Ceará registra primeiro caso de "sementes misteriosas" vindo da China
A informação foi confirmada pela Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri) nesta quinta-feira, 1º, após uma moradora do município de Pacajus procurar a entidade para relatar o caso
22:08 | Out. 01, 2020
O Ceará se tornou o nono estado brasileiro a confirmar oficialmente registros de recebimento de pacotes de "sementes misteriosos” em encomendas de origem chinesa. A informação foi confirmada pela Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri) nesta quinta-feira, 1º, após o relato de uma moradora do município de Pacajus procurar a entidade nessa terça-feira, 29.
Os pacotes de sementes não foram encomendadas pelas pessoas que os receberam e por isso são consideradas clandestinas. No caso de Pacajus, o material foi recolhido pela Adagri e será submetido para análise técnica em um laboratório credenciado pela Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Ceará (SFA-CE).
A moradora de Pacajus que recebeu as sementes afirmou à Adagri que sequer havia solicitado uma encomenda de origem asiática. Nos outros oito estados brasileiros onde as sementes também foram entregues, relatos semelhantes têm se multiplicado desde o início de setembro. O primeiro caso registrado foi em Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, e até a terça-feira, 29, segundo balanço do Ministério da Agricultura, o Brasil havia registrado 36 ocorrências do gênero.
A China se pronunciou oficialmente sobre o caso também nesta quinta-feira, 1º, afirmando ter instaurado uma investigação sobre o envio das sementes, por suspeitas de que as embalagens enviadas sejam um esquema de fraude e falsificação. Casos como esses já foram registrados em países como Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e Japão nos meses de julho e agosto deste ano.
PREVENÇÃO DE RISCOS SANITÁRIOS
Com a crescente no número de relatos no país, a Adagri orienta a população a não abrir o envelope das sementes em hipótese alguma. Descartar em lixo comum ou mesmo plantar as sementes também são ações não recomendadas devido um possível risco sanitário para os envolvidos e para a comunidade na qual eles vivem.
A presidente da Adagri, Vilma Pereira, pontuou em entrevista ao O POVO que as ações fazem parte de uma política cautelar. “Por não existir nenhuma comprovação científica do que realmente é, estamos tratando exatamente desse jeito, como algo ‘misterioso’ e assumindo medidas de de prevenção e seguindo as determinações nacionais em casos como esses”, esclareceu.
Ela garantiu que ainda não há nenhuma evidência que leve a crer que as embalagens representam riscos à saúde, mas frisou que é necessário cautela. Por não haver ainda comprovação do que realmente são as sementes e quais suas origens, segundo a titular da entidade, não há como afirmar se os pacotes estão livres de doenças ou mesmo pragas agrícolas.
Além dos eventuais riscos diretos à saúde, a engenheira agrônoma Conceição Sobrinha pontua que a introdução de sementes desconhecidas no Brasil pode comprometer as safras produzidas nacionalmente, “provocando o aumento da demanda de uso de agrotóxico, a elevação dos custos de produção e consequentemente os preços dos alimentos para o consumidor”, conforme explicou ao divulgar o alerta.
RECEBI AS SEMENTES, O QUE DEVO FAZER ?
A Adagri orienta que o destinatário ao receber esse tipo de material sem ter solicitado, principalmente de origem desconhecida, acione de imediato a entidade por meio do telefone (85) 3101.2500. Em casos como esses, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Ceará (Mapa) também pode ser acionado por meio do telefone (85) 3455 9201 ou ainda a secretaria da Agricultura de cada município.