Julgamento de acusado de matar esposa e filha começa hoje e pode entrar para a história do Ceará
Acusado de matar a esposa e filha em Paracuru, em 2015, empresário Marcelo Barberena é julgado nesta segunda-feira, 30, e julgamento pode ser o mais longo no Ceará. Vinte e seis pessoas serão ouvidas
08:58 | Nov. 30, 2020
*Atualizada às 11h25min
O julgamento do empresário Marcelo Barbarena Moraes, acusado de matar esposa e filha em uma casa de praia na cidade de Paracuru, litoral Leste do Ceará, acontece a partir das 9 horas desta segunda, 30, e pode entrar para a história do Ceará por ser o mais longo. O julgamento acontece cinco anos após os homicídios.
Serão ouvidas 26 testemunhas de defesa e acusação ao longo do dia, três delas por meio de videoconferência. Em seguida, o réu deve ser interrogado. Ele vai a júri popular.
Após o interrogatório, haverá os debates e a votação dos jurados. Como não existe um horário estipulado para o fim da sessão, ela pode acabar se prorrogando até o dia seguinte e, ser houver interrupção, irá se tornar o julgamento mais extenso na história do Ceará. "Nunca houve uma suspensão em julgamentos. Eles se estenderam pela madrugada", informa a promotora de Justiça do município, Anna Gesteira.
Acusação
Marcelo foi denunciado como autor do duplo homicídio triplamente qualificado, com motivo torpe, recurso que dificultou a defesa da vítima de feminicídio. A decisão sobre o empresário ir a julgamento foi proferida em outubro de 2016. Consta na denúncia ofertada pelo Ministério Público do Ceará (MPCE), que na madrugada do dia 23 de agosto de 2015, após discussão do casal Marcelo e Adriana, o acusado efetuou disparos contra a esposa e, em seguida, atirou na filha que estava dormindo. Na casa, duas famílias, a das vítimas e a do irmão do acusado, passavam o fim de semana.
Barberena foi preso no mesmo dia do crime, horas após o fato. Ele confessou o crime em um dos primeiros depoimentos. Nas oitivas seguintes, mudou a versão afirmando ter sido forçado por policiais a confessar a ação. Atualmente, o acusado sustenta já ter se deparado com a esposa morta e ensanguentada no dia das mortes.
Em agosto de 2019, o STJ concedeu a Marcelo liberdade mediante cumprimento de medidas cautelares — decisão que persiste até hoje. Ele estava preso desde agosto de 2015.
A defesa do empresário Marcelo Barberena, pediu adiamento do julgamento do réu acusado do crime. A juíza Bruna dos Santos Costa Rodrigues, titular da Vara Única de Paracuru, negou o pedido e o júri iniciou com uma hora de atraso, na Câmara Municipal de Paracuru, ao lado do Fórum.
A alegativa do advogado Nestor Santiago é de que houve tortura no primeiro depoimento do empresário, em que ele confessou o crime. Ele pede também que o julgamento ocorra em outra localidade, diante do clamor público que o caso gerou. E reclama também da falta de publicidade e pede que o julgamento seja transmitido pela internet.
Leandro Vasques, assistente de acusação, defende que a defesa faz um “contorcionismo jurídico buscando adiar o julgamento, numa derradeira tentativa”. Na ótica dele, a defesa “conseguiu conquistar a antipatia do conselho de sentença, que ainda nem foi formado”, diz. Ele diz que, em 25 anos de trabalho, nunca viu advogados fazendo o pedido de desaforamento na sessão do júri. “Esse pedido é feito diante do Tribunal de Justiça e não para a juíza local”. (Com informações do repórter Lucas Barbosa)