Seca avança no litoral e já atinge 90% de todo o Ceará em janeiro

Em janeiro, modalidade "fraca" avançou no litoral. Extremo Sul e Região Central do Estado passaram à categoria "moderada" de seca, chegando a 29,19% do território, percentual é o maior desde fevereiro de 2020

12:21 | Fev. 25, 2021

Por: Ítalo Cosme
Chance de presença de chuvas na faixa litorânea (foto: JÚLIO CAESAR)

Atualizada às 13h36min

A área total de seca no Ceará subiu de 83,17% em dezembro para 90,82% em janeiro último. É o maior percentual desde dezembro de 2019. A severidade do fenômeno é diferente entre as regiões do Estado. No mês passado, conforme o Monitor das Secas, a modalidade "fraca" avançou no litoral cearense. Pelo agravamento da situação de seca na área Central e no extremo Sul, o Ceará registra 29,19% do seu território na categoria "moderada".

Esse grau de severidade não ocorria desde fevereiro de 2020, quando 57,97% do território apresentou seca moderada. De acordo com o monitoramento, a alta na intensidade da seca ocorre por conta das chuvas abaixo da média no último trimestre. "Permanecem os impactos de curto e longo prazo na porção central do Estado e de curto prazo nas demais áreas", alertou o relatório divulgado pela Agência Nacional das Águas (ANA).

No mês passado, a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos apresentou prognóstico para a quadra chuvosa deste ano. Os resultados deixaram o Estado em alerta. Segundo os dados da entidade, há 50% de chance do Ceará passar por um ano de seca com baixas precipitações.

Na primeira quinzena de fevereiro, o Estado registrou 71% de chuva abaixo do esperado para o período. Conforme a Funceme, o alcance foi de apenas 29% do volume de precipitações da média histórica para todo o mês, quando a normal climatológica é de 188,6 milímetros.

Monitor das Secas

 

O Monitor da ANA acompanha continuamente o grau de severidade das secas no Brasil com base em indicadores do fenômeno e nos impactos causados em curto e/ou longo prazo. Os impactos de curto prazo são para déficits de precipitações recentes de até seis meses. Acima desse período, os impactos são de longo prazo.

Segundo o controle, em janeiro deste ano, as áreas com seca tiveram aumento em nove das 20 unidades da Federação acompanhadas em comparação a dezembro de 2020: Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco e Rio de Janeiro.

Já em 13 unidades da Federação, 100% de seus territórios registraram seca no último mês: Alagoas, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins. O Piauí se manteve com cerca de 92% de sua área com seca em relação ao mês anterior. A redução de áreas com o fenômeno aconteceu somente no Maranhão.

Quanto à severidade do fenômeno, 12 estados tiveram o agravamento da seca entre dezembro e janeiro: Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, São Paulo, Sergipe e Tocantins. Em outros quatro estados, o grau de severidade da seca se manteve: Bahia, Distrito Federal, Maranhão e Rio de Janeiro. Por outro lado, em quatro estados aconteceu uma atenuação da seca: Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

No Nordeste, pontua o Monitor, por conta das chuvas abaixo da média e do aumento das temperaturas em janeiro, houve leve piora na condição de seca, marcada pelo aumento das áreas com seca fraca e/ou moderada em parte do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Bahia. A porção de seca grave no norte de Sergipe também se expandiu, passando a influenciar parte do território alagoano. Por outro lado, houve uma pequena redução da área com seca moderada no Maranhão, devido à ocorrência de chuvas acima da normalidade.

Priscila Monteiro, especialista em recursos hídricos e saneamento básico da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), analisa que, no contexto geral, o monitoramento de janeiro deste ano trouxe alívio para o Centro-Sul do Brasil. A região sofre há algum tempo com seca mais intensa, mas teve melhora significativa no mês passado em relação a dezembro.

“Mas claro que os estados que registraram piora na condição, seja pelo aumento da área coberta com seca ou pelo aumento na sua severidade, terão a devida atenção dos gestores que acompanham a evolução da seca e seus impactos, de forma a planejar as melhores ações de resposta e enfrentamento do fenômeno”, frisa.