio no Ceará em 2019

Os dados são da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Em todo o País, a doença é responsável por mais de 300 mil mortes por ano

17:20 | Abr. 20, 2021

Por: Angélica Feitosa
O infarto é uma doença que leva ao sofrimento das células do coração devido a uma diminuição da chegada de sangue (foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

Mais comum do que se imagina, o infarto agudo no miocárdio foi responsável pela morte de 4.401 pessoas no Estado somente no ano de 2019, segundo a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Em todo o País, os óbitos relacionados à cardiopatia foram de mais de 300 mil. O que não se imagina, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), é que qualquer pessoa pode ter esse tipo de doença. No entanto, pessoas que possuem fatores de risco para a formação de placas de gordura no coração são as mais afetadas: idosos, diabéticos, hipertensos, obesos, fumantes, pessoas com colesterol alto estão na lista.

Ainda de acordo com a SBC, o infarto é uma doença que leva ao sofrimento das células do coração devido a uma diminuição da chegada de sangue. Geralmente é causada por um entupimento dos vasos sanguíneos por uma placa de gordura. Grande parte das vezes, o infarto se apresenta como morte súbita, isto é, a pessoa falece de repente, sem apresentar sinais anteriores. Quando o paciente consegue ter assistência médica, essa falta de sangue para o próprio músculo do coração pode levar à miocardiopatia dilatada, conhecido de coração crescido, a longo prazo. Também pode gerar arritmias como sequela.

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Entre os principais sintomas do infarto está uma dor ou desconforto no peito. Porém, podem aparecer outros sintomas menos típicos tais como suor frio, náuseas, vômitos, dor na região conhecida como “boca do estômago”, falta de ar. Em meados de 2016, a Sesa, junto com o Núcleo de Atenção a Rede de Urgência e Emergência do Estado iniciou a formação do Grupo Condutor do Infarto – grupo formado por componentes gestores da Secretaria Estadual de Saúde e Especialistas na área - cardiologistas, emergencistas, médicos atuantes na rede pré-hospitalar; representantes da Sociedade Brasileira de Cardiologia e o Serviço de Atendimento Móvel Urgência do Ceará (Samu/Ceará) com o objetivo de promover políticas e linhas de cuidado específicos voltados para o infarto agudo do miocárdio.

De acordo com a Sesa, com a autorização do uso da medicação tenecteplase na rede de atenção pré-hospitalar, uma medicação que tem a possibilidade de “abrir” a artéria culpada pelo infarto em um paciente, iniciou-se o Programa de Trombólise pré-Hospitalar – tendo seu primeiro paciente beneficiado em 11 de abril de 2017. Atualmente, até a data de 11 de abril de 2021, após quatro anos do programa, já foram beneficiados 1.011 pacientes com essa estratégia terapêutica, sendo o Ceará um dos únicos estados a ter esse programa com cobertura de 100% do seu território.

A medicação é aplicada no local que o paciente se encontra em atendimento, podendo ser numa Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou hospital municipal e, em seguida, ele é removido para os hospitais de referência, que pode ser o Hospital do Coração de Messejana, em Fortaleza, ou os Hospitais do Coração de Barbalha ou de Sobral.

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Junto com o Samu para a análise das ocorrências, conta-se com uma equipe de cardiologistas 24 horas por dia, sete dias por semana que analisam os exames de eletrocardiograma e o quadro clínico dos pacientes via Telemedicina. A partir dessa análise, é feita uma teleorientação para a equipe do Samu na condução dos casos. No ano de 2020, por exemplo, foram realizadas 2.362 teleorientações de casos tanto relacionados ao infarto quanto outras emergências cardiovasculares, facilitando inclusive a identificação de casos graves em outras doenças e a remoção para hospitais de referência.

Segundo a SBC, atualmente as doenças cardiovasculares contribuem com a maior parte das mortes em todas as regiões de baixa e média renda do Mundo - com exceção da África subsaariana. Elas são a principal causa de óbito entre as pessoas acima dos 45 anos. Na América Latina, em 2010, os óbitos por esse tipo de enfermidade foram responsáveis 28,8% de todas as mortes.

Infarto e Covid-19

Existem poucas análises epidemiológicas sobre doenças cardiovasculares e a Covid-19 para um comparativo claro. Na publicação Livro Texto da Sociedade Brasileira de Cardiologia, 3ª edição, em 2021, comparando-se os anos de 2019 e 2020, em o último ano teve uma diminuição das notificações de óbitos por causa cardiovascular específica – tal como infarto e AVC e houve um aumento das causas inespecíficas. No entanto, ainda de acordo com a SBC, os dados são conflitantes e, possivelmente, nos próximos anos, deve haver uma análise mais fidedigna do panorama em termos epidemiológicos. Ela responderá, de forma mais real, a influência da pandemia de Covid-19 nos casos de infarto agudo do miocárdio.