Dois idosos de 71 e 81 anos são presos por estupro em Fortaleza durante operação internacional contra crimes sexuais
O terceiro alvo da operação já estava em um presídio na Região Metropolitana. Além de dez estados brasileiros, polícias da Argentina, Estados Unidos, Paraguai e Panamá estão cumprindo, simultaneamente, mandados de busca e apreensão
08:18 | Nov. 06, 2020
Dois homens, de 71 e 81 anos, foram presos por crimes de estupro de vulnerável nesta sexta-feira, 6, em Fortaleza na sétima fase da Operação Luz na Infância, que cumpre mandados de prisão e de busca e apreensão contra acusados de crimes de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes praticados na internet. As prisões foram realizadas nos bairros Henrique Jorge e Jangurussu, com mandados de prisão preventiva. Um terceiro homem que teve mandado de prisão expedido por crime de pedofilia já se encontrava no sistema prisional do Estado. A idade das vítimas não foi revelada.
Um dos homens idosos já tinha condenação pelo mesmo tipo de crime, mas estava respondendo em liberdade. Agentes da Polícia Civil do Estado do Ceará estiveram na Capital e em Maracanaú. A força-tarefa envolve dez estados brasileiros e outros quatro países: Argentina, Estados Unidos, Paraguai e Panamá. No Ceará, os mandados da operação, coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MSP), partiram de provas identificadas pela Polícia Civil, como elementos informativos coletados em ambientes virtuais que indicam que os suspeitos eram autores ou armazenavam conteúdos de exploração sexual envolvendo crianças.
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A delegada Rena Gomes, diretora do Departamento de Polícia Judiciária de Proteção aos Grupos Vulneráveis, da Polícia Civil, destaca, além da operação, a importância de combater de forma efetiva esses crimes praticados contra crianças e adolescentes. "São crimes bastante graves que têm variação entre 1 e 8 anos de prisão", informa. A operação tem um objeto mais específico que é o de combater a exploração sexual dentro das redes sociais e, de acordo com a delegada, é essencial o cuidado com o compartilhamento na Internet.
Diversos equipamentos eletrônicos com conteúdo de exploração sexual contra crianças foram apreendidos. No Brasil, a pena para quem armazena esse tipo de conteúdo varia de 1 a 4 anos de prisão; de 3 a 6 anos pelo compartilhamento; e de 4 a 8 anos de prisão pela produção de conteúdo relacionado aos crimes de exploração sexual.
A ação desencadeada é decorrente de cooperação mútua entre a Diretoria de Operações da Secretaria de Operações Integradas do MJSP e conta com a colaboração da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, por meio da Adidância da Polícia de Imigração e Alfândega em Brasília (Homeland Security Investigations -HSI).
Nas outras seis fases da operação Luz na Infância, no Ceará, 23 pessoas foram presas. A primeira fase aconteceu em outubro de 2017, a segunda em maio de 2018; a terceira, em novembro de 2018, as quarta e quinta fases em março e setembro de 2019, respectivamente. Já a sexta fase ocorreu em fevereiro deste ano.
Marcos Rattacaso, delegado geral da Polícia Civil, lembra que, com a pandemia, muitas crianças e adolescentes deixaram de comparecer à escola e uma das formas que os pais encontraram para fazer com que elas se entretenham durante esse período é relaxar com a fiscalização do uso da internet. "É muito importante que haja uma atenção especial dos pais ou cuidadores com o acesso das redes sociais. Temos o conhecimento de que os pedófilos usam de engenharia social, que é aquela história bonita, usam fotos de pessoas da mesma idade (da criança) e induzem as crianças a práticas diversas", alerta. É importante, ainda de acordo com o delegado geral, que aconteça um supervisionamento rigoroso das redes sociais.
"Os crimes sexuais são geralmente praticados sem testemunhas, uma área que normalmente não há câmeras e arrebata a vítima a um terreno baldio ou outro canto e pratica o crime sem testemunhas", avisa. A vítima, principalmente quando se trata de uma criança ou adolescente, se sente envergonhada. "Se não houver o apoio familiar, o crime fica sem apuração", reforça. (Colaborou Laís Oliveira)