"Março será um mês difícil", projeta epidemiologista sobre o que virá na pandemia em Fortaleza
O médico destacou simultaneidade de casos no Estado, o que dificulta manejo de leitos hospitalaresEm entrevista à Rádio O POVO CBN, o epidemiologista e professor Antônio Silva Lima Neto (Tanta), comentou na manhã dessa quinta-feira, 4, a situação atual da transmissão de Covid-19 Ceará. De acordo com Tanta, "março será um mês difícil". O cenário de alta ocupação de leitos, profissionais exaustos e simultaneidade das infecções em grande parte do Estado são alguns dos fatores para isso. Além disso, ele destaca a ocorrência da nova variante, a possibilidade de haver outras e as chances de reinfecção.
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“Nós temos uma simultaneidade de ocupação de leitos em todo o Estado, mesmo o governo tentando tornar as regiões autônomas”, comenta. Na primeira onda, de acordo com Tanta, era mais fácil para remanejar os leitos, já que o lapso temporal epidemiológico era diferente entre as regiões cearenses.
Antônio Lima avalia que a taxa de reinfecção é bem maior que a primeira onda, que se iniciou em março do ano passado. "O contágio e a transmissão são mais rápidos e têm carga viral mais forte”. O professor acredita que o aumento de casos podem ter sido em decorrência das aglomerações geradas em feriados e outras datas comemorativas, como Ano Novo e Carnaval.
Questionando se o aumento de casos seria resultado também na nova variante do coronavírus, o médico afirma que não se sabe se é isso, mas confirma a circulação comunitária da nova cepa. E destaca: "pode até haver outras variantes e a gente não saber". Segundo Tanta, alguns pesquisadores acreditam que a crise de saúde atual se deve, não necessariamente a uma nova variante, mas à queda da imunidade da população.
Decreto de lockdown
Sobre o decreto anunciado ontem pelo governador do Estado, Camilo Santana (PT), Tanta afirma que não há garantia que o lockdown dure apenas duas semanas. “Não há garantias sobre o prazo. Nós estamos tentando avaliar o cenário atual, se continuar nessa situação, não teremos melhoras. A única solução seria a vacinação em massa e o isolamento inicial”, destaca.
A justificativa do lockdown é que o País não pode contar com a vacinação em massa e um alto nível de isolamento social pode interferir nas hospitalizações. “É possível que o cenário melhore. Isolamento social é para proteger a população. Precisamos diminuir a transmissão da doença para poder respirar e cuidar dos pacientes adoecidos. Vivemos em um cenário de alta transmissão e exaustão da assistência médica. O ideal seria isolar a população e vacinar rapidamente. A decisão é difícil, por causa da questão social e econômica. Nós entendemos a situação, existe uma componente social grave”, argumenta Tanta.