Professores municipais aprovam indicativo de greve caso aulas presenciais retornem em Fortaleza

Medida é tomada após Governo liberar retorno presencial em creches e em instituições da educação infantil privada

23:16 | Set. 01, 2020

Por: Gabriela Almeida
Docentes apoiam a continuação do ensino remoto (foto: Barbara Moira)

O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Ceará (Sindiute) aprovou, nessa segunda-feira, 31, indicativo de greve dos professores municipais caso aulas presenciais retornem em Fortaleza. A medida foi aprovada durante votação em assembleia, após Governo acenar para um possível retorno ao liberar, entre outros, a atividade presencial em creches e em instituições da educação infantil privada.

Durante assembleia, os docentes manifestaram apoio à continuação do ensino remoto e a realização de campanhas de inclusão digital de alunos e professores. Caso aulas da rede municipal sejam liberadas para retorno presencial, assim como foi no ensino infantil privado, categoria decidiu que paralisaria atividades em protesto.

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Em discussão obtida pelo O POVO, docentes municipais comentaram que alguns professores da escola privada temem por desemprego e que, por isso, apoiaram a "pressão que as instituições particulares realizaram sobre o Governo" para que aulas retornassem presencialmente. O apoio também seria dado por "pais que precisam trabalhar e pagam alguém para ficar com seus filhos".

No inicio de agosto, o governador do Estado, Camilo Santana, anunciou que escolas públicas e privadas serão "obrigadas a oferecer tanto o ensino presencial como o ensino remoto”, cabendo aos pais decidirem de que forma filhos estudariam.

Em relação a essa medida, os docentes municipais chegaram a pontuar que não tinham equipamentos suficientes para trabalharem dessa maneira, uma vez que seria necessário gravar aulas para aqueles que optaram por ficar em casa. "Eles (escola privada) têm aparelhagem para isso, e nós?", chegou a questionar um dos professores.

Outro ponto discutido foi quanto à forma de atividades que retornariam em 2021. Em votação, foi apoiado um retorno progressivo dos alunos, desde que todos os discentes fossem submetidos a testes, assim como os funcionários.

Forma de garantir a segurança

Juliana Vidal, professora do município que atua como representante escolar no Sindiute, pontua que aulas remotas já acontecem há praticamente um semestre na rede de ensino municipal, garantindo ainda que método "está funcionando". A docente, que leciona para o segundo ano do fundamental, diz que retomada presencial coloca em risco à saúde de professores e alunos.

Para justificar posicionamento, Vidal dá como exemplo o comportamento dos alunos do infantil. Segundo a docente, as crianças não teriam cuidado quanto ao distanciamento social e ao uso de máscaras - ações de extrema importância para evitar a disseminação do novo coronavírus.

"Se é difícil para os adultos, imagina então como é para as crianças? Está dando certo, então por que a gente não pode continuar e retornar só em 2021? Após sair a vacina ou com a diminuição mais significativa dos casos?, questiona Juliana.

Possibilidade em análise

Procurada pelo O POVO, a Secretaria da Educação (Seduc) afirmou que está finalizando o Plano de Retomada das Atividades Presenciais na rede pública estadual de ensino, garantindo que "analisa todas as possibilidades que se mostrarem viáveis e que ofereçam oportunidades para evitar prejuízos ao processo de ensino e aprendizagem".

De acordo com órgão, a retomada presencial só acontecerá caso decreto governamental libere, sendo tomada " todas as providências para o retorno". Quando isso acontecer, a volta deve ainda ser guiada por orientações da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa). 

Quando questionado sobre a possibilidade de um novo decreto determinar o retorno presencial das escolas municipais, como temem docentes, a assessoria do Governo informou que "tudo ainda está sendo discutido". A situação, segundo órgão, segue sendo avaliada pelo Comitê de Saúde.