Campanha Natal Sem Fome 2020 pretende arrecadar mais de 36 toneladas de alimentos no Ceará

No ano passado, a iniciativa beneficiou aproximadamente 1.700 famílias e mais de 40 instituições cearenses

18:42 | Out. 16, 2020

Por: Matheus Facundo
Ao todo, 46,9% dos domicílios do Ceará registraram algum grau de insegurança alimentar em 2017-1018 (foto: Divulgação)

Anualmente promovida desde 1993, a Campanha Natal Sem Fome 2020 tem um sentimento diferente neste ano. Por conta da crise socioeconômica agravada pela pandemia do novo coronavírus, a insegurança alimentar entre os mais pobres do País se agrava e ameaça milhares. A iniciativa, que será lançada no Ceará e em vários estados neste domingo, 18, visa sensibilizar a população para doar alimentos e dinheiro para compra de cestas básicas.

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A partir das 8 horas do domingo, o Aterrinho da Praia de Iracema, em frente à Estátua Iracema Guardiã recebe ação de lançamento da campanha com faixas de dizeres Natal sem Fome e conscientização de pessoas sobre a problemática. A meta de arrecadação para o Ceará neste ano é de 36,7 toneladas de alimentos. Doações de gêneros não perecíveis ficam disponíveis até o dia 18 de dezembro presencialmente na sede do Instituto Nordeste Cidadania (Inec), na av. Dr. Silas Munguba, 3.500, bairro Itaperi.

Interessados em doar, seja individualmente, em grupo ou empresas, devem acessar o site do Natal sem Fome ou o site do Inec, na seção da campanha. No ano passado, foram arrecadados 941.706 quilos de alimentos nacionalmente. À época, o Ceará beneficiou aproximadamente 1.700 famílias e mais de 40 instituições. Para o Inec, que atua em toda a região Nordeste e norte de Minas Gerais e Espírito Santo, a meta de 2020 é arrecadar 120 toneladas.

Para além da arrecadação, o objetivo da edição 2020 da iniciativa é conscientizar e orientar a sociedade sobre o direito à segurança alimentar e nutricional e à uma alimentação saudável. No Ceará a campanha conta com a parceria da Ticket, Camed Corretora, Defesa Civil do Ceará, Movimento ODS Ceará e Conselhos de Segurança Alimentar e Nutricional (Conseas) do Ceará e de Fortaleza.

Fome no Ceará

Em números absolutos, o Ceará é o sétimo estado do Brasil com mais domicílios em situação de insegurança alimentar, totalizando 1,3 milhão. O primeiro lugar é de São Paulo com 4,8 milhões de famílias nessa situação. Essa condição ocorre quando existe incerteza sobre o acesso regular e permanente a alimentos de qualidade. As informações estão na “Análise da segurança alimentar no Brasil” da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e foram publicadas no dia 17 de setembro.

A análise estimou 2,83 milhões de famílias no Estado. Desse total, 1,5 milhão tiveram acesso à alimentação adequada no período considerado. Segundo o IBGE, 27,8% dos domicílios cearenses apresentaram insegurança alimentar leve (786 mil), 12,9% moderada (365 mil) e 6,2% grave (175 mil).

Ainda conforme a pesquisa, o Estado possui 53,1% famílias em situação de segurança alimentar, isto é, quando há acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, e sem comprometer outras necessidades essenciais. Nesse índice, o Ceará é o terceiro do Nordeste, ficando atrás da Bahia (54,75%) e do Piauí (54%), mas superando a média regional de 49,7%.

Insegurança alimentar

Com a pandemia da Covid-19, 132 milhões de pessoas no mundo devem ser lançadas para a situação de fome crônica até o fim do ano. A projeção é do Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo 2020 (SOFI), relatório anual sobre a fome no mundo desenvolvido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Conforme o estudo, em 2019, quase 8,9% da população mundial passou fome, o que significa 690 milhões de pessoas, com um total de 47,7 milhões morando na América Latina e no Caribe. O número total é 10 milhões maior que 2018. A situação deixa o Brasil na iminência de voltar para o Mapa da Fome, relação de nações que possuem mais de 5% de sua população em insegurança alimentar grave. O País deixou a lista em 2014.

Pesquisa divulgada pelo IBGE, indica que mais de 80 milhões de brasileiros vivem em algum grau de insegurança alimentar. Mais da metade destes domicílios são chefiados por mulheres. O levantamento aponta ainda que os lares chefiados por pessoas negras e do sexo feminino são os que passam mais fome e que mais da metade de domicílios do Norte e Nordeste estão em insegurança alimentar.

"No Brasil, de 2016 a 2019, a população afetada pela insegurança alimentar moderada e aguda aumentou de 37,5 milhões para 43,1 milhões, ainda segundo o relatório. Contudo, esses números ainda não consideram os impactos socioeconômicos da crise do novo coronavírus, o que pode torná-los ainda mais alarmantes", aponta texto divulgado pelo Instituto Nordeste Cidadania.

O SOFI alerta também para o risco do mundo não atingir mais o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) número 2 da Agenda 2030, referente à fome zero, compromisso que foi assumido por diversos países na 70ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro de 2015. "O segundo ODS propõe acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável. Porém, os números atuais mostram que esse objetivo está ainda mais distante de acontecer", diz o Inec.

Serviço 

Lançamento da Campanha Natal sem Fome 2020
Data: 18 de outubro de 2020 (domingo)
Local: Aterrinho da Praia de Iracema - Estátua Iracema Guardiã
Horário: das 8 às 10 horas
Informações: www.inec.org.br / (85) 3209.9237 e 99191.0233 (Comunicação do Inec)

Pontos de arrecadação

Sede do Inec (Av. Dr. Silas Munguba, 3500 - Itaperi. Fone: 85 3209.9237 / Whatsapp: 85 99129-5332)