Covid-19: 32,6% da população quilombola do Ceará recebeu a 1ª dose da vacina
Das 32.631 doses destinadas a essa população, 10.624 já foram aplicadas. Até a última terça, 253 mortes de quilombolas por Covid-19 foram confirmados no Brasil
00:00 | Abr. 15, 2021
De acordo com a Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa-CE), 32,6% da população quilombola do Estado já receberam a primeira dose do imunizante contra o coronavírus. Podem receber a vacina as pessoas que moram atualmente em território quilombola e se auto afirmam descendentes de quilombolas, por possuir identidade étnica vinculada ao território. Até a última terça-feira, 13, 253 mortes de quilombolas por Covid-19 foram confirmados no Brasil, de acordo com Observatório da Covid-19 nos Quilombos. Destes, pelo menos mais de 10 casos ocorreram no Ceará.
A vacinação contra a Covid-19 deste grupo, que se encontra como prioridade nesta 2ª fase, iniciou no dia 29 de março. O cadastro pode ser feito pelo site Saúde Digital. As doses foram distribuídas a residentes dos 43 municípios cearenses que possuem comunidades quilombolas, as estimativas populacionais são fornecidas à Sesa pela Comissão Estadual dos Quilombolas Rurais do Ceará com apoio da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (Cerquice).
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Os dados do IntegraSUS mostram o número de 6.650 quilombolas com cadastro confirmado. Em relação às pessoas que não possuem acesso a internet, a Estratégia da Saúde da Família ou os Centros de Referência de Assistência Social (Cras) servem como meio de cadastro. Ainda de acordo com a Sesa, os municípios foram orientados a se reunirem com as lideranças quilombolas para documentar as estimativas populacionais de cada quilombo. No caso de diferenças entre meta e população, o gestor municipal foi orientado a enviar ofício para o coordenador da respectiva Área Descentralizada de Saúde, solicitando a correção de meta e documentando essa alteração.
De acordo com Isabel Cristina, representante da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) no Ceará, a partir de articulações com a Sesa e com a Secretaria de Proteção Social, alguns cadastros foram feitos pela plataforma de Saúde Digital. "Foi organizado, diante do movimento e em cada território, uma planilha com os nomes das pessoas de cada território e foi enviado para cada setor de saúde de cada município. Continuamos nesse diálogo com os município", frisa Cristina, que participou ontem de uma reunião com o governo e lideranças Quilombolas sobre a assistência técnica rural nessas localidades, que têm como principal fonte de renda a agricultura familiar e o artesanato.
"Diante da pandemia a gente teve que se reorganizar e se restabelecer para que não parássemos e que pudéssemos de forma mais acessível encaminhar processos e atividades através de reuniões online para continuar esse acompanhamento das comunidades, para que o nosso povo tenha consciência sobre esse processo que estamos vivendo. Estamos organizando também uma planilha para armazenar dados sobre óbitos dessa população", explica a coordenadora do Conaq-CE.
As três cidades com maior número de cadastrados se concentram na capital e região metropolitana, sendo elas: Caucaia, com 1.662; Horizonte, com 688; Fortaleza com 616. Já no interior do Estado, Tauá e Baturité se destacam pelo maior número de cadastros com 437 e 392, respectivamente.