Inclusão digital no ensino remoto da rede pública do Ceará custaria até R$ 300 milhões

O levantamento foi apresentado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), nessa quarta-feira, 2

Para garantir a inclusão digital no ensino remoto da rede pública, por meio da distribuição de chips e de aparelhos tecnológicos aos alunos, o Governo do Ceará precisaria desembolsar um valor estimado de até R$ 300 milhões. O levantamento foi apresentado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), nesta quarta-feira, 2, e utiliza como base dados de 2018 levantados por órgãos como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Realizado a nível nacional, o balanço apontou que, há dois anos, cerca de 60 milhões de estudantes brasileiros de instituições públicas não tinham condições técnicas de acompanhar aulas por meio remoto. Junto ao Maranhão, o Ceará aparecia como terceiro na lista de estados com o maior número de alunos sem acesso à internet em banda larga ou 3G/4G à época, ficando acima apenas da Bahia e do Pará.

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Considerando esses dados, Ipea realizou estimativa de custos por estado para saber quanto cada  precisaria arcar para promover uma "igualdade" digital nessa forma de ensino — que foi ampliada com a pandemia do novo coronavírus. Foram adicionados custos com aquisição de tablets, chips, kit com conversor digital, entre outros, sem levar em conta o gasto com a distribuição.

Nessa análise, o Ceará foi um dos estados considerados de "custo alto", faixa em que estados precisariam gastar de R$ 160 milhões a R$ 300 milhões com medidas tecnológicas. Estudo ainda apontou que cerca de 25 mil estudantes cearenses da rede pública precisariam receber material impresso em casa, pois não disponibilizariam de meios para manuseio de aparelhos tecnológicos.

Governo analisa retomada do ensino

Desde o início da pandemia no Ceará, em março deste ano, a rede pública de ensino do Estado vem utilizando de meio remoto para dar seguimento ao semestre letivo. Representantes de professores municipais e estaduais vêm apoiando a continuidade dessa forma de ensino, realizando campanhas em busca da inclusão digital da famílias de baixa renda.

De acordo com nota da Secretaria da Educação do Estado (Seduc), a pasta vem utilizando de "diversas possibilidades para evitar prejuízos ao processo de ensino e aprendizagem". Uma delas foi a parceria firmada com o Programa Vamos Aprender, que oferece teleaulas voltadas a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio.

A Seduc ainda informou que "cada escola organiza as aulas para seus alunos, em conjunto com seus coordenadores e professores". O conteúdo é distribuído aos estudantes por meio de "tecnologias, material impresso, rádio ou TV".

A continuidade dessa forma de ensino, no entanto, ainda segue em análise. Conforme assessoria do Governo do Estado disse ao O POVO, o Comitê da Saúde está avaliando as possibilidades de retorno presencial para a educação pública, dias após a educação privada infantil ser retomada presencialmente.

Balanço nacional

Quando analisados a nível nacional, os dados apontam que cerca de 60 milhões dos estudantes brasileiros matriculados na rede pública de ensino não tinham acesso a internet banda larga ou 3G/4G em 2018. Desses, apenas 2,6 milhões tinham ainda um sinal de rede móvel celular em seus domicílios.

Se avaliado por faixa escolar, o ensino fundamental foi o que apresentou o maior número de alunos com esse problema. Das 27,2 milhões de crianças matrículas em todo o Brasil nesse período, de 4,3 a 4,4 milhões delas não dispunham de acesso domiciliar à internet em banda larga ou 3G/4G.

Ao todo, de aproximadamente 39,5 milhões de crianças e adolescentes na fase de escolarização obrigatória que frequentavam escolas no período, cerca de 5,9 milhões não tinham condições tecnológicas para o ensino remoto.


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